Hoje sai o resultado do Copom. Curso normal é alta de 0,5 pp, elevando a Selic de 2,0% para 2,5%.
Parte disso pra conter a inflação, mas parte para atrair mais dólares e apreciar o Real.
Muitos podem não ver custo disso no dia a dia, mas é grande. Mais de um Bolsa família.
O estoque atual do endividamento público é de R$ 6,7 trilhões, segundo o Banco Central.
Parte disso é indexada à Selic. Isso significa que alterações na Selic interferem no custo de carregamento da dívida.
Mas qual o tamanho do impacto? A Tendências consultoria calculou.
Atualmente, com a taxa aos 2% ao ano, o custo da dívida corresponde a R$ 66,2 bilhões.
Caso a Selic suba para 5,0% como projetam alguns Bancos (Itaú), o custo de carregamento da dívida pode subir para 165,4 bilhões. Ou seja, um aumento de R$ 99,2 bilhões.
O cálculo considera o efeito anualizado do impacto da alta em 12 meses (até março de 2022). E claro, há algumas simplificações na conta.
Mas só para se ter uma ideia, o Bolsa-Família custa R$ ~32 bilhões ao ano. Ou seja, esse aumento de R$ 99 bilhões é ~3x o gasto anual do BF.
Mas não é por isso que não se deve aumentar os juros.
Uma vez que o BC não pode ser leniente com a inflação, do ponto de vista de Política Monetária, essa alta se faz necessária para manter o poder de compra da moeda depois do aumento de gastos pós Covid.
Meu ponto é outro.
O problema é que parte dessa alta se deve para diminuir o diferencial da taxa de juros com economias desenvolvidas (tipo Estados Unidos).
Os juros aqui precisam ser maiores para compensar investir em títulos de uma economia emergente. E essa diferença estava pequena.
A pergunta é: por que o câmbio subiu dessa forma de R$ 4,40 para 5,70?
Em partes pela falta de compromisso fiscal do país. Em parte pela instabilidade política. Em partes pela falta de compromisso com as reformas que mostraria um país mais maduro e amigável aos negócios.
Toda vez que o governo gera uma instabilidade política, os investidores saem e o Real Deprecia. Cada entrevista irresponsável custa sim aos brasileiros.
Toda vez que alguém do congresso ou do governo sinaliza que quer furar o teto de gastos, os investidor sai e o real deprecia.
Ou seja, parte dessa alta é para conter a desvalorização do Real que, em muitos casos, é gerada apenas por má sinalização.
Tivesse o governo e o Congresso sinalizando compromisso com as reformas, responsabilidade fiscal, certamente o câmbio seria outro e os juros subiriam menos.
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A anulação das acusações de Lula na Lava-Jato aumentou a polarização por um possível governo de esquerda.
O que fica evidente pra mim, na verdade, é que existem 2 Brasis. E não é Esquerda e Direita.
É o BRASIL DOS PRIVILÉGIOS vs o BRASIL DOS COMUNS. A Casa Grande e a Senzala.
E esse problema não vem de agora com Lula ou a Família Bolsonaro.
O termo tem até nome "homem cordial" criado por Sergio Buarque de Holanda que mostra as "Raízes do Brasil".
Nesse estado patrimonialista, a elite se junta para tirar proveitos privados daquilo que é público.
Lula foi o beneficiado da vez. Ontem foi Eduardo Bolsonaro que teve sua quebra de sigilo bancária anulada pelo STF. Flávio Bolsonaro teve o caso Queiroz arquivado por Gilmar Mendes.
Enquanto a lei vale pra alguns, pra outros tudo tem jeito. E aí todos querem ingresso pra festa.
Bolsonaro aumentou imposto de banco para reduzir o do diesel e gás de cozinha.
Tem gente que acha isso bom. Tem gente que acha que dá na mesma.
Vou dizer o porquê isso não é bom, nem indiferente. Na verdade é ruim!
A decisão de zerar o PIS/Cofins sobre o diesel e gás de cozinha foi uma reação às críticas dos caminhoneiros sobre o aumento no preço dos combustíveis.
A decisão de aumentar impostos sobre bancos foi para cumpri a Lei de Responsabilidade Fiscal e equilibrar as receitas. Sedutor!
Vamos lá. Vocês acham que com essas regras novas, o país ficou mais simples ou mais atrapalhado?
Sem dúvida o país ficou mais complexo!
"Ah, mas é só uma regra a mais."
Na verdade não! Desde a Constituição de 88 o Brasil já editou mais de 403 mil de regras. 35 por dia!
- Bolsonaro disse que falta patriotismo ao mercado.
- Mourão disse que mercado age como 'rebanho'.
- Felipe Neto falou que "não gosta da bolsa de valores" pois não gosta de "gerar riqueza sem produzir nada".
Como esse é um pensamento de muitos, vamos falar.
Quem é o mercado?
O mercado de capitais e de crédito são INSTITUIÇÕES que conectam 2 tipos de agentes na sociedade: POUPADORES e TOMADORES.
- POUPADORES possuem capital guardado e buscam oportunidades de investir.
- TOMADORES são empreendedores e empresas que precisam de capital para investir.
Ou seja, as instituições são apenas INTERMEDIÁRIOS.
No fundo O MERCADO É FORMADO POR PESSOAS que possuem capital - que estaria parado - e gostaria de dar alguma utilidade pra ele.
A mensagem que Bolsonaro DEMITIRIA o presidente da Petrobrás fez a empresa perder R$ 30 bilhões em valor de mercado.
Fosse só isso, menos mal. O problema é a sinalização de que não há mais agenda de privatizações e pró-mercado.
Quanto isso vai contaminar o resto da economia?
A Petrobrás começou a perder valor de maneira significativa a partir de 2011.
Dilma assumia a presidência e pegava uma Petrobrás como a maior empresa brasileira em valor de mercado. com a ação a R$ 27.
Porém, a empresa foi utilizada politicamente e sofreu controle de preços.
Foi na Gestão de Graça Foster que a dívida explodiu.
O resultado: o lucro caiu, as ações despencaram e o valor de mercado derreteu. Dilma - que tinha pego a ação a R$ 27 - entregou uma Petrobrás com a ação a R$ 8.