Em menos de dois dias, cerca de 100 pessoas foram presas em Brooklyn Center, uma cidade de 30 mil habitantes, nos protestos após a execução de Daunte Wright.
Desde o caso George Floyd, mais de 10 mil (!!) manifestantes foram aprisionados no país. 👇🏾
Além da prisão e de penas pecuniárias, algumas dessas pessoas foram ameaçadas de deportação ou tiverem que se comprometer a nunca mais participar de protestos na vida. Para não falar das restrições dos direitos políticos, como o de voto. 👇🏾
Hoje, 28 dos 50 estados da federação estão debatendo leis anti-protestos, que criam uma nova classe de crimes. Na Florida, por exemplo, debate-se a possibilidade de prisão por 15 anos (!) para aqueles que participarem de ato com mais de nove pessoas. 👇🏾
Desde o início do ano, os estados debatem leis para constranger o direito ao voto, já ridiculamente exercido. A Georgia passou norma que dificulta o voto pelos correios e impede o fornecimento de água e comida para as pessoas nas filas de votação. 👇🏾
Como aqui na Carolina do Norte, tais leis eleitorais já são chamadas de "Novo Jim Crow", ao suprimir o voto das comunidades negras e indígenas por meio de manobras burocráticas e de desinvestimento.
Os protestos reacendem o debate sobre a reforma da polícia. Mas é suficiente?
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Além de punir os responsáveis (políticos, militares e elite empresarial), o Brasil deveria construir uma memória pública do genocídio, para que as próximas gerações, ao se perguntarem de avós, tios, pais e mães levados pelo covid, tenham a medida do absurdo que nós naturalizamos.
Enquanto perdíamos nossos parentes e amigos, o presidente falava de mimimi e sabotava a saúde pública. Enquanto 4.000 mil pessoas morriam, a grande mídia e o baronato empresarial não arredava o pé da austeridade, deixando-nos à própria sorte.
Enquanto morria-se de fome ou vírus, o Congresso aprovava as pautas mais absurdas, desde a vacina privada ao retorno às aulas no pior momento da pandemia. Enquanto não havia vacina, médicos criminosos e a indústria farmacêutica lucravam com o charlatanismo do tratamento precoce.
Relendo "Football Mulato", 1938, de Gilberto Freyre, para a aula de amanhã, e é impressionante como o mito da brasilidade vem sempre acompanhado de anticomunismo, ainda que para falar de futebol.
Para quem não conhece, esse é um texto fundacional da crônica esportiva, (...)
escrito logo após as vitórias sobre a Polônia e a Checoslováquia na Copa daquele ano. Ali estão as bases do discurso que estabelece a singularidade da escola brasileira no futebol: espontaneidade, dança, improviso, diversão, mais criativo que tático, mais paixão que razão. (...)
Tal escola se daria justamente pela africanidade, pelo "mulatismo" do escrete brasileiro, que refletia em campo a nossa "formação social democrática como nenhuma". O Brasil era o lado dionisíaco da experiência humana contra o apolíneo totalitarismo europeu. (...)
Liberais brasileiros sempre defendem a barbárie até a razão se tornar inevitável.
No tempo de movimento estudantil, vi essa gente sendo contra cotas raciais e bolsa família, defendendo modelo de segurança militarizada e juntando-se a fascistas em eleições de DCE. 👇🏾
Hoje, vejo essas mesmas pessoas apagando esse passado, quando não muito o deturpando. Dizem que pautas como cotas e bolsa família sempre foram liberais. Bom, pode até ser, mas mesmo sendo liberais, eram radicais demais para serem apoiadas pelos liberais brasileiros. 👇🏾
É a mesma gente que hoje, diante do fascismo instaurado, prega o "não vamos procurar culpados" ou "não temos nada a ver com isso". Essa política do esquecimento é núcleo do liberalismo brasileiro, que o torna ilibado, ideologia perfeita e sem vícios. Vem das origens, aliás. 👇🏾
Se a nossa elite e a nossa mídia não fossem tão escravocratas e se Lula fosse gringo, o ex-presidente seria amado pelas primeiras.
Nada mais liberal que Lula. Só que gostam mesmo é da barbarie pura e possuem um ódio ao povo doentio.
Reinaldo Azevedo mesmo. Os países liberais tudo revendo as políticas de austeridade e a preocupação do gênio é constranger Lula para saber o que seria privatizado. É patético, ridículo. Depois ainda tem a cara de pau de dizer que a discussão está atrasada no país.
E repito. Dentro do marco liberal e social-democrata do pós-Ditadura , o PT e Lula são as duas maiores aquisições evolutivas da política brasileira. Nada representa mais o projeto de 88, em suas possibilidades e contradições, que o Partido.
Vendo a postagem do @VascodaGama e do @CADIR_UnB, inevitavelmente pensei em Honestino Guimarães. O aluno da UnB foi visto pela última vez no Maracanã, em um jogo do Vasco, seu time.
Para nós da UnB, Honestino tem uma mística. Um espelho. O Brasil interrompido que carregamos. 👇🏾
No meio da celebração do absurdo, lembrei de um dos textos que tenho mais carinho dos tempos de movimento estudantil, quando, em um momento crítico dentro e fora da UnB, o futuro tenebroso que vivemos já se anunciava.
Compartilho como memória das lutas que não acabam. 👇🏾
"Quantos anos ele teria?
Que sonhos teria realizado?
Se formaria em geologia? Viraria professor, político, geólogo?
Quais amores ele não realizou? Quantas dores não sofreu? Quantas alegrias não viveu?
O que estaria pensando? Teria filhos? Família? (...)
Gosto de criar narrativas paralelas, em que a história ocorreu de outra forma. Nelas, o Brasil ganhou a Copa de 50. Seus jogadores são lembrados como deveriam ser: no panteão máximo.
Hoje é o centenário de um deles, o eterno Moacir Barbosa! Segue o fio: 👇🏾
Desde ontem, matérias muito lindas estão sendo publicadas, falando de Barbosa muito além de 50. Afinal, ele não é um maiores goleiros da história do futebol à toa. 👇🏾
"Fui tetracampeão com a seleção carioca em 1945, 1946, 1947 e 1948. Fui campeão sul-americano em 1948, invicto. Também fui campeão carioca invicto em 1945, 1947 e 1949. Depois, vencemos 1950, 1952, 1956 e 1958." 👇🏾