Acho bem equivocado confiar a democracia à suposta incompetência de Bolsonaro. Ao todo, ele participou de 9 eleições, e foi bem sucedido em todas, incluindo a disputa presidencial. Parentes dele disputaram 16 eleições, e se deram bem em 15. Mais do que isso...
Em 27 meses, Bolsonaro conseguiu emplacar aliados fiéis no comando da PGR, da PF, da Câmara, do Senado, na CCJ e em um gabinete do STF. Derrubou o ministro mais popular para emplacar lá um que vive a perseguir adversários.
Vem causando um prejuízo enorme à imprensa mais crítica dele, e garantindo fortunas à imprensa bajuladora. Além disso, montou um gabinete de difamação de adversários, uma agência clandestina de espionagem, toda uma agenda de destruição do meio ambiente...
...de legalização das milícias, de sabotagem dos esforços contra a covid-19, é o principal responsável pela morte de centenas de milhares de brasileiros, e não há uma única CPI apurando tanto absurdo. E a popularidade dele não baixa dos 20% mesmo nas pesquisas mais pessimistas.
Comete crimes de responsabilidade a rodo, mas seguimos sem qualquer impeachment no horizonte. No campo dele, por esforços dele, o principal adversário não passa dos 5% das intenções de voto. E olha que estamos falando de quem trouxe a vacina para o Brasil.
Hoje, Bolsonaro deu um grande passo para expurgar das Forças Armadas qualquer um com apreço democrático, e manter lá apenas os autoritários mais fiéis a si próprio. Ou seja, deu um grande passo para vir a ser bem sucedido em um autogolpe.
É à incompetência dessa pessoa que eu vejo tantos aqui confiarem a manutenção de nossa democracia. E se este plano der errado?
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Minha sugestão é a de que usemos o 31 de março anualmente para que nunca mais seja esquecido o regime ditatorial, assassino, corrupto e incompetente que as Forças Armadas impuseram ao Brasil por 21 anos. Se querem que seja lembrado, que seja lembrado pela verdade.
Sugiro que comecemos pelo Caso Para-Sar. Que, quando resgatei em 2018, contabilizava apenas 29 citações em toda a história do Twitter.
Vale também rememorar o documento da CIA que testemunha o envolvimento de três generais que presidiram o Brasil no assassinato de 104 opositores em apenas um ano. history.state.gov/historicaldocu…
“Com a chegada de Chávez ao poder pelo voto, em 1998, as Forças Armadas passaram a se infiltrar em todas as instâncias do Estado venezuelano...”
“... E ganharam papel de maior destaque e voz mais alta em 2002 – quando, com o apoio militar, o chavismo derrotou as duas maiores ameaças que enfrentara até então: uma tentativa de golpe, em abril, e uma greve que paralisou a produção petrolífera, em dezembro...”
“... O golpe fracassado de 2002 foi a justificativa ideal para que o governo promovesse um expurgo total do Exército. 'Um ano depois, já não se encontrava em nenhum quartel venezuelano nem mesmo um único oficial que questionasse qualquer ação de Chávez'...”
A imprensa internacional registra que tudo começou em 2017 como uma pegadinha do 4chan, fórum no qual um anônimo tentou espalhar a ideia de que o gesto de "OK" seria, na verdade, uma referência a "white power", com 3 dedos formando um "W", e os outros dois compondo um "P".
E que, como o objetivo era confundir e irritar esquerdistas e jornalistas, a brincadeira logo foi abraçada em peso por trumpistas.
Eu conhecia uma origem um pouco distinta, mas me passada de maneira informal, o que pode conter erros. No caso, de que a "pegadinha" já teria nascido para explicar o gesto que Trump sempre faz ao discursar.
A imprensa costuma manter todo um time focado no que internamente é chamado de “factual”. Em resumo, o fato acontece? Gostando dele ou não, o fato é registrado pela imprensa.
É dessa linha que saem manchetes como “Dilma é reeleita”, “Morre Nelson Mandela”, “Lula é preso” ou “Lula é solto”.
No futuro, quando historiadores escreverem livros sobre o que vivemos, eles certamente visitarão os acervos dos principais jornais para conferir o desenrolar dos fatos. Daí a importância histórica de um trabalho aparentemente tão simples — não é tão simples, demanda muito suor.