Se todo negro abordado pela polícia agora resolver enfrentá-la porque está filmando, será uma carnificina. E sabe de quem será culpa? Do branco progressista que adora reagir com indignação fingida nas redes sociais. Mais uma vez o negro está sendo vítima de experimento social.
Cês não gostam de ouvir quem tem lugar de fala? Pois calem a boquinha indignada e ouçam: sou preto, cresci na periferia de SP e fui parado pela polícia inúmeras vezes e de todas as formas possíveis. O único soco traiçoeiro que recebi na vida, pelas costas, foi de um policial. (+)
Sim, eles são despreparados e estão com o monopólio da força nas mãos. Não adianta, essa é a realidade. Agora, se querem obedecer acadêmico branco foucauldiano e seus satélites negros de redes sociais, tente sorte, mas saiba que você, pra eles, é só um número.
Querem mudar isso? Votem em gente que se comprometa com a realidade — e não com fantasia acadêmica — e batalhem, junto à polícia, institucionalmente, por soluções reais. Não adianta tentar resolver esticando a corda pelo lado mais fraco, que é o jovem negro abordado injustamente.
E digo mais: todo preto da minha idade que tenha andado nas madrugadas de SP na virada dos anos 1980/90, curtido bailes da Chic Show, a Bela Vista, as quadras de escolas de samba, concorda comigo. Muitos não falam nada porque dependem do branco progressista pra terem prestígio.

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22 Apr
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gazetadopovo.com.br/vozes/paulo-cr…
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5 Apr
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