Prometi um fio sobre a pesquisa Datafolha que todo mundo está comentando. Dei algumas entrevistas, principalmente para rádios (daqui, do RS e de PE). Vou resumir minha observações. Lá vai.
1) Primeiro, os dados: a) 54% reprovam desempenho de Bolsonaro na pandemia; b) 22% aprovam; c) 43% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro é o principal culpado pela situação da crise sanitária.
2) Quase metade da população brasileira acredita que o Presidente é quem deve dar respostas para enfrentar a pandemia. Então, temos, neste momento, uma baliza: entre 40% e 50% dos brasileiros desacreditam e criticam Bolsonaro; e entre 20% e 30% o apoiam.
3) O percentual dos que criticam o desempenho de Bolsonaro aumenta superando 50% e os que apoiam cai para próximo de 20%. O maior elogio vai para o desempenho dos governadores (38% das respostas). Mulheres rejeitam mais Bolsonaro.
4) Pesquisas recentes indicam que a maioria dos brasileiros que se identifica como esquerda é feminina. Então, parece haver convergência com a crítica do público feminino ao desempenho de Bolsonaro. Contudo, o mais interessante é que numa avaliação geral do governo, 30% aprovam
5) Agora, minhas observações a respeito dessa pesquisa. Acredito que está mais nítido que o piso de apoio ao governo Bolsonaro gira ao redor de 20%. Varia até 30%. Tem relação com os 15% dos brasileiros que possuem valores de extrema-direita
6) Outra observação é que o percentual dos brasileiros que desaprovam seu governo gira entre 40% e 55%. Mas, não se trata de uma parcela dos brasileiros que age de maneira irracional e histérica como parte dos que apoiam. Portanto, não fazem muito barulho.
7) A questão é: a minoria (que apoia Bolsonaro) é mais barulhenta que a maioria (que rejeita Bolsonaro). O que leva a acreditar que o governo procure falar para esta parcela menor. Acontece que o Centrão não vem gostando desse expediente. E é ele quem manda na política nacional
8) A definição do novo ministro da Saúde desagradou o Centrão, que parece ter feito uma leve ameaça.
9) Tudo para dizer que Lula continua com muita sorte. Chegamos perto de 3 mil mortes diárias por Covid e Bolsonaro troca o ministro da Saúde por alguém que não dá garantias de melhoria. Para piorar, desagrada o Centrão, que vem recebendo agrados de Lula. (FIM)

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14 Mar
Ontem foi um final de dia bem chato aqui no Twitter. Um pastor do PDT postou uma comparação esdrúxula entre Vargas, Brizola e Ciro Gomes. Eu contestei e ele foi deslizando para o ataque pessoal. Eu revidei na mesma moeda e... descambou. Eu o bloqueei. (continua)
Soube por amigos que são evangélicos que ele continuou me atacando pelo Twitter e chegou a afirmar que sou filiado a um partido, o que não é verdade. O que percebo é que o estilo bolsonarista de ser inundou o meio político brasileiro. Criticar é ser identificado como inimigo
Mas, não é uma inimizade fortuita, mas uma identificação de ataque mortal. Nesse sentido, o inimigo tem que ser atacado em toda sua extensão. No meu caso, facilito a vida desse pessoal porque respondo na mesma intensidade. O que lhes deixa ensandecidos. É parte do meu sadismo
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14 Mar
Bom dia. Prometi, ontem, que faria um fio sobre o que acredito ser o rol de principais erros pedagógicos que estamos cometendo durante a pandemia. Lá vai
1) Vou destacar neste fio 4 aspectos que considero erros grosseiros. Começarei pela adoção do famigerado módulo-aula. A aula de 50 minutos é uma leve alteração da aula de 40 minutos adotada nos EUA na última década do século XIX. Foi uma sugestão de Joseph Mayer Rice
2) Rice sustentava que a educação deveria ter o foco na formação para a indústria. Daí, as disciplinas mais importantes seria aquelas vinculadas à produção industrial: matemática, física, química, biologia e comportamento. A leitura (para o operário ler instruções) completava
Read 31 tweets
10 Mar
Querem entender a competência e a confiança que os deputados têm no governo? Sigam a negociação feita pelos sindicatos dos trabalhadores da Receita Federal com o governo e a mesa diretora da Câmara a respeito da PEC Emergencial. Segue
1) Comecemos por entender o papel do FUNDAF, centro das negociações para este segmento. O Fundo Especial de Desenvolvimento e Aperfeiçoamento das Atividades de Fiscalização, é destinado a fornecer recursos para financiar o reaparelhamento e reequipamento da Receita Federal
2) Pois bem, a PEC Emergencial possuía um trecho que colocava em risco a manutenção do fundo que custeia as atividades do Fisco. O texto aprovado no Senado acabou com a ressalva que protegia o Fundaf, mas privilegiou outros fundos federais.
Read 7 tweets
10 Mar
Farei um fio sobre o impacto gigantesco da decisão de Fachin. O ministro do STF, apoiador da Operação Lava Jato, se desesperou e antecipou a campanha de 2022. Vamos ao fio.
1) O ministro Fachin procurou, já está nítido, preservar minimamente o juiz Sérgio Moro e o legado da Operação Lava Jato ao anular os processos contra Lula por terem sido julgados por um foro não competente. A 13ª Vara Federal de Curitiba. As vara competente seria a do DF
2) Fachin afirmou que retirou-se os casos que não se relacionavam com os desvios praticados contra a Petrobras" e foram distribuídas por todo território nacional as investigações que tiveram início com as delações premiadas da Odebrecht, OAS e J&F, caso das acusações contra Lula
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6 Mar
Bom dia. Farei um fio, antes de minha reunião com parte da minha equipe, sobre a mudança de perfil dos estudantes universitários. Este fio é motivado por uma postagem do jornalista e acadêmico uruguaio Leonardo Haberkorn (vou reproduzir ao final). Lá vai:
1) Uma década atrás, senti que algo se quebrava na relação professor-aluno. Até então, minhas aulas atraíam até alunos que já tinham estudado comigo e estavam no final do curso. Eu tinha orgulho dessa relação que me fazia sentir que era útil.
2) Essa relação alimentava minha dedicação: eu alterava planos de aula, estudava a melhor metodologia, ouvia as sugestões. Decidi adotar uma avaliação processual em que os alunos tinham várias oportunidades de melhorar a produção anterior e, assim, tirar a melhor nota
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25 Feb
Boa tarde. Recebi um paper que trabalha o perfil de quem se autodefine esquerda e direita no Brasil. O título do paper é Dimensão e Determinantes do Pensamento Ideológico entre os Brasileiros, escrito por Pedro Henrique Marques. Farei um fio sobre os dados (interessantíssimos)
1) A base de dados que o autor usou foi a do Projeto de Opinião Pública da América Latina de 2017. São dois critérios empregados para definir a identidade ideológica: econômica e de costumes.
2) Trata-se de uma definição muito empregada nos EUA (em virtude do conceito de "liberal" por lá). Meio complicado para usar na América Latina, mas, sejamos maleáveis
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