O Brasil é profundamente desigual. Só gente muito radical de direita discordará disto.
Constatar a desigualdade não é xenofobia. É questão de ter olhos para ver.
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O que a Vera fez foi exatamente isso.
Perceber que hospital que atende gente pobre ficar sem recursos, no Brasil, é comum.
Não quer dizer que devia ser assim, porque não devia. Mas é.
Hospital que atende gente rica ficar sem recursos — isto é incomum.
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O que quer dizer colapso hospitalar no Brasil?
O que quer dizer um cenário incomum, raro e que, por isto, demonstra o tamanho do drama que estamos vivendo?
Num país desigual?
É quando até o hospital dos muito ricos fica sem capacidade de atendimento.
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Constatar a desigualdade é preconceituoso? Não devia ser. Ter ciência do problema é o primeiro passo para encará-lo.
Mas digamos que o jeito que ela falou, as palavras escolhidas para enxergar o Brasil como ele é, tenham ferido susceptibilidades.
Ainda assim...
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Ainda assim não dá para fugir de um fato.
Alguém pegou o vídeo, propositalmente arrancou um trecho do contexto geral, e o pôs em circulação no Twitter.
Esta é a tática geral de como opera o bolsonarismo.
Quer discutir o que foi falado por inteiro?
Vamos lá.
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Mas vamos constatar, também, que dentro de uma das bolhas de esquerda nasceu uma peça de informação propositalmente manipulada para atacar alguém visto como inimigo.
Se todos os campos políticos passarem a usar este tipo de tática, estamos lascados.
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Disse que aparentemente não se ensina mais democracia nas escolas. Que jovens militantes de esquerda demais não reconhecem legitimidade na existência de uma direita.
Acho que vale clarear um pouco mais o que quis dizer.
Primeiro: não acho que o problema seja de professores.
Não foi uma alusão ao Escola sem Partido.
O problema é de currículo.
Minha impressão é de que o trauma da Ditadura fez com que nós abríssemos mão de certos ensinos importantes.
Um deles é o de sociedade, de cidadania.
Eu fui estudante no tempo da Ditadura, tive aula de Moral e Cívica e OSPB, disciplinas inventadas por Plínio Salgado, o fundador do fascismo brasileiro.
Aquelas coisas tinham de ter sido extirpadas do currículo, como foram.
Tem uma conversa que nós não estamos preparados para ter no Brasil.
É sobre como pensamos impeachment.
Por isso, sei em que vai dar este fio aqui. Vai implodir.
Ainda assim, a maneira como os americanos pensam impeachment, em tempos de Bolsonaro, tem muito a nos ensinar.
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Fernando Collor de Mello sofreu impeachment acusado por agir de forma incompatível com o cargo. Por quebra de decoro. O crime tinha provas tão frágeis que ele foi inocentado no Supremo.
Mas estávamos confortáveis com isso.
A diferença real entre Collor e Dilma, queiramos admitir ou não, é que o PRN não era um partido. O PT era
O PT tem base popular real, tem militância real, representa de fato um conjunto de valores na sociedade.
O PRN não era nada, Collor não era uma liderança política relevante
Tenho essa sensação generalizada de que o mundo ficou muito mais careta em sexualidade.
Ontem, aqui no Twitter, alguém me chamou atenção para uma entrevista da @BSurfistinha em que ela citou o perfil que escrevi dela faz uns 15 anos.
Um fio.
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O texto foi parte de uma série de reportagens sobre sexualidade que escrevi para o NoMínimo e que depois foram reunidas num livro chamado ‘Eu Gosto de Uma Coisa Errada’
Na época, eu escrevia sobre política internacional e estava exausto após uns três anos do Onze de Setembro.
A internet já era popular, claro, mas ainda era jovem e bastante amadora.
Histórias em que pessoas vivem próximas de seus limites emocionais são sempre ricas. A gente sempre aprende alguma coisa.
É fértil para jornalismo e era muito diferente do que eu fazia.