O vídeo é paródia, mas muita gente faz mistura de produtos jurando que está combinando todos eles para fazer um produto mais forte.
Infelizmente, a soma das partes frequentemente é pior que cada um individual. Vamos fazer um top 10 produtos que não devemos misturar? #QuimThreadBR
Descrição: vídeo em que uma pessoa faz uma mistura de todos os produtos de limpeza da casa dela dentro de um vaso sanitário, como se fosse um daqueles vídeos de comida com tudo misturado.
10 – Bicarbonato e vinagre
Já falamos disso antes, mas os dois se neutralizam naquela reação espumante. Essa reação pode ser útil para desentupir canos, mas o líquido resultante dela tem muito pouco poder de limpeza.
Isoladamente, o vinagre pode ser muito útil para arrancar crostas de sabão velho e o bicarbonato pode ajudar um pouco para desengordurar, já que ele promove saponificação de gorduras. Nos dois casos, tem que deixar um pouco de molho e depois esfregar o local.
Importante! Não use vinagre em superfícies metálicas ou de mármore. Em outras superfícies, sempre teste num cantinho escondido antes de usar qualquer produto dessa lista, pois podem estragar superfícies.
9 – Água sanitária e sabão em pó
Antigamente funcionava. Infelizmente, sabão em pó, hoje em dia, tem enzimas para facilitar a limpeza e outros componentes que podem se desativar com a água sanitária. Faça a limpeza com o sabão primeiro, depois desinfete (ou vice-versa).
Se você quer muito um produto com água sanitária e sabão, pegue desengordurantes “com cloro” no mercado, normalmente de embalagem branca. Eles já vêm com água sanitária (hipoclorito de sódio) misturada com algum tipo de sabão que não interage mal com ela.
8 – Água sanitária e azulim ou vinagre
Já comentamos aqui: água sanitária e qualquer coisa ácida acelera a liberação de gás cloro, que é irritante e tóxico. Em um banheiro mais fechado, isso pode fazer você lacrimejar e causar náuseas e dor de garganta.
Isso, assumindo que você não deu azar de estar usando um ácido muito forte ou uma água sanitária fora dos padrões. Isso pode levar a uma reação mais violenta e uma liberação de cloro mais forte. Pouco cloro já pode fazer muito estrago, então evite a todo custo essa mistura.
Já explicamos essas reações em detalhes:
7 – Água sanitária e produtos com amônia
Desinfetantes podem ter sabões a base de amônia. Também tem bastante produtos de amônia na urina. Nesse caso, ao misturar água sanitária com amônia, ela gera tricloroamina (ou outros derivados clorados), que também são irritantes.
Se você precisa limpar urina, seque primeiro com um papel higiênico (ou enxague com água, se o volume for grande), lave com sabão ou desinfetante e depois, se necessário, passe água sanitária.
6 – Qualquer coisa na água sanitária
Água sanitária é feita de hipoclorito de sódio, que é incrivelmente instável. No produto, o pH é cuidadosamente calculado para evitar que ela se decomponha e libere cloro, mas no momento que você dilui em outro produto, já era.
O cloro é que vai desinfetar a superfície, mas ele também é tóxico e reage com muitas outras substâncias, gerando produtos tão ou mais tóxicos que ele. Então, não misture água sanitária em nada, para se preservar e para não estragar o outro produtor na reação.
Para usar água sanitária com segurança, dilua conforme instruções na embalagem e deixe de molho nas superfícies antes ou depois da limpeza, conforme preferência.
5 – Vinagre e detergente
Você já viu como fazemos sabão ao misturar uma gordura qualquer e soda cáustica (ou outra base, como bicarbonato de sódio ou barrilha)? Então. Vinagre é ácido e pode reverter essa reação, desfazendo o sabão e fazendo com que ele se torne gordura de novo.
