Qual dessas duas alternativas seria considerada "otimismo"?
1. continuar tentando, mesmo depois de um ano, ensinar as pessoas a evitar a doença para reduzir o número de mortos;
2. Ir pra praia e viver normalmente em um país com pouquíssima vacina e hospitais lotados? //1
Eu peço de forma genuína, sem ironia. A cada dia que passa me lembro mais do Mohammed Saeed Al-Sahhaf, vocês lembram dele? Ele era "Ministro da Informação" do Iraque durante a invasão promovida pelos EUA em 2003. //2
Os americanos estavam literalmente DENTRO de Bagdá, destruindo tudo, e ele dizia na TV, confiante, que não havia invasão alguma, que estavam liquidando com os americanos. Lembro que fizeram chacota com ele, chamando-o de "Baghdad Bob". //3
Estar no Brasil hoje e viver a vida normalmente, indo a restaurantes no RS ou indo à praia em SP é como se estivéssemos em uma casa inundada, com 2 metros de água, e estivéssemos sentados no sofá, flutuando, lendo um jornal todo encharcado, como se nada houvesse. //4
E o que as pessoas fazem quanto maior fica a crise? Mais buscam qualquer fagulha de otimismo. Aí entra a pergunta do meu primeiro tweet.

Não é para não ser otimista! Longe disso!

Mas dizer que "temos vacina" para um teste em fase UM e isso tomar conta da pauta do dia? //5
O inimigo está invadindo sem piedade. Na última semana útil foram notificadas 13.270 mortes. Isso dá uma MÉDIA de 2.654 notificações por DIA.

Vamos viver normalmente e esperar "ir embora sozinho", ou "ah, temos vacina, tá tudo tranquilo"?
//5
O que nós temos de fazer agora é uma coisa só: baixar a transmissão do vírus. Fazer de tudo para não se infectar e fazer de tudo para não infectar outras pessoas. Forçar as pessoas a ir trabalhar presencialmente no pior momento não faz sentido: //6
Se fosse uma guerra, esse momento seria o que estamos sendo bombardeados pelo nosso inimigo. E o que fazemos? Mandamos nossas pessoas pra rua! Vamos à praia! Vamos ao restaurante! E a notícia? "Estamos desenvolvendo um contra ataque que vai ficar pronto no 2º semestre". //fim

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28 Mar
Oi, pessoal. Ao analisarmos os dados do Brasil novamente (semana de 22 a 26/03/21) vemos tendência de crescimento em todos os estados e regiões, com alguns tentando escapar da exponencial. Vamos dar uma olhada? Segue o fio: 🧶//1
Primeiramente peço desculpas a vocês por ter pulado uma semana, tirei o final de semana passado para descansar e a semana foi puxada, não me deixando compensar, e acabamos chegando já no sábado seguinte! //2
Ao analisar o Brasil, vemos uma tentativa de estabilização da média móvel da taxa de crescimento de novos casos, mas em um patamar altíssimo. Isso se deve aos esforços de alguns estados que estão tentando baixar a mobilidade, mas de forma descoordenada. //3 Image
Read 41 tweets
26 Mar
Oi, pessoal. Este fio vai usar dados do estado do RS, mas tem outros estados, como o PE do meu amigo @b_ishigami que também estão nessa. O que pode acontecer quando um estado flexibiliza as restrições antes de uma queda sustentada? Segue o fio: 🧶//1
Para que todos entendam a situação: O estado do RS teve um aumento exponencial de casos de COVID-19, e este aumento apareceu primeiramente nos hospitais, na metade de fevereiro de 2021. Como que o aumento pode ter aparecido primeiro nos hospitais e não nos casos? //2
Infelizmente, é simples: testagem "reativa", como costumo chamar. Testamos apenas quem tem sintomas e também quem se importa com esses sintomas a ponto de ir buscar ajuda. Se uma pessoa acha que está com gripe e não busca ajuda, ela passa "por baixo do radar". //3
Read 20 tweets
23 Mar
Pessoal, agora estão dizendo que Araraquara, mesmo com o Lockdown, está tendo internações. Gente...sério? Vejam a mobilidade de Araraquara. Esperavam o que ao flexibilizar antes de reduzir bem a incidência? //1
Vejam aqui os casos...o lockdown, que aconteceu por um período muito curto, de apenas 10 dias (21/02/2021 a 02/03/2021) baixou a taxa de crescimento. Mas ficou negativa? não. Ficou ainda acima da linha do zero e a mobilidade já voltou.

Resultado? Nova tendência de aumento. //2
Não há milagre. Quando a incidência está alta, o lockdown leva mais tempo para reduzir os casos. Se fizer assim, fica mal feito e volta. Tem de reduzir até a taxa de crescimento virar taxa de queda, passar da linha do zero. Era só ter acompanhado isso antes de abrir. //3
Read 11 tweets
17 Mar
Olá, pessoal! Vi que algumas pessoas ficaram, quase que ao mesmo tempo, dizendo que havia mais uma "cidade mágica" onde a COVID-19 não atacava. Dessa vez era São Lourenço, em MG. Fui dar uma olhada pra ver. Sigam o fio: 🧶//1
A primeira coisa que fui olhar, antes de tudo, foi a mobilidade, para ver como a cidade estava em relação ao pré pandemia. Percebi que a mobilidade de transporte público e comércio se manteve baixa desde janeiro. //2
Também percebi que teve um grande aumento em mercado e farmácias e, desde o final de fevereiro, uma pequena queda em residências e um aumento de locais de trabalho, como se a cidade tivesse "saído do período de férias". //3
Read 13 tweets
14 Mar
Oi, pessoal. Vou fazer uma atualização rápida das situações das regiões e dos estados brasileiros para que possamos ver juntos qual o tamanho dessa onda (é grande😔). Sigam o fio: 🧶 //1
Primeiro queria lembrar vocês que todos os fios anteriores que fiz podem ser acessados aqui: threadreaderapp.com/user/@schrarst… e que também pode encontrar eles e mais no Notion da @analise_covid19 : notion.so/Rede-An-lise-C…
Muito conteúdo que vale a pena. //2
Olhando o gráfico do Brasil vemos que continuamos com tendência de crescimento tanto de casos como de óbitos, e que a média móvel da taxa infelizmente continua apontando pra cima. Pra mudar isso hoje, só com restrições de mobilidade. //3
Read 33 tweets
12 Mar
Pessoal, um ponto importante que eu acredito que valha a pena abordar: estamos em uma época dura (a mais dura até aqui), e ver tantas internações, histórias de hospitais e, principalmente, óbitos (cada vez mais perto) nos modifica em algumas coisas. Sigam o fio: 🧶 //1
O que estamos vendo ao nosso redor pode causar ansiedade, pânico, e até desespero em algumas pessoas. Temos de nos ajudar e nos confortar. O desespero não é algo simples, não é apenas choro, e ele traz um comportamento consigo: //2
Ele faz com que queiramos muito, muito, achar boas notícias: isso nos deixa mais permissivos com algumas notícias que ainda são muito incipientes, ou seja, estão em fase inicial. Vemos algumas notícias que não estão nem em um preprint e já saímos celebrando. //3
Read 6 tweets

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