* ARTHUR LIRA INCLUI NA PAUTA URGÊNCIA DE PROJETO QUE PREVÊ O IPCA COMO ÍNDICE OFICIAL DE REAJUSTE DE ALUGUÉIS
Algumas dúvidas e comemtários sobre essa medida, caso venha a ser confirmada.
1- Faz todo o sentido substituir o IGP pelo IPCA. Por mto tempo os alugueis, um preço nontradable, tinham um comportamento de tradable, por conta da indexação ao IGP. Isso é herança do período de inflação crônica, quando ninguém confiava nos índices do IBGE e preferiam os da FGV.
2- o IGP é um indice de preço com pesos ad-hoc (60% de IPA, 30% de IPC e 10% de INCC) e é muito sensível às flutuações cambiais. A vinculação do valor do aluguel ao IGP amplia desnecessariamente o repasse cambial e os efeitos de choques de oferta na economia brasileira.
3- lembrando que o aluguel pesa, diretamente, uns 5% do IPCA, além de representar o segundo maior custo para boa parte dos serviços prestados às famílias, atrás somente dos salários.
Em suma, há mérito na medida.
4- minha dúvida: o aluguel faz parte do conjunto de preços livres, negociado livremente por compradores e vendedores. O IGP-M é o índice de inflação normalmente adotado nos contratos de aluguel por tradição, já que não há qualquer obrigatoriedade nesse sentido.
5- Então onde entra o papel do legislador aqui? Não está claro para mim qual o efeito prático da medida. Vai se tornar obrigatório que os contratos de aluguel sejam indexados ao IPCA, deixando de ser algo de livre escolha entre compradores e vendedores?
6- Lembrando que a substiuição do IGP pelo IPCA, que durante muito tempo vinha ocorrendo de forma lenta, este ano deu uma acelerada por força das circunstâncias (com IGP nas alturas e IPCA bem mais contido), vide a matéria abaixo.
7- Edmar Bacha, em 2010, propôs uma série de mudança para preços administrados “unificação dos regimes de indexação, de modo que tais preços passassem a ser reajustados exclusivamente pelo IPCA”. Isso aumentaria a potencia da pol monetária. Segue texto:
8- Os alugueis não sao preços administrados, como falei antes, mas a lógica do Bacha se aplica também para os preços dos alugueis, pois altera (para melhor) o regime de indexação no país.
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A comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom) dessa semana merece ser debatida com cuidado.
Segue thread 👇
1- o BC mais uma vez decidiu por unanimidade, a despeito da enorme incerteza no horizonte relevante. Sei que já tratei das decisões unânimes do BC em outras ocasiões (vide artigo abaixo c/ Braulio no @valoreconomico), mas isso sempre me impressiona.
2- no front externo, o BC admitiu que os estímulos monetários terão longa duração, devido à presença de ociosidade nas principais economias. Curiosamente, se foi na direção de retirar seus estímulos por aqui, a despeito da ociosidade recorde no mercado de trabalho desde 1976.
Sobre o projeto de autonomia do BC, aprovado nesta semana pelo Senado, seguem alguns esclarecimentos e sugestões para a Câmara melhorar.
(1/n)
Antes de tudo: autonomia não é a mesma coisa que independência. Com autonomia, a sociedade escolhe as metas e o BC persegue as metas sem influência política. Com independência, o BC escolhe e persegue as metas.
(2/n)
O projeto aprovado no Senado dá autonomia ao BCB. Isso significa que a sociedade seguirá escolhendo as metas por meio de seu representante eleito (que indica as pessoas para o CMN) e o BCB utilizará os seus instrumentos para alcançá-las.
Convido a todos que se importam com a decadência do Rio de Janeiro para participar do lançamento do livro “Maravilhosa para Todos: políticas públicas para o Rio de Janeiro”, que tive o prazer de organizar. Amanhã, dia 14/10, às 20 horas, ao vivo no link: m.youtube.com/channel/UCTlpK…
O livro foi escrito por 42 especialistas em diversos temas que afetam a cidade:
A atuação do BNDES tem provocado um debates entre economistas, políticos, formadores de opinião e na população de forma geral.
Esses debates são saudáveis e devem ser estimulados, pois o BNDES é uma instituição pública.
Mas o que realmente aprendemos sobre o BNDES?
No artigo abaixo, feito por mim, em parceria com Samuel Pessoa (FGV/IBRE), Eduardo Pontual (UFRJ) e Fabio Roitman (BNDES), resenhamos toda a evidência empírica causal sobre o principal banco de desenvolvimento do Brasil. Foram 70 papers ao todos.
Taxa de desemprego responde a dois mestres: (i) taxa de ocupação (medida pela razão PO/PIA); (ii) taxa de participação (PEA/PIA).
Qd a taxa de ocupação cai, o desemprego aumenta. Qd a taxa de participação cai, o desemprego cai.
A taxa de ocupação está caindo devido à pandemia. Como o movimento é intenso, a alta do desemprego deveria ser grande.
Mas o desemprego no trimestre móvel até abril com ajuste sazonal foi de 12,1%, o que representa um aumento de apenas 0,5 p.p, ante o trimestre móvel anterior.
Acontece que a taxa de participação está desabando no Brasil. A quarentena e as transferências de renda estão mantendo as pessoas que perderam emprego sem procurar novas ocupações. Isso diminui a população economicamente ativa e a taxa de participação (ver grafico)
Antes de tudo, quero relembrar a comunicação feita em março: o BC havia que quedas da Selic abaixo de 3,75% poderiam ser contraproducentes.
Hoje, não só reduziram para 3%, como já prometeram mais um ajuste, não maior que o atual.
Isso sugere que o discurso do BC para não reduzir mais a taxa de juros era tão somente um discurso. Uma desculpa, como tantas outras que temos assistido nas discussões de política monetária. Como tenho dito com meu amigo Bráulio Borges, é a inflação de desculpas.
Isto posto, o BC reduziu a Selic em 75 bps. Há claramente espaço para juros menores, vide as projeções do cenário híbrido. Mas sabia que o BC estava na dúvida entre 50 bps e 75 bps - essa era a discussão relevante no mercado. Dentro desse leque, foi bom.