Colocar um pouquinho de vinagre no sabão ou detergente pode só abaixar o pH deles, caso eles não estejam neutros, mas isso não necessariamente melhora o poder de limpeza. Passou da neutralidade, você só está transformando os dois em gordura.
Como não sabemos a quantidade exata de princípio ativo nos detergentes e sabões que usamos, nem o pH exato deles, não tem como calcular no olho quanto vinagre colocar. E não é necessário, o pH deles já é otimizado na fábrica. Não coloque ácidos ou bases neles.
Nesse link, tem algumas coisas bem legais sobre o processo de feitura do sabão e explicações bem simples do processo: classicbells.com/soap/acid.asp
(Está em inglês, desculpem.)
4 – Sabões diferentes
Não existe apenas um tipo de sabão. Sabões podem ser catiônicos (a parte ativa da molécula tem carga positiva), aniônicos (a parte ativa da molécula tem carga negativa) ou não-iônicos (a parte ativa não tem carga). A maioria dos sabões é aniônica.
Acontece que cargas elétricas contrárias se atraem. Logo, se você misturar um sabão aniônico com um catiônico, os dois se atraem e se neutralizam, perdendo a ação. Tanto que, quando um produto tem dois sabões, um deles é não-iônico, que não dão esse problema.
Exemplo de produtos que se neutralizam: detergente de cozinha (aniônico) + lysoform (catiônico), sabão em barra ou em pó (aniônico) + lysoform (catiônico), sabão em pó + amaciante (catiônico), xampu (aniônico) + condicionador (catiônico) e por aí vai.
3 – Água oxigenada com qualquer coisa
Água oxigenada é extremamente oxidante, e reage com uma variedade de substâncias, podendo gerar produtos tóxicos. Se precisar usar para limpeza, use antes dos outros produtos e espere agir, enxágue e só depois use outro produto.
Alguns produtos de limpeza já vêm com água oxigenada incorporada (o nome pode aparecer como peróxido de hidrogênio). Não misture esses produtos com outros produtos de limpeza.
2 – Produtos ácidos com bicarbonato ou soda cáustica
Ácido muriático é muito forte, certo? Soda cáustica também. Parece que juntar os dois deve dar um produto de limpeza MARAVILHOSO DE TÃO FORTE, não é?
Mas os dois reagem entre si e viram sal de cozinha e água.
Isso mesmo. Os dois produtos mais top e temidos e tóxicos, quando misturados, viram água salgada. Se as proporções não forem perfeitas, sobra um pouco de um ou de outro, então não provem o resultado! Mas o poder de limpeza deles vai pras cucuias.
Da mesma forma, temos muitos produtos que são ácidos (como o Azulim) e muitos que são básicos (como o Diabo Verde) e juntar esses produtos simplesmente neutraliza os dois e eles não prestam mais. Sendo assim, precisam ser usados separadamente.
Aliás, cuidado ao usar esse tipo de produto, pois podem corroer algumas superfícies. Sempre faça um teste em um cantinho escondido para garantir que não vai ser o caso.
1 – Qualquer tipo de mistura de produtos comerciais
Os fabricantes sempre otimizam seus produtos para funcionar o melhor possível. Desinfetantes, desengordurantes, sabões, detergentes, todos eles já vêm com o máximo de misturas que um fabricante pode oferecer.
Ao invés de ficar colocando mais coisas neles, o que precisamos fazer é comprar um produto melhor caso o nosso atual não seja bom. Para não desperdiçar o produto ruim, use para lavar o chão, ou para lugares não tão sujos, e não compre mais.
Para fazer seus próprios produtos, é preciso bastante estudo e, de preferência, oficinas em que você aprenda como fazer com segurança. Já fiz oficina de produtos de limpeza, e garanto que pode ser bem complexo.
No mais, cuidado com receitas que você encontra online, porque muita gente faz as misturas acima e o produto final até funciona. Só que aí, você desperdiçou os ingredientes que se neutralizaram e ficou mais caro do que precisava.

