Os Chachapoyas floresceram por volta de 800 EC nas florestas nubladas da região conhecida como ‘Andes Amazônicos’, entre o nordeste dos andes peruanos e a alta bacia amazônica, e integrados ao império Inca no século XVI.
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O nome atribuído à essa cultura foi dado pelos Incas e provém do quéchua ‘sach’a phuya’, algo como ‘floresta nublada’, enfatizando a geografia e ambiente de seu território, localizado no triangular formado pela confluência dos rios Marañón e Utcubamba, até a bacia do rio Abiseo.
Tal território oferecia uma posição estratégica para mediar a interação cultural entre três grandes tradições arqueológicas da América do Sul:
Os Andes centrais, os setentrionais e a Amazônia ocidental, contribuindo para o desenvolvimento artístico, arquitetônico e iconográfico.
No entanto, de acordo com análise de artefatos feitos por expedições arqueológicas, os Chachapoyas exibiam uma tradição cultural mais andina do que amazônica, como também mostram os sarcófagos antropomórficos e “mausoléus” de chullpa, elementos funerários observados nos Andes.
Muito do que sabemos dessa cultura vem de crônicas coloniais e de registros arqueológicos; os Chachapoyas eram famosos por seus guerreiros destemidos e poderosos xamãs e herbalistas, que conheciam a fundo o ambiente natural amazônico, visto como ‘esotérico’ na concepção andina.
Como muitos povos andinos, os Chachapoyas provavelmente foram organizados em grupos de linhagem conhecidos em quéchua como ‘ayllus’.
Esses ayllus compartilhavam os direitos à terra e consideravam os locais de origem (pacariscas) como as moradas sagradas de seus ancestrais.
A agricultura foi desenvolvida aproveitando o acesso a uma variedade de ecossistemas, por exemplo:
As encostas das colinas foram transformadas em amplos terraços de cultivo e as áreas baixas foram cultivadas em campos com elaborados sistemas de drenagem
O território Chachapoya também possibilitou sistemas de troca devido ao acesso aos recursos da floresta tropical.
Essas redes forneciam ervas medicinais, como a coca, mel e cera de abelha, cacau, algodão, tinturas vegetais, peles de animais, penas de pássaros tropicais, etc.
Como a própria cultura, o estilo artístico Chachapoya reflete uma mistura de influências locais e externas que apontam para conexões com os Andes e a Amazônia.
Imagens recorrentes, como figuras antropomórficas e animais podem sugerir as narrativas e crenças que elas refletem.
Uma imagem encontrada em um têxtil da Laguna de los Cóndores é a de um ser antropomórfico com dentes afiados, frequentemente mostrado de perfil.
Essas representações podem refletir aspectos do simbolismo de Chachapoya, cujo significado se perdeu com o tempo.
Sabemos pouco sobre suas crenças mas as crônicas nos sugerem forte presença de uma cosmovisão animista característica dos Andes, com o culto à huacas (locais e elementos, naturais ou não, e também objetos), à pacariscas (locais de origem), e uma forte adoração ancestral.
Inúmeras estruturas funerárias conhecidas como ‘chullpas’, junto com evidências de que visitavam os túmulos de seus ancestrais, indica que os Chachapoyas os reverenciavam, trazendo-lhes oferendas de comida e bebida e embrulhando as múmias (que poderiam ser huacas) em têxteis.
Um exemplo do culto ancestral Chachapoya pode ser visto nos sarcófagos de Carajía, eles chegam até 2,5m de altura, são feitos de argila e decorados com muitos elementos e localizados em uma ravina difícil de ser acessada, posicionados de forma com que contemplem o horizonte.
Outro exemplo é o complexo funerário de Revash, mausoléus coletivos posicionados na beira de um penhasco e pintadas em tons de vermelho e branco, tais estruturas se assemelham à casas, formando coletivamente vilas em miniatura ao longo da falésia.
Garcilaso de La Vega nos diz que veneravam cobras e consideravam o condor como uma divindade principal.
Vemos algumas iconografias de condores, imagens de cobras, no entanto, são abundantes, muitas vezes esculpidas em pedra e aplicadas como acessórios decorativos em cerâmicas.
A arquitetura Chachapoya é caracterizada por monumentos decorados com um sistema pedras dispostas em diferentes níveis, formando desenhos geométricos.
Em geral, as construções residenciais e monumentais são circulares e as paredes apresentam relevos com figuras simbólicas.
O sítio arqueológico mais emblemático dessa cultura é Kuélap, construída no cume de uma montanha a 3.000m acima do nível do mar, com vista para o Vale do Utcubamba.
Suas paredes de granito, elevam-se até 20m de altura e a cidade contava com edifícios cerimoniais e residenciais.
Outro importante sítio é Gran Pajatén, um antigo povoado no topo de uma colina com aproximadamente 25 edifícios, muitos apresentam frisos geométricos e zoomórficos em forma de mosaico e outros retratam vistas frontais de figuras antropomórficas com cocares elaborados.
Já em Los Pinchudos, estátuas de madeira são dispostas sob os beirais da câmara mortuária principal, com frisos geométricos destacados em tons de ocre, amarelo e branco.
Achados de pingentes de concha e cerâmica Chimú-Inca atestam ligações de troca estabelecidas com a costa.
