Os estados emocionais de um organismo podem regular seu comportamento, isso sabemos bem na prática, não é? E requerem um monte de estruturas conectadas e mandando mensagens umas as outras no nosso sistema nervoso.

Hoje, mais uma pecinha foi adicionada nisso! Vem de #neurofio!
Começando pelo começo: a parte do sistema nervoso central que está dentro da nossa cabela, chamarei de encéfalo aqui! O cérebro é uma parte específica do encéfalo (primeiro mind-blowing hehe), fica aqui a informação ;)
Os estados emocionais modulam muito do nosso comportamento - e digo mais, da nossa própria percepção da realidade.

Dependendo de seu estado, um animal se concentrará em evitar ameaças, em busca de comida ou em interações sociais, e exibirá o repertório comportamental apropriado
E, pensando em outros contextos, esses estados são super importantes para sobrevivência, reprodução e na nossa própria capacidade de nos *adaptar* a mudanças.

Entender os mecanismos envolvidos nos dá pistas para entender quando isso não funciona como o esperado, inclusive
Os humanos são inerentemente sociais. Uma grande proporção do encéfalo humano está envolvida na interação social e na compreensão de outras pessoas. As regiões que estão envolvidas na cognição social são coletivamente chamadas de "encéfalo social"

nature.com/articles/nrn23…
Existem muitas desordens psiquiátricas e transtornos do neurodesenvolvimento que tem, em sua caracterização, prejuízos no comportamento social, por exemplo, e conhecer como essas regiões do encéfalo estão envolvidas nisso pode nos dar pistas para intervenções
Um artigo publicado ontem demonstrou que esses comportamentos podem ser modificados de acordo com esses estados fruto da atividade de grupos de neurônios específicos em uma estrutura pequenina chamada Amígdala

nature.com/articles/s4158…
A amígdala (não confundir com a amídala haha) é uma região muito pequenininha que fica nos dois lados (hemisférios) do encéfalo. Ela é bem estudada no contexto de comportamentos aversivos, medo, mas tem um papel super relevante no comportamento social!
As descobertas podem ajudar a entender como o padrão de atividade de grupos de neurônios define um estado geral do encéfalo e como isso influencia o comportamento - incluindo o social e outros que são prejudicados em condições neuropsiquiátricas, como autismo e ansiedade social
A modulação desses estados interfere diretamente nos comportamentos. Por exemplo, um rato faminto se moverá e procurará comida, enquanto um ansioso ficará paralisado ou apenas explorará o ambiente ao redor com certa hesitação,
Mas como se analisar isso tudo?

Nesse estudo, os pesquisadores gravaram vídeos dos encontros sociais dos camundongos e desenvolveram um algoritmo que caracterizou o comportamento dos animais com base em seu rastreamento de vídeo
Paralelamente a esses comportamentos, os pesquisadores monitoraram a atividade de um grupo de cerca de 100 neurônios da amígdala.
Olha que massa: uma população de neurônios estava ativa apenas quando os camundongos se engajaram em um comportamento social - não importa se eles interagiram pacificamente ou tentaram evitar o outro animal.
Um segundo grupo de neurônios na amígdala tornou-se ativo quando os camundongos mudaram para a auto-limpeza ou outros comportamentos não sociais.
Após, a equipe colocou o camundongo sozinho em uma câmara com um objeto, para olhar o padrão de ativação dos neurônios enquanto ele explorava a câmara ou objeto ou fazia comportamentos não exploratórios
Eles descobriram que os neurônios que se ativavam à medida que o rato solitário explorava o ambiente não eram os mesmos que os ativos quando o animal interagia com outro rato!

Pensem numa regulação FINA!
Quando dois camundongos estavam na mesma câmara, sua atenção estava focada principalmente no estranho: embora os roedores explorem seus arredores, mas muito da atenção era focada no colega desconhecido.
Nessas condições, os pesquisadores observaram que os neurônios da amígdala codificam preferencialmente para interação social em vez de exploração espacial.
Segundo os pesquisadores, “A principal prioridade é o outro animal, provavelmente porque pode ser uma ameaça ou um parceiro em potencial”.

