"O que torna os espaços internos tão perigosos é que o vírus exalado pode se acumular e infectar pessoas que não têm contato direto com uma pessoa infectada." Um ex. foi em um bar no Vietnã: 12 pessoas foram infectadas numa festa, mas apenas 4 tiveram contato próximo com 1 caso.
A dose infecciosa precisa para SARS-CoV-2 também é desconhecida. Mas os pesquisadores podem inferir quanto vírus expirado é necessário para causar infecção analisando surtos da doença. Esse pessoal bolou uma ferramenta de cálculo (post abaixo): onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/in…
A ferramenta calcula o risco com base no tamanho do quarto, no número de pessoas presentes e no que estão fazendo; vírus são exalados em taxas diferentes, dependendo se as pessoas estão cantando, correndo em uma esteira ou sentados silenciosamente. E a ventilação?
A OMS recomenda uma taxa mínima de ventilação de 6 a 12 mudanças de ar (nas quais todo o volume de ar na sala é substituído) por hora para evitar a transmissão aérea de patógenos em estabelecimentos de saúde, mas uma taxa menor de mudanças de ar para outros locais.
A ASHRAE (agência americana) estabelece padrões mínimos para a qualidade do ar interior. As metas recomendadas são de até 0,35 mudanças de ar por hora para casas, 2-3 para escritórios, 5-6 para escolas e 6-12 para hospitais.
Abrir janelas é o método mais fácil que as autoridades de saúde sugerem para melhorar a ventilação. Porém, embora seja melhor do que não fazer nada, a janela aberta raramente troca ar suficiente entre o ambiente interno e externo se não houver algo que force a movimentação do ar.
Abrir janelas por apenas alguns minutos - entre as aulas, digamos - deixaria a maioria do vírus intocada de acordo com o preprint abaixo. medrxiv.org/content/10.110…
"Duas janelas que permitem um fluxo de ar cruzado precisariam ser abertas dois terços do tempo a mais para igualar o desempenho do sistema de ventilação e ar condicionado da sala. Se estiver muito quente ou frio, as pessoas simplesmente não seguirão esse conselho."
Os autores observam (e eu super concordo!) que um método melhor é ventilar mecanicamente um espaço. "Isso atrai o ar exterior livre de vírus e remove o ar interior contaminado, diluindo assim qualquer vírus presente."
Assim, um maior foco na ventilação (inclusive usando inovação) trará benefícios para futuras pandemias, pois nos dá a oportunidade de melhorar a qualidade do ar interno e ambiental.
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Percebo que muitas pessoas têm dificuldade em entender o que são e onde estão os aerossóis. Vou trazer alguns exemplos aqui nesse fiozinho...
O conceito mais simples de aerossol, é que eles são partículas suspensas presentes no ar. Mas por serem muito pequenos (menores do que 1 micrômetro - a milésima parte de 1 mm), não são visíveis a olho nu. Dê uma olhada nessa figura (weforum.org/agenda/2020/10…)
E esses aerossóis, presentes no ar, nos diferentes ambientes, nas áreas abertas, carregam as mais diversas partículas (biológicas, químicas, minerais, etc.).
Muitos de nós nos chocamos com essas notícia de, em plena crise de saúde pública em que vivemos, ainda haver festas clandestinas. Pensamos "como podem!?" e emendamos um palavrão mental. Mas deixa eu mostrar o que pode ser também um comportamento de risco e que muitos o fazem! 🧵
Sabe aquele jantarzinho com o casal de amigos que "ah, mas eles se cuidam..."?
Sabe aquela preguiça de subir utilizando a escada?
Diante da escassez de doses de vacinas e dos desafios logísticos, várias estratégias de implantação estão sendo propostas para aumentar os níveis de imunidade populacional ao SARS-CoV-2. (2/7)
Muitas pessoas me perguntam sobre as máscaras ditas "antivirais". Eu gostaria de passar algumas considerações a respeito, pois podem ser as dúvidas de outras pessoas.
Há um tempo, eu fiz um fio explicando muitas questões a respeito das máscaras e disponibilizei esse estudo aqui, sobre a ação de nanopartículas contendo íons prata. pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28721573/
Os íons prata são conhecidos por possuírem capacidade antimicrobiana. Isso porque os íons induzem a produção de radicais livres, que causam distúrbios na parede bacteriana e em sua atividade respiratória. pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26724539/
Agora no início do mês (fevereiro) saiu uma discussão na Nature sobre essa questão da atenção à descontaminação de superfícies. Siga o fiozinho comigo que vou atualizar alguns pontos. nature.com/articles/d4158…
A discussão se pauta no fato de que já está até bem estabelecido que a contaminação pelo SARS-CoV-2 se dá muito mais por gotículas e aerossóis (aumentando a transmissão) do que a possibilidade daquela proporcionada pelos fomites (superfícies).
Bom, a reportagem da Nature em nenhum momento desacredita que as gotículas depositadas nas superfícies não possam ser fonte de contaminação. Pelo contrário, eles argumentam segundo uma importante observação do CDC...
Sabe quando estamos assistindo um filme de terror/suspense e do outro lado da tela dizemos mentalmente ao personagem "não vá por aí!"? Os cientistas, muitos médicos e uma parte da população têm se sentido exatamente assim quanto ao que estamos vivendo (segue)...
Desde quando começou a pandemia, fruto de ações negacionistas, muitas pessoas desistiram de sequer observar as medidas preventivas. Eu acho muito improvável que ainda exista alguém que não use máscara porque não sabe que precisa usar e nem que deixar o nariz de fora ajuda em algo
Desde o início, as pessoas se dividiram entre os que seguiram as medidas preventivas, importando-se com sua saúde e com a dos outros, e os que preferiram "pagar pra ver". Ainda me dói lembrar da garota gritando "me entuba" no show de não sei quem. Mas o que nos levou a isso?