A conquista Inca dos Chachapoyas começou no século XV, durante o reinado de Túpac Yupanqui.
A presença Inca foi breve, mas intensa, transformando a religião, a linguagem e os padrões de povoamento e reestruturando instituições sociais e políticas.
Houveram diversas rebeliões e depois de processos relutantes por paz, muitos foram realocados para partes distantes do império para evita-las.
Com a presença espanhola e as doenças trazidas, no início do século XVII, língua e cultura já tinham praticamente desaparecido.
O registro arqueológico Chachapoya tem lacunas, alguns caracterizam a região como pouco estudada e conhecida já que a maioria dos locais podem permanecer não documentados e escondidos por florestas.
No entanto, trabalhos futuros devem prosseguir com projetos mais intensos.
Chachapoyas: Cultural Development at an Andean Cloud Forest Crossroads; Adriana Von Hagen, Warren Church. researchgate.net/publication/22…
Vi que muita gente curtiu a thread então recomendo demais vocês darem uma espiadinha nessa filmagem de drone sobre as ruínas de Kuélap para terem uma noção da dimensão e imponência do local e também do vale circundante.
Impossível não se apaixonar! ❤️
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Mas tem uma informação que pode ajudar esse cara um pouco:
A pedra do sol (creio que o tweet se refira a ela) não representa um calendário, tão pouco um relógio, se ele deixar isso claro pro povo podem parar de azucrinar o coitado 😬😅
Apesar de ter iconografias de calendário e de eras solares da cosmologia Mexica (Asteca), existem outras possíveis funções mais coerentes: A de um ‘temalacatl’, uma plataforma cerimonial de sacrifício e combates ou um ‘cuauhxicalli’ para oferendas rituais.
No entanto, esses tipo de peças costumavam apresentar em seu centro aberturas circulares ou contavam com alças e/ou formato de tigela, respectivamente, o que sugerem que poderiam ter funções singulares e até mescladas entre elas.
A privação de oxigênio levou artistas em cavernas a estados alterados de consciência?
Uma equipe da Universidade de Tel Aviv publicou um novo artigo evidenciando que no paleolítico superior, entre 50.000 a 12.000, esse provavelmente foi o caso ao criarem arte.
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A equipe sugeriu que os artistas que eles estudaram, por toda a Europa, estavam em um estado alterado quando criaram suas artes porque o oxigênio reduzido em cavernas profundas teria causado hipóxia, privação de oxigênio, em seus cérebros, levando a um estado de euforia.
Ao usar o fogo para iluminar as cavernas, isso teria reduzido os níveis de oxigênio e levado a um estado de hipóxia, que libera dopamina e pode levar a ‘alucinações’ e ‘experiências fora do corpo’,” disse Ran Barkai, coautor e professor de arqueologia pré-histórica, à CNN.
Embora a maioria dos trompetes andinos apresentem a forma ou tenham sido feita com conchas de gastrópodes, em uma proporção menor, também foram reproduzidos trompetes de cerâmica reproduzindo a cabeça de felinos na extremidade superior.
🎺😺
Cada tipo de trompete estava relacionado a um contexto específico, cerimonial, bélico ou ritual, onde, além do sentido acústico do objeto, a atenção também se concentrava no conteúdo iconográfico ou simbólico, para que forma, função e som fossem entrelaçados.
Nesse caso, a cabeça do felino com as mandíbulas entreabertas ou abertas tinha um significado simbólico junto ao acústico, já que foi produzida para melhorar o som do ar que sairia das mandíbulas do animal, com o intuito de soar como um rugido.
Uma missão egípcia descobriu as ruínas da chamada "Cidade de Ouro Perdida", associada a grandes nomes da história egípcia antiga como Amenhotep III, Tutankhamun, Ay e Akhenaton e foi o "maior assentamento administrativo e industrial" na margem ocidental de Luxor (Tebas).
No passado, a cidade era uma metrópole industrial e real, mas sua localização exata era um mistério, até agora.
De acordo com Zahi Hawass, “Muitas missões estrangeiras procuraram por esta cidade e nunca a encontraram.”
A busca foi eficaz e as equipes egípcias anunciaram que descobriram que a cidade foi fundada pelo Faraó Amenhotep III, que reinou por volta de 1386/1391-1353 AEC.
O selo abaixo, por exemplo, ajudou a confirmar que a cidade estava ativa durante tal época.
Uma nova descoberta em Tikal revela que Teotihuacan pode ter tido um posto militar avançado na cidade Maia muito antes de possivelmente conquistá-la e reforça a ideia de que o império de Teotihuacan nasceu de uma aliança destruída.
A descoberta vem de um levantamento da região de Tikal com LIDAR.
Na parte sul da cidade, onde os mapas indicavam uma mera colina, o LIDAR revelou um pátio com uma pirâmide e notaram que seu layout parecia uma versão menor de uma estrutura em Teotihuacan conhecida como cidadela.
O arqueólogo Edwin Román Ramírez e sua equipe descobriram também armas, algumas feitas de obsidiana verde do México central, pedaços de queimadores de incenso usados em cerimônias religiosas e políticas, esculturas do deus da chuva e oferendas, todas no estilo de Teotihuacan.