Cenário de Risco e caminhos para a Imunização no Brasil.
Podemos viver um possível "apagão de imunizantes" dependentes de insumos/vacinas da Índia, que vive cenário crítico e que pode assumir piores proporções que a brasileira.
A Índia pode priorizar sua vacinação interna.
As pressões internas na Índia podem levar suspensão/redução temporária do insumo farmacêutico ativo (IFA) à @fiocruz e a disponibilidade da vacina COVAXIN da @BharatBiotech, ainda em avaliação pela ANVISA, mas já negociada com o Governo Federal e com a rede privada no Brasil.
Por ser um país produtor de medicamentos, insumos e materiais hospitalares a repercussão pode afetar outros itens que são objetos de exportação da nação indiana. A própria produção de vacinas compete com o consumo de vidros utilizados como frascos de medicamentos injetáveis.
De acordo ao anúncio feito no início de abril, a @fiocruz levará até setembro para desenvolver autonomia produtiva do IFA para a fabricação autônoma da vacina no Brasil.
A quebra de patentes nunca foi um tema tão urgente e necessário.
A imunização de toda a população brasileira em 2021 esta em risco.
Precisamos de novos caminhos, de decisões urgentes.
Novos estudos podem apontar outros caminhos. Urge que se estruturem robustos estudos que tratem de avaliar a ampliação do período entre doses nos imunizantes. Outra vertente deveria analisar segurança e eficácia do uso cruzado de imunizantes diferentes visando 2022/23.
Outra questão que deve ser avaliada em mais estudos esta relacionada ao uso da meia dose da vacina de Oxford. Esse assunto é polêmico e colocou em cheque o registro deste imunizante em vários países, entre eles no EUA.
No entanto, um desempenho comprovado superior a 50% de eficácia com uma dose, ou meia dose, deveria ser suficiente para uma imunização de ataque rápida no Brasil. Esse é o "desempenho de bula" que estamos buscando com duas doses da CORONAVAC.
De imediato, com base nos dados disponíveis, o @butantanoficial, o Ministério da Saúde e a @anvisa_oficial devem deliberar sobre a possível ampliação da segunda dose da CORONAVAC por pelo menos 40-42 dias, 14 a mais do previsto hoje pela bula.
A aplicação de 1 dose de ataque inicial de algumas opções de vacinas em toda população adulta, com reforço posterior, não pode ser descartada para uso no 2º semestre.
Até lá vamos precisar de estudos que subsidiem essa possível decisão.
O risco de uma nova aceleração da doença no Brasil no segundo quadrimestre é real. Chegar ao inverno sem ampla cobertura de vacinação poderá ser a antessala de uma nova fase de aceleração de casos, internações e óbitos em diversas unidades da federação.
O atual cronograma de vacinação proposto pelo PNI/MS precisa ser submetido a uma reavaliação. Ao longo do ano passado não estavam presentes a possibilidade de novas, diversas e mais agressivas ondas da pandemia e o domínio que temos hoje do comportamento das novas variantes.
O comportamento do SARS-COV-2 é diferente do H1N1, o atual Plano contra a COVID-19 adaptou diretrizes do plano da Influenza. São doenças com comportamento e expressões diferentes.
O comportamento em Ciclos de Desastres que se repetem, na ausência de imunidade sustentada/segura pela exposição prévia ao vírus e a ausência de uma agenda econômica que sustente a repercussão econômica/social das medidas de lockdown/quarentena impõe revisar o PNI.
Entre 50-59 anos o risco de óbito é significativamente maior que nas idades anteriores. Nesta mesma faixa etária estão a maioria das pessoas com cardiopatias e doenças metabólicas relacionadas ao risco de formas graves da COVID-19.
Além disso, representam população economicamente ativa e exposta a interações sociais que submetem ao risco incrementado de infeção pelo SARS-COV-2.
O Espírito Santo já viveu três momentos de aceleração da curva de casos. Outros Estados do Brasil vivem agora sua 2ª expansão e podem viver sua 3ª onda ainda este ano. Sem ampla cobertura vacinal e com a circulação de diversas variantes é melhor estarem todos preparados.
