Esse gráfico diz muito. Quando a gente se pergunta, afinal, quem ainda apoia o Bolsonaro, olhem para isso.

Esqueçam os perfis sócio-econômicos, o recorte religioso, as declarações do Luciano Huck. Vejam isso:

A bolsa despenca quando sabe que Lula vai se tornar elegível.
Significa que o atual presidente, responsável por 10 mil mortes na última semana, corre o risco de não ser reeleito.

Quando tivemos 1.910 mortos num dia, sabem como foi a Ibovespa? Ela subiu vertiginosamente:
Em tese, foi porque o Congresso anunciou que o Bolsa Família entraria no teto de gastos.

Mas na prática, 1.910 mortos não abalaram a confiança dos investidores de que era possível lucrar no Brasil.
Assim, quando vocês quiserem saber quem sustenta Bolsonaro, olhem para a bolsa. Desemprego, crise econômica, inflação, 260 mil mortos...isso tudo ainda permite os investidores acreditarem que é possível lucrar no Brasil.

E a morte e o fascismo só reforçam essa confiança.
A @Oresto18 lembrou bem: sequer dá pra dizer que despencou já que o próprio registro do mês mostra algo bem pior para os investidores (a nomeação do milico na Petrobrás):

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8 Mar
Crítica à Razão Negra é um dos livros mais difíceis que já li. O grau de erudição e os problemas que ele levanta tão muito além do que consigo alcançar numa leitura sem método.
Ainda assim, li o livro e usei ele para um concurso cujo um dos pontos era Iluminismo. O capítulo 1 é todo focado no "vazio" da intelectualidade ocidental ao lidar com os negros no século XVIII e XIX. Era um bom contraponto a uma história eurocêntrica do iluminismo.
Necropolítica, que achei um livro mais palatável na leitura, reatualiza Foucault e como eu conheço mais o careca, não achei tão difícil. Reatualizar a ideia de governamentalidade para fora do Estado-nação europeu é um argumento poderoso.
Read 8 tweets
21 Feb
O fantástico caso do intelectual que pede rigor conceitual para "neoliberalismo", mas que acha que pode usar o conceito de "populismo" para Chavez, Putin, Bolsonaro, Jango e Trump. 🤷
Dada a desonestidade em alguns retweets, uma explicação: "populismo" e "neoliberalismo" são conceitos com valor heurístico em seus campos de estudo. Ou seja, eles possuem poder explicativo desde que situando e situados por ou um balanço bibliográfico, ou por um estudo empírico.
O problema aí é que para algumas pessoas, o uso de um desses conceitos pode extrapolar os limites do campo e virar moeda de troca simbólica no cotidiano e o outro não.

Interditar neoliberalismo porque queremos rigor conceitual, mas usar populismo como moeda de troca é seletivo.
Read 5 tweets
21 Feb
A simplificação neoliberalismo = menos Estado é grosseira e não resolve nada.

O neoliberalismo de Pinochet não enxugou gastos militares. E precisa ser muito tacanho para achar que o custo de manter a repressão nos cascos não é pensado como investimento econômico.
Se pensar Pinochet, Reagan e Thatcher, ninguém ali enxugou a capacidade repressiva dos seus países. Aliás, me pergunto sobre a correlação entre desregulamentação financeira e o crescimento dos gastos militares.
Para Reagan, com certeza isso aconteceu. Pinochet nem preciso dizer. Thatcher é minha dúvida. Mas não duvido...

Ideólogos neoliberais sequer questionam que enquanto pedem menos Estado, se calam diante dos abusos de militares e policiais.
Read 7 tweets
7 Feb
Fio-resenha de domingo:

"Tea War: A History of capitalism in India and China", de Andrew Liu, é um daqueles livros difíceis de largar. Ele te ganha pela tese: e se o capitalismo não se explicar pelas relações capitalistas de produção?
A dúvida que ele planta é por meio do chá, o maior produto de exportação da economia chinesa no século XVIII, quando a Inglaterra ainda pagava toneladas de prata para garantir o chá com bolachas da corte.
Aliás, não só da corte. A Revolução Industrial não seria a mesma sem as drogas não-europeias. Chá, café, açúcar, tabaco...todos eles estimulantes que foram incorporados na dieta dos operários britânicos.

O chá também virou a bebida oficial do operariado industrial.
Read 25 tweets
6 Feb
Ouvindo de novo "Convoque seu Buda" (2014) do Criolo.

Como esse álbum envelheceu bem!!!

É uma pancada atrás da outra e, ouvindo agora, antecipando uns troços que eu não tava vendo com tanta clareza na época.
Tem coisas ali que são maravilhosas. Inclusive um sambinha sobre greve que é uma delícia - uma das favoritas de Tupaquinho.

Mas o que me chama atenção é isso, como ele antecipa coisas que estamos falando hoje.
O mais impressionante para mim é como ele cria um retrato complexo da periferia, que não cai nem na dádiva do consumo, mas nem na cegueira religiosa.

Tem mais agência do povão ali do que muito trabalho acadêmico.
Read 5 tweets
1 Feb
O Amartya Sen tem uma tese batida, mas sempre atual: há muito mais chance de ter fome onde não tem democracia.

Isso porque, um regime democrático funcional pressupõe que as pessoas são livres para protestar contra a fome.
Se a democracia vai mal das pernas, a fome vem e se estabelece, os líderes políticos não prestam contas ao povo, a imprensa normaliza a carestia...

A fome no Brasil foi um grande projeto de oligarquias e militares. Grupos que Bolsonaro representa.
Pensar na fome como projeto é entender que um tal grau de espoliação só é possível quando não se concebe projeto civilizatório algum de nação, de democracia liberal, nada.

É isso que envolve o fim do auxílio emergencial, a redução de beneficiários do Bolsa Família, ...
Read 5 tweets

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