E é isso. Cuidem-se! 😘
PS: O @brunobittar91 fez um TikTok ótimo pra compartilhar adoidado com todo mundo e atingir o povo que não lê thread!
PPS: Antes que fiquem preocupades pela pessoa do vídeo, quase tudo que ela joga no vaso é sabão ou detergente. A única coisa perigosa é a soda cáustica (o pó branco), mas ela não reage com o sabão. É só um problema de desperdício extremo mesmo.

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13 Apr
Frustrada porque eu não acho a publicação que embasa essa notícia (e não tenho grana pra ver o resto e pegar o link, se tiver). É que esse tipo de manchete pode nos dar uma visão bem distorcida do mundo se a neurologia não se aliar à sociologia.
O pesquisador da Unicamp citado parece ser bem embasado em Sociologia, então acho que não seria o caso aqui. Mas, como muita gente vai ver só a manchete dessa notícia, deixa eu explicar qual a armadilha que muita gente cai quando Exatas e Humanas não se dão as mãos.
Quando você lê "pessoas esperam que chocolate tenha gosto amargo se estiver em uma embalagem preta", o que você pode depreender daí?

Que existe uma relação entre embalagem preta e chocolate amargo, forte o bastante para influenciar expectativas nas pessoas.

Qual a armadilha?
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13 Mar
Hoje, eu acordei filosófica. Vou "roubar" espaço da galera da astronomia por um instante para falar de conhecimentos ancestrais, diferentes formas de saber e ecologia de saberes.

Primeiro, leiam essa matéria linda:
theconversation.com/the-worlds-old…
Pra quem não entende inglês muito bem e o google tradutor não ajudou, um breve resuminho: muitos povos ao redor do mundo têm histórias que dizem que as Plêiades, um aglomerado estelar que hoje vemos com 6 estrelas, na verdade tem 7, mas uma está "escondida".
O pulo do gato é que as Plêiades *realmente* têm 7 estrelas, e uma *realmente* está escondida: ela fica bem pertinho de uma das outras, então só conseguimos distinguir uma da outra no telescópio. (No gif abaixo, são as duas estrelas da esquerda que vemos como uma.)
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10 Nov 20
Muito bem! Tempo esgotado! Além de discutirmos algumas coisas claramente erradas nesses quadrinhos, vou aproveitar e especular um pouco sobre formas mais... "exóticas" desse cenário mostrado dar errado. Essa é mais uma #ThreadPeriodica
Logo de cara, a @beatrixolive já pegou que o núcleo está sendo representado como uma única bola sólida, quando ele é um agregado de prótons e nêutrons. Como essas partículas são bem maiores que os elétrons, deviam estar visíveis.
Além disso, tem um elétron de cor diferente, sendo que todos os elétrons são iguais.
Aliás, o átomo não está em escala. Primeiro, um elétron é cerca de 1800x mais leve que um próton. Se os dois forem esferas de densidade semelhante (podem não ser), um elétron seria 12x menor.
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26 Apr 20
Então, pessoal, a Anvisa soltou uma nota técnica dando dicas de como fazer limpeza nesses tempos de coronavírus, e as pessoas me pediram para comentar. Demorou um pouquinho porque algumas coisas na nota não ficaram muito claras, então aqui vai um resumo comentado: Pessoa de máscara e luva molhando um esfregão numa caixa escrita
A nota pode ser lida na íntegra aqui: portal.anvisa.gov.br/documents/2192…
Pesquisei também nas fontes primárias dela, adiciono links no fim.
Antes de discutirmos os produtos, vamos recordar que o SARS-CoV-2 é um vírus que é coberto com uma película gordurosa (a "bicamada lipídica"), e se essa película é rompida, ele não pode invadir a célula e causar infecção. Desenho do SARS-CoV-2. Tem uma coisa parecendo uma corda enrolada no meio, que é o RNA do vírus, uma camada escurinha em volta, a bicamada lipídica, e uns
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11 Apr 20
Hoje é sábado, e quero falar de algo fofo, divertido e emocionante. Estou pesquisando sobre Marie Curie para continuar a thread da Tabela Periódica, e, como resultado, refresquei a memória com a história fofíssima do casamento dela com Pierre. ‘Bora? Foro de Pierre e Marie Curie. Ele é mais alto, de barba e bigode, ela é mais baixa, de coque.
Maria Skłodowska Curie. Química, física e matemática brilhante, duas vezes vencedora do prêmio Nobel (primeira mulher, e primeira vencedora dupla), ícone absoluto quando o assunto é mulheres na Ciência. E protagonista de uma história de amor absolutamente fofa.
A vida de Marie Curie é digna de novela. Ela nasceu em 1867, na Polônia, quando o país estava ocupado pelos russos e sonhava com sua independência. Era filha de um professor de matemática e tinha quatro irmãos mais velhos. Ela perdeu a mãe e uma irmã bem cedo. Władysław Skłodowski e suas filhas Maria, Bronya e Helena.
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4 Apr 20
Como prometido, hoje vamos falar sobre testes clínicos. Como são feitos, quando são confiáveis, por que alguns testes falam que a tal remédio mata o vírus e outros dizem que ainda é cedo para saber... Essas e outras dúvidas, vamos discutir aqui! Imagem com uma máscara, seringa, alguns comprimidos e o cantinho de uma placa de Petri. Foto por Anna Shvets.
Muito bem, primeiro, a pergunta que não quer calar: em testes de laboratório, não só a cloroquina, como outros medicamentos demonstraram que matam o vírus. Por que não damos essa controvérsia por encerrada aqui mesmo? Então...
Quando precisamos comprovar um medicamento novo, uma série de testes precisam ser feitos. O medicamento pode passar em todos os testes e falhar bem no último. Se for o caso, jamais chegará no mercado. É o destino de boa parte dos medicamentos.
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