106 óbitos, a maioria (56) do sexo M, representando 52,83%; 67 (63,21%) possuíam residência nos municípios da Regional Metropolitana; 23 (21,7%) na Regional Sul; 12 (11,32%) na Regional Central-Norte; e 4 (3,77%) em outras UFs.
47 foram a óbito em hospitais da rede privada (44,34%), seguidos de 38 da rede pública (35,85%) e 21 (19,81%) da rede filantrópica. 29 (27,36%) com menos de 60 anos e 77 (72,64%) com idade igual ou maior a 60. Média de 68 anos, amplitude 15 - 111 anos.
Quanto a ocorrência dos óbitos, 04 ocorreram entre os dias 18/03/2021 e 26/03/2021, 01 ocorreu no dia 01/04/2021, 04 entre os dias 04/04/2021 e 10/04/2021, 17 óbitos na última semana, entre os dias 11/04/2021 e 17/04/2021 e 80 óbitos na semana vigente.
Num plantão de clínica médica no internato, conheci uma "cidadã soviética". Idosa, firme e segura de si, aguardava um familiar buscá-la após aliviar suas dores, uma cólica renal (por uma pequena litíase, "pedra no rim").
Nós, os estrangeiros e imigrantes, em qualquer lugar do mundo nos reconhecemos. Uma sintonia natural da condição de quem em terra alheia fala uma língua não-materna com "acento" e sotaque diferente, somos tratados como "alguém de fora", forasteiro, no caso de Cuba como "yuma".
Serão distribuídos por toda a rede de atenção, com o foco no papel da atenção básica. A orientação é que todo paciente sintomático, independente dos dias de sintomas teste no momento da consulta. Caso negativo deverá manter o isolamento, repetir o RT-PCR na janela de 3-7 dias.
O coronavirus.es.gov.br/painel-covid-1… irá acompanhar a evolução da testagem por tipo de testes realizados nos municípios. Cada caso testado obrigatoriamente deverá ser notificado no Sistema de Informação do SUS para Vigilância em Saúde (eSUS/VS).
Em alguns municípios o absenteísmo a coleta agendada de swab para RT-PCR chegou a 40%. Desta forma iremos garantir resultado imediato, evitar deslocamento de suspeitos e garantir que pacientes sintomáticos realizem adequadamente o isolamento.
A Quarentena/Lockdown reduz a competição pelos recursos hospitalares com outras doenças: caem traumas e condições clínicas/cirúrgicas.
No período da quarentena no ES a demanda diária por leito clínico não-COVID caiu 32,80%. Já a demanda por COVID-19 aumentou 61,47%.
Na atual fase de ampliação de leitos, entre 13/03-31/04/21 serão 824 leitos/COVID-19 abertos, que associados a diminuição de outras demandas, permitirão que o SUS se prepare com maior rapidez para responder a fase de aceleração/estabilidade da pandemia no ES.
O mesmo ocorre com a rede privada que, ao suspender cirurgias eletivas e receber menor pressão por outras doenças, pode ampliar sua capacidade de atendimento.
Na subida, os óbitos dobram. Nas 2 expansões anteriores aconteceram uma sequência de 3 meses de crescimento dos óbitos. Estamos no segundo mês da 3ª expansão. A violência da pandemia nesta fase parece repetir no ES algumas características da 3ª onda da gripe espanhola em 1919.
⚠️Alerto a população: com a carga atual de doentes e infectados (nem todo infectado é doente), é possível ter em abril mais óbitos que em março/21. Serão pelo menos 3 semanas com mais de 900 leitos de UTI/COVID-19 operando com a ocupação crítica.
Na primeira quinzena de abril chegaremos próximo a 2.000 leitos de UTI/Enfermaria COVID-19 operando com mais de 80% de ocupação. A expectativa é que o início da queda na pressão por leitos ocorra na segunda quinzena de abril e deverá ser lenta.
Hoje não convém dizer, talvez num livro um dia. Para hoje resta serenar e preparar a armadura para mais uma madrugada, ânimo para mais um dia levantar cedo e para o dia depois de amanhã.
Hoje não terminei a coletiva com a expressão "venceremos". Sei que vamos resistir até o final. Já não considero mais uma vitória o ponto de chegada. Seremos sobreviventes de uma catástrofe, não haverá vencedores.