Ou seja, o sinal de engajamento social cobre tanto a evitação quanto a abordagem
Para os próximos passos, os pesquisadores vão buscar entender como esses sinais são transmitidos pro encéfalo, e como a modulação desses neurônios na amígdala poderia afetar os comportamentos.
As aplicabilidades dessa pesquisa? Muitas! Entender como o encéfalo alterna entre os estados pode ajudar a descobrir o que está errado em alguns transtornos e aidentificar estratégias potenciais focadas nas alterações comportamentais :)

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5 Mar
Atualizações sobre o soro hiperimune estudado pelo @butantanoficial : O instituto pediu a autorização para o início dos estudos clínicos, em humanos para a @anvisa_oficial !

cnnbrasil.com.br/saude/2021/03/…
O soro hiperimune é uma estratégia que vem sendo usada para vários fins. Um deles, por exemplo, é a produção de soro antiofídico! A partir da inoculação de um antígeno, o organismo produz uma quantidade grande de anticorpos (AC) que é obtida para uso em pacientes humanos.
Após 70 dias, o plasma do cavalo exibe anticorpos neutralizantes 20 a 100 vezes mais abundantes contra o novo coronavírus do que o plasma de pacientes convalescentes com COVID-19

agenciabrasil.ebc.com.br/en/saude/notic…
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4 Mar
Minha coluna na @fontebr_ trazendo uma questão interessante e bastante pertinente sobre a adaptação ao medo, especialmente durante a pandemia.

Acompanha o fio abaixo com alguns pontos da coluna 👇
Medo é uma palavra de destaque aqui. O início nos assustou, mas achávamos que logo iria passar. Com o tempo, e a situação se estendendo por semanas a meses, a população que acordava chocada com as primeiras notícias do dia relatando o impacto da pandemia na Europa,
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4 Mar
A Novartis, farmacêutica suíça, anunciou que ajudará a produzir a vacina candidata da Curevac, a CVnCoV, que é de RNA mensageiro!

Mas o que é a Curevac? Vou te contar um pouquinho nesse fio!
A CVnCoV, ou a vacina da Curevac, é uma vacina baseada na tecnologia de RNA mensageiro, ou seja, é como se nessa fita de RNA tivesse um manual de instruções para a produção da proteína spike pela célula, para instruir o sistema imunológico a reconhecê-la
Vou deixar uma explicação aqui da @dogarrett no @rodaviva sobre como vacinas de RNA mensageiro funcionam:

A CVnCoVé uma vacina de RNA mensageiro baseada na proteína S encapsulada em nanopartículas lipídicas (LNP)
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3 Mar
Por nota a imprensa, o Inst. Bharat Biotech anunciou que a Covaxin teria eficácia de 81%, em uma análise interina inicial feita com 43 eventos, dos quais 7 estavam no grupo que recebeu a vacina.

A análise final contará com 130 eventos.

bharatbiotech.com/images/press/c…
Segundo a nota do próprio instituto, os dados foram obtidos a partir da participação de 25.800 pessoas, metade recebendo o placebo, metade a vacina.

A análise inicial dos 43 aponta uma eficácia de 81% naqueles sem infecção anterior após tomar a 2ª dose do imunizante
A vacina é de vírus inativado (tecnologia também utilizada na Sinovac e na Sinopharm, por exemplo)

Imagem: g1.globo.com/bemestar/vacin…
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2 Mar
Ontem eu publiquei um fio compilando o que sabemos sobre a P.1, em especial, considerando o contexto das vacinas. Temos dados de ação neutralizante (Pfizer, Moderna, Sinopharm) e análises de eficácia (JJ e Novavax).

Mas e as células?

Vem comigo ver esse preprint!
Read 23 tweets
2 Mar
O QUE SABEMOS SOBRE A VARIANTE P.1?

Fio reunindo alguns fios que fiz sobre o assunto, também elencando os (poucos) dados que temos sobre as vacinas da COVID-19 e essa variante!

[Fio que vai ir sendo atualizado]

Vamos dar uma olhada?
Começando pelo começo: como surgiu essa questão da P.1?

Nesse fio, faço o retrospecto temporal dos acontecimentos de sua "descoberta":
Para quem quiser alguns dados sobre a B.1.1.7 e B.1.351:
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