Vacinas para crianças - o que temos? Siga o fio (com base na matéria da revista Nature do dia 21/04). nature.com/articles/d4158…
O artigo analisa como os ensaios explicarão as diferenças no sistema imunológico das crianças e a suscetibilidade à COVID-19, em comparação com os de adultos, bem como as precauções adicionais de segurança que envolvem a pesquisa médica em crianças.
E vamos lembrar que embora a doença seja menos danosa em crianças, devido ao seu sistema imune mais hábil em responder (artigo do grupo da @CrisBonorino abaixo), elas TRANSMITEM a qualquer suscetível. medrxiv.org/content/10.110…
Outra preocupação é a de que 1 em cada 1.000 crianças pode desenvolver a Síndrome Inflamatória Multissistêmica (MIS). Infos do CDC abaixo: cdc.gov/coronavirus/20…
Então, além da proteção, as vacinas podem barrar a transmissão, inclusive entre as crianças, e delas para adultos. "Se realmente queremos voltar à normalidade, precisamos alcançar a imunidade de rebanho em todos os grupos que potencialmente contribuem para a transmissão".
Como se darão os testes? De certa forma, os testes de vacinas em crianças menores de 12 anos serão uma repetição de testes feitos em adultos, mas com otimização de dosagem. Uma vez estabelecida a dose ideal, em grupos pequenos, os ensaios avançam para milhares de participantes.
Para participar de estudos clínicos, adultos dão CONSENTIMENTO. Para as crianças, os responsáveis é que consentirão, mas as crianças manifestam participação através do ASSENTIMENTO (item II.24 da resolução abaixo): conselho.saude.gov.br/resolucoes/201…
Sobre as respostas esperadas, o que a Pfizer já mostrou: os resultados dos 1os testes mostraram que 12-15 anos que receberam 2 doses da vacina desenvolveram níveis substancialmente mais elevados de anticorpos bloqueadores do vírus do que os de 16 a 25 anos dos testes anteriores.
Assim, questiona-se se as crianças ainda mais jovens terão a mesma resposta imune com uma dose menor, pois um efeito colateral associado à resposta gerada com a vacinação é febre (vemos isso para outras vacinas em crianças também).
Como saber se as vacinas serão efetivas? Sabemos que as vacinas previnem a COVID-19 em adultos porque os ensaios clínicos foram projetados para mostrar isso...
Eles envolveram dezenas de milhares de pessoas aleatoriamente designadas para receber vacina ou placebo, e mostraram diferenças convincentes nas taxas de doença entre os dois grupos. Porém, nos ensaios pediátricos, pode haver poucas infecções sintomáticas para medir a eficácia.
Por isso, os marcadores inflamatórios serão analisados. "Se vemos que as respostas imunes pediátricas - através dos marcadores - são as mesmas ou melhores do que vimos em adultos, podemos fazer inferências de que a vacina será eficaz."
"O estudo da Pfizer-BioNTech em adolescentes registrou 18 casos no grupo placebo, e nenhum no que recebeu a vacina, por isso é possível que os testes em crianças mais jovens também mostrem tal eficácia, mas dependerá das taxas de infecção da comunidade."
Como sabemos, a maioria das crianças é assintomática. Assim, tanto a vacina da Pfizer quanto à da Moderna irão avaliar marcadores sanguíneos de infecção assintomática. Legal, né?
Ainda com relação à segurança, os ensaios pediátricos devem procurar respostas imunes que possam exacerbar doenças, bem como sinais de que os participantes estão desenvolvendo reações imunológicas semelhantes à MIS.
Finalmente, ainda não está claro como as preocupações com coágulos sanguíneos muito raros potencialmente ligados às vacinas Oxford-AstraZeneca e Johnson & Johnson afetarão os testes pediátricos...
A Universidade de Oxford, no Reino Unido, fez uma pequena pausa nos testes em crianças de 6 a 17 anos que começou em fevereiro. A Johnson & Johnson anunciou no início de abril que iria começar a incluir adolescentes, mas parou todos os testes para investigar os coágulos.
Então, pessoal, esse é o cenário: desenvolvedoras em testes de vacinas para crianças e adolescentes, visando segurança e eficácia e bloqueio da transmissão.
A revista Science publicou ontem (29/04) um estudo sobre a escolaridade presencial e o risco de contaminação doméstica com a COVID-19. Acompanhe o fio!
Primeiro, destaca-se que as formas pelas quais a escolaridade presencial influencia a incidência da COVID-19 na comunidade são complexas. Mas há um consenso de que as escolas criam potenciais conexões de transmissão entre comunidades diferentes.
Isso ocorre pq mesmo que a transmissão em salas de aula seja rara, atividades relacionadas à entrada/saída de alunos, interações com professores e mudanças mais amplas no comportamento, relacionadas a diminuição de cuidados, podem levar a aumento na transmissão da comunidade.
Retorno às aulas e máscaras para crianças: como deixar os pequenos mais seguros já que as PFF2 são feitas (e testadas) para adultos? O segredo está no "meltblown". Siga o fiozinho! (1/11)
"Melt-blowing" é o processo de produção de uma camada de fibras do tipo "não-tecido" que usa polímeros termoestáticos. O principal é o polipropileno. É como uma de "teia de aranha"... (2/11)
A principal vantagem desse processo na máscara é justamente essa que faz o material se assemelhar à teia: a capacidade de reter partículas e permitir a passagem do ar. (3/11)
"O que torna os espaços internos tão perigosos é que o vírus exalado pode se acumular e infectar pessoas que não têm contato direto com uma pessoa infectada." Um ex. foi em um bar no Vietnã: 12 pessoas foram infectadas numa festa, mas apenas 4 tiveram contato próximo com 1 caso.
A dose infecciosa precisa para SARS-CoV-2 também é desconhecida. Mas os pesquisadores podem inferir quanto vírus expirado é necessário para causar infecção analisando surtos da doença. Esse pessoal bolou uma ferramenta de cálculo (post abaixo): onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/in…
Percebo que muitas pessoas têm dificuldade em entender o que são e onde estão os aerossóis. Vou trazer alguns exemplos aqui nesse fiozinho...
O conceito mais simples de aerossol, é que eles são partículas suspensas presentes no ar. Mas por serem muito pequenos (menores do que 1 micrômetro - a milésima parte de 1 mm), não são visíveis a olho nu. Dê uma olhada nessa figura (weforum.org/agenda/2020/10…)
E esses aerossóis, presentes no ar, nos diferentes ambientes, nas áreas abertas, carregam as mais diversas partículas (biológicas, químicas, minerais, etc.).
Muitos de nós nos chocamos com essas notícia de, em plena crise de saúde pública em que vivemos, ainda haver festas clandestinas. Pensamos "como podem!?" e emendamos um palavrão mental. Mas deixa eu mostrar o que pode ser também um comportamento de risco e que muitos o fazem! 🧵
Sabe aquele jantarzinho com o casal de amigos que "ah, mas eles se cuidam..."?
Sabe aquela preguiça de subir utilizando a escada?
Diante da escassez de doses de vacinas e dos desafios logísticos, várias estratégias de implantação estão sendo propostas para aumentar os níveis de imunidade populacional ao SARS-CoV-2. (2/7)