Se todo negro abordado pela polícia agora resolver enfrentá-la porque está filmando, será uma carnificina. E sabe de quem será culpa? Do branco progressista que adora reagir com indignação fingida nas redes sociais. Mais uma vez o negro está sendo vítima de experimento social.
Cês não gostam de ouvir quem tem lugar de fala? Pois calem a boquinha indignada e ouçam: sou preto, cresci na periferia de SP e fui parado pela polícia inúmeras vezes e de todas as formas possíveis. O único soco traiçoeiro que recebi na vida, pelas costas, foi de um policial. (+)
Sim, eles são despreparados e estão com o monopólio da força nas mãos. Não adianta, essa é a realidade. Agora, se querem obedecer acadêmico branco foucauldiano e seus satélites negros de redes sociais, tente sorte, mas saiba que você, pra eles, é só um número.
Querem mudar isso? Votem em gente que se comprometa com a realidade — e não com fantasia acadêmica — e batalhem, junto à polícia, institucionalmente, por soluções reais. Não adianta tentar resolver esticando a corda pelo lado mais fraco, que é o jovem negro abordado injustamente.
E digo mais: todo preto da minha idade que tenha andado nas madrugadas de SP na virada dos anos 1980/90, curtido bailes da Chic Show, a Bela Vista, as quadras de escolas de samba, concorda comigo. Muitos não falam nada porque dependem do branco progressista pra terem prestígio.
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Vejam se não faz sentido: há pouco mais de cinco anos a direita era um clube de leitura, com pessoas indo a palestras, lançamentos de livros, buscando como disputar espaço cultural com a esquerda. O PT já havia feito da esquerda sua imagem e semelhança, e quem era de esquerda (+)
e não era petista, sentia o drama de ser “traidor”. Os intelectuais de esquerda, sequestrados pelo petismo, se tornaram homens-massa, e “quando Lula falava, o mundo se iluminava”. A prisão do Nine levou muita gente a um delírio coletivo (lembram do acampamento em Curitiba?); (+)
e os intelectuais petistas surtavam, vergonhosamente, em frente às câmeras (escrevi sobre isso à época, leiam no link):
Esse mundo está muito doido mesmo. Que uma chef de cozinha resolva falar de ontologia — ignorando toda a história do pensamento humano, de Parmênides a Kant, dos mitos às religiões tradicionais do oriente ao ocidente, solapando a noção de indivíduo (+)
desde a sabedoria ancestral africana ao cristianismo primitivo — já é, por si só, uma patetice descomunal. Agora, que ela ainda consiga a façanha de realizar uma “confissão de culpa” abstrata, em que sua responsabilidade individual se dilui no coletivo, a eximindo de qualquer (+)
ação efetiva — ou seja, a sinalização de virtude estéril, pueril, insossa em seu máximo esplendor — chega a ser criminoso. Que outros a aplaudam por isso é só o resultado do fosso de pensamento em que nos encontramos, só o sinal do colapso do espírito humano e da maximização (+)
Cabelo “black power” não é o MEU cabelo, é um corte de cabelo; é, antes de qualquer coisa, uma estética de “luta” criada por um movimento antirracista americano nos anos 1970. Meu cabelo é crespo, mas poderia não ser, muitos negros não têm esse privilégio, não podem “aderir”. (+)
Todo negro pode fazer do seu cabelo o que quiser, dentro das limitações que cada cabelo tem — assim como o cabelo liso também as tem. Pode alisar, fazer trança, cortar careca, quadrado, encaracolar. O nome disso é liberdade. Compreendo as questões de ser ou não o padrão, (+)
e é exatamente aí que o “black power” entra. Black power é, sobretudo, AUTOAFIRMAÇÃO. É atitude, é “negritude”. Por isso é uma contradição infantil alguém assumir a estética black power e se mostrar hipersensível quando alguém fala que o corte parece com isso ou aquilo. (+)
Mas olha só que engraçado! A “mídia preta” não admite ser criticada por outro preto. A “mídia preta” evoca uma suposta “solidariedade da raça” ao mesmo tempo que, para se defender, desqualifica a produção de um indivíduo preto. Como se pretos não pudessem discordar. Mas (+)
não me lembro da “mídia preta” me defender dos inúmeros ataques que sofro de pretos (e brancos) aqui mesmo, nesta rede social, por não ser alinhado ao pensamento hegemônico da militância atual. Seria essa “solidariedade da raça”, na verdade, uma uniformidade de pensamento? (+)
Aliás, sequer critiquei a “mídia preta” — cujo trabalho, em geral, admiro e sigo —, mas o que considero uma visão errônea e reducionista que uma articulista tem em relação ao Dr. King. Que problema há nisso? E se estou preparando uma aula sobre o tema, (+)
Olha o recado que Russell Kirk, conhecido como o pai do conservadorismo moderno americano, está mandando aos bolsonaristas, que pensam que são conservadores. Segue o fio:
“Provavelmente, tudo o que pretendem os entusiastas dessa nova proposta de ideologia anticomunista é a declaração de princípios e conceitos econômicos, amplamente promulgados, aprovados legislativamente como um guia para políticas públicas e ensinado em escolas públicas”. (+)
“Todas as ideologias, incluindo a ideologia da ‘vox populi vox Dei’, são hostis à permanência da ordem, da liberdade e da justiça. A ideologia é a política da irracionalidade apaixonada”. (+)
Sobre o retorno às aulas presenciais, todo professor que se preze a está desejando muito. Eu mesmo larguei 20 anos de TI pela sala de aula; tudo o mais é acessório. Mas, conhecendo a realidade pública e privada, confesso: estou com medo de voltar à pública nesse momento. (+)
Não, os professores não estão fazendo corpo-mole, quem vive a realidade, o “chão” da escola pública — falo por SP — sabe dos riscos desse retorno, que são imensamente diferentes dos que serão enfrentados pelas escolas privadas por um motivo muito simples: burocracia. (+)
A burocracia do sistema de ensino público brasileiro impossibilita qualquer organização efetiva da realidade escolar, e esse é um problema insolúvel. O que os burocratas dizem — e é seu papel dizê-lo — não condiz com a realidade. Até aí, normal. Mas a sociedade precisa saber (+)