No Depois do Colonialismo Mental, tem um texto do Mangabeira chamado A Questão Nacional. Ali tá a caracterização e o limite de certo projeto de esquerda para o Brasil: a identificação da burguesia parasitária e anti-nacional que temos, mas a recusa em enfrentá-la.
Aliás, o texto traz o traço anti-nacional dessa burguesia quase como uma anedota cultural, uma peculiariedade das nossas elites, ignorando que se trata de uma característica funcional das burguesias periféricas e coloniais no arranjo maior do capital.
Lembrei desse texto vendo alguns debates e vídeos aí hoje. 💅🏾
E ah, sim, deixando claro, o texto e o Mangabeira estão inseridos no limite desse projeto. Chega a ser engraçado ver o Mangabeira caricaturizando a elite br, ignorando todo o debate sobre colonialismo e capitalismo que o ajudaria a defini-la em termos analíticos mais precisos.
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No início da pandemia, Paulo Guedes já anunciava o seu plano para o setor de serviços e microempresas: que quebrem, que fechem, que se lasquem. Parabéns, vem realizando plenamente.
Em menos de dois dias, cerca de 100 pessoas foram presas em Brooklyn Center, uma cidade de 30 mil habitantes, nos protestos após a execução de Daunte Wright.
Desde o caso George Floyd, mais de 10 mil (!!) manifestantes foram aprisionados no país. 👇🏾
Além da prisão e de penas pecuniárias, algumas dessas pessoas foram ameaçadas de deportação ou tiverem que se comprometer a nunca mais participar de protestos na vida. Para não falar das restrições dos direitos políticos, como o de voto. 👇🏾
Hoje, 28 dos 50 estados da federação estão debatendo leis anti-protestos, que criam uma nova classe de crimes. Na Florida, por exemplo, debate-se a possibilidade de prisão por 15 anos (!) para aqueles que participarem de ato com mais de nove pessoas. 👇🏾
Além de punir os responsáveis (políticos, militares e elite empresarial), o Brasil deveria construir uma memória pública do genocídio, para que as próximas gerações, ao se perguntarem de avós, tios, pais e mães levados pelo covid, tenham a medida do absurdo que nós naturalizamos.
Enquanto perdíamos nossos parentes e amigos, o presidente falava de mimimi e sabotava a saúde pública. Enquanto 4.000 mil pessoas morriam, a grande mídia e o baronato empresarial não arredava o pé da austeridade, deixando-nos à própria sorte.
Enquanto morria-se de fome ou vírus, o Congresso aprovava as pautas mais absurdas, desde a vacina privada ao retorno às aulas no pior momento da pandemia. Enquanto não havia vacina, médicos criminosos e a indústria farmacêutica lucravam com o charlatanismo do tratamento precoce.
Relendo "Football Mulato", 1938, de Gilberto Freyre, para a aula de amanhã, e é impressionante como o mito da brasilidade vem sempre acompanhado de anticomunismo, ainda que para falar de futebol.
Para quem não conhece, esse é um texto fundacional da crônica esportiva, (...)
escrito logo após as vitórias sobre a Polônia e a Checoslováquia na Copa daquele ano. Ali estão as bases do discurso que estabelece a singularidade da escola brasileira no futebol: espontaneidade, dança, improviso, diversão, mais criativo que tático, mais paixão que razão. (...)
Tal escola se daria justamente pela africanidade, pelo "mulatismo" do escrete brasileiro, que refletia em campo a nossa "formação social democrática como nenhuma". O Brasil era o lado dionisíaco da experiência humana contra o apolíneo totalitarismo europeu. (...)
Liberais brasileiros sempre defendem a barbárie até a razão se tornar inevitável.
No tempo de movimento estudantil, vi essa gente sendo contra cotas raciais e bolsa família, defendendo modelo de segurança militarizada e juntando-se a fascistas em eleições de DCE. 👇🏾
Hoje, vejo essas mesmas pessoas apagando esse passado, quando não muito o deturpando. Dizem que pautas como cotas e bolsa família sempre foram liberais. Bom, pode até ser, mas mesmo sendo liberais, eram radicais demais para serem apoiadas pelos liberais brasileiros. 👇🏾
É a mesma gente que hoje, diante do fascismo instaurado, prega o "não vamos procurar culpados" ou "não temos nada a ver com isso". Essa política do esquecimento é núcleo do liberalismo brasileiro, que o torna ilibado, ideologia perfeita e sem vícios. Vem das origens, aliás. 👇🏾
Se a nossa elite e a nossa mídia não fossem tão escravocratas e se Lula fosse gringo, o ex-presidente seria amado pelas primeiras.
Nada mais liberal que Lula. Só que gostam mesmo é da barbarie pura e possuem um ódio ao povo doentio.
Reinaldo Azevedo mesmo. Os países liberais tudo revendo as políticas de austeridade e a preocupação do gênio é constranger Lula para saber o que seria privatizado. É patético, ridículo. Depois ainda tem a cara de pau de dizer que a discussão está atrasada no país.
E repito. Dentro do marco liberal e social-democrata do pós-Ditadura , o PT e Lula são as duas maiores aquisições evolutivas da política brasileira. Nada representa mais o projeto de 88, em suas possibilidades e contradições, que o Partido.