Vou fazer um fio aqui para entendermos um perigoso jogo político do qual estamos sendo parte sem saber. Não é algo novo, mas que pouca gente conhece. Chame este fio de "em terra de cegos, quem tem um olho é rei". (fio)
Luana Araújo impactou a CPI ontem e hoje aparece em diversos meios de comunicação que tentam vender a sua "genialidade" com informações sobre sua infância. Não vou entrar nos méritos nem nas teorias, mas não quer dizer absolutamente nada se alfabetizar ou tocar piano na idade x
Luana impactou a CPI por ser racional e conhecer aquilo que a sociedade pagou a ela para conhecer. Muito diferente da Nise Yamaguchi, por exemplo. Mas temos algumas centenas de homens e mulheres, biólogos, biomédicos, infectologistas e etc. no Brasil que fariam igual ou melhor.
A verdade é que Luana é (ou era) bolsonarista. Eu mesmo tive discussões com ela quando defendeu a reabertura das escolas em SP. Foi escolhida por ser bolsonarista. Bolsonarista, lavajatista que comemorou a prisão ilegal de lula e deve ter uma posição semelhante a da juliana paes
Daí quando o senado perguntou porque ela tinha sido selecionada é porque os senadores sabiam que ela era bolsonarista. E que ela se desencantou quando o mesmo conteúdo ideológico que ela defendia (e achava correto) jogou contra ela.
Ela apagou o perfil exatamente para que não pudesse ser rastreada, mas a internet tem memória e não é difícil encontrar a Luana daquela época printada por aí. Mas o que isso tem a ver com política e com o Brasil?
Aí vem o objetivo deste fio. Há muito tempo as potências do mundo tentam conservar um domínio sobre os outros povos que não seja pelas armas. O domínio pela força é caro e frequentemente colhe insucessos. O domínio pelo consentimento é barato e duradouro.
A principal técnica para isso é a "cooptação das elites". Existem muitos trabalhos de sociologia sobre isso e muitos projetos assim hoje no mundo. Vou dar três exemplos históricos.
No final da segunda guerra os EUA criaram no Panamá a chamada "escola das américas". Supostamente uma academia militar para "cooperação e troca" de conhecimento, mas que era na verdade uma forma de moldar ideologia.
Os militares selecionados iam para lá e "aprendiam" a odiar povo e esquerda. Aos poucos, os militares que voltavam desta experiência foram reputados como "mais capazes" e tinham suas promoções aceleradas e eram colocados em postos de comando por supostamente serem mais capazes.
A escola das américas garantia o selo de "capacidade" distintivo nas forças armadas e foi de lá que saíram todos os planejadores do golpe de 64. Cooptação das elites.
O mesmo aconteceu com a chamada "escola de Chicago" e o neoliberalismo. Os EUA criaram um "programa" para receber jovens economistas recém formados para fazer "mestrado e doutorado" em chicago. Com tudo pago.
Estes estudantes não eram os mais inteligentes, ou os mais capazes, mas estavam entre aqueles com um vazio interior grande, capazes de assimilar o que quer que os seus financiadores quisessem. Surgiram os "chicago boys".
Jovens com pouca ou nenhuma retidão ética ou moral e sem nenhum compromisso coletivo que eram alçados a categoria de "gênios" e quando voltavam aos seus países ocupavam cargos decisórios importantes e colocavam o plano dos seus financiadores em prática.
Quem tiver dúvida sobre a não distinção, em termos de inteligência ou competência, entre os "chicago boys" e seus colegas que ficaram em solo pátrio, basta saber que a anta do Paulo Guedes foi um "chicago boy". Cooptação das elites.
O mesmo faz hoje as fundações do Lehmann e outros milionários brasileiros com gente como a Tabatha Amaral. Todos sabem que há toda uma politicagem que envolve doações para a universidade e interesses para abertura de "programas" que recebem estudantes da américa do sul, áfrica ..
Essas pessoas não podem ser incapazes, mas estão longe de serem as melhores dos seus países. São escolhidas pelo vazio ético e a falta de compromisso nacional e social. A partir daí saem da experiência no exterior com o selo de "diferenciadas" para a população do seu país.
Em realidade, elas são diferenciadas em favor dos financiadores e não para os povos que as recebem de volta. elas são "diferenciadas" porque trazem ideologias diferentes e são dóceis à figura das potências dominantes. E isso é uma forma barata de colonialismo cultural.
A fala de Luana enfatizando que foi a "única" que recebeu determinada honraria da John Hopkins tem pouca importância nos meios acadêmicos, mas dita por ela é parte da construção da aura de "diferenciada". Ela foi escolhida por ser bolsonarista. E se desiludiu.
Que bom que ela acordou ética e moralmente (será?) mas o caso dela não pode esconder toda uma política social de cooptação das elites que acontece neste exato momento e que tem como representantes pessoas do quilate de Tabata e Kim Kataguri.
Aprendi uma regra no meio acadêmico: se o Dr vier antes do nome ele serve para nos mostrar que o ego vem antes do coletivo e não raro demonstra muito mais um artifício para esconder falhas de formação do que uma condecoração por mérito e esforço.
Quem é doutor de fato, não gosta de ser assim chamado e fica envergonhado que lhe chamem por uma coisa que a imensa maioria passa a vida discutindo consigo mesmo se está à altura do título.
Uma segunda coisa que aprendi neste mundo da "torre de marfim" é que se os livros da pessoa chegaram antes dela no exterior, ela tem valor pelo que produziu. Se ela chegou lá antes dos livros, desconfie. Lembre-se da antiga e bem sucedida estratégia da "cooptação das elites"
E lembra também que isso não acontece só na academia. Acontece na arte, na política e etc. Em toda atividade cujo ego e a vaidade estejam intrinsicamente ligadas ao sucesso, esta estratégia internacional funciona com efetividade. Não criemos heróis que lutam pelos outros.
Outra boa chance de esclarecer as pessoas a respeito de "opinião".
Platão fazia uma diferença que até bem pouco tempo se mantinha. (fio)
Platão diferenciava a "doxa" da "episteme". As duas são opiniões, mas a "doxa" é a opinião baseada nas questões de foto íntimo. Seus gostos, suas posições religiosas, políticas e etc. Esta "doxa" é de direito de qualquer um desde que seus efeitos estejam restritos ao pessoal.
Mas Platão falada da "episteme" que é uma opinião balizada pela racionalidade, informada pelo pensamento organizado. A episteme seria hoje (porque na época de Platão não eram esses termos) a ciência.
Que bom que a CPI tá trazendo para o público questões de metodologia e epistemologia científica. Assim eu me sinto importante.
Vamos falar um pouco de metodologia e porque a cloroquina simplesmente não funciona (fio)
O método científico é histórico, isto quer dizer que ele evolui e está sempre em movimento. Hoje, temos uma escala de evidências. Evidências consideradas fortes, fracas e desprezíveis. Em tendo as evidências mais fortes as mais fracas vão sendo descartadas.
As evidências mais fortes, são chamadas de "nomotéticas-dedutivas" baseadas em leis (evidenciamento da relação causa-efeito) e na lógica cartesiana. Quando se tem este tipo de evidência, considera-se a mais importante.
Muitas pessoas estão me perguntando o que é um "neoliberal"? E acho que precisamos colocar um pouco essa bola no chão.
Vamos conceituar e historicizar o neoliberalismo. (Segue o fio)
O liberalismo (sem o "neo") é um tipo de pensamento que se forma entre os séculos XVII e XIX e tem como pensadores iniciais John Locke e Adam Smith. Locke fala do liberalismo político e Smith do econômico.
Embora estas duas instâncias em alguns momentos se toquem e se transpassem o neoliberalismo é marcado primeiramente pela desimportância que dá ao econômico e não ao político.
Lei Pazuello:
Regulamenta o exercício de funções nas administrações públicas e cargos eletivos de indivíduos oriundos das forças armadas ou forças de segurança.
A 1: é vedada a participação de militares ou policiais militares da ativa em qualquer cargo da administração pública.
A 2: é vedada a candidatura de militares ou policiais militares antes do prazo de incompatibilização com suas funções que deve ser de seis (6) anos contados a partir da publicação do afastamento no espaço oficial devido.
A 3: é vedada a utilização de farda ou símbolo designativo oficial das forças armadas ou das forças de segurança dentro do Congresso Nacional e suas dependências, por indivíduos que não estejam regularmente exercendo funções profissionais de segurança sob tutela do Congresso.
Artur Lyra pautou a sandice do tal "voto impresso" que Bolsonaro e outros querem implantar no Brasil. Vi gente progressista defendendo esta bobagem. Vamos analisar aqui no fio os argumentos dessa gente e, ao final, mostrar porque é uma enorme bobagem. (segue)
Em primeiro lugar, vamos deixar assentado algo que parece óbvio: não existe nada inviolável. Nem do ponto de vista físico, nem do digital ou lógico.
E vou deixar isso claro porque vamos voltar a esse ponto diversas vezes na argumentação.
Quem acompanhou escrutínio eleitoral ao vivo sabe que mesmo ali fraudes se davam. Os partidos tinham que ter fiscais para CADA MESA APURADORA porque as ilegalidades eram absurdas. Desde mesário riscando votos válidos (para torná-los nulos) até mesário comendo votos de papel.
Vamos falar do imbroglio ANVISA-SPUTNIK neste fio.
Em primeiro lugar digo que apesar de não usar o termo "PhD" no nome do twitter (porque acho que twitter não é lugar de colocar currículo) também sou doutor. Então não venha ofender por este lado, por favor.
O COVID provoca uma alteração substancial na forma como pensamos as Relações Internacionais até aqui. A biogenética tornou-se o centro da disputa de poder. Antes era uma área importante mas que estava atrás das tecnologias bélicas e de comunicação por exemplo.
Logo, tudo o que se refere às vacinas do COVID está imerso em política e interesses. Não apenas comerciais, porque estamos falando de um mercado de curto prazo da ordem de alguns trilhões de reais, mas tbém porque o estabelecimento de superioridade nesta área altera o equilíbrio