ALERTA DE NOVO MEDICAMENTO APROVADO PARA O ALZHEIMER. 🚨 O #aducanumab acaba de ser aprovado pelo @US_FDA para o tratamento da doença de #Alzheimer. Eu, o @wagnersbrum e o @jpfsouza33 resolvemos fazer um resumo dessa história cheia de controvérsias. Segue o 🧶 1/n
A demência é um dos maiores desafios do século XXI na área da saúde, acometendo 50 milhões de pessoas ao redor do 🗺️ (a projeção é de 152 milhões em 2050). O #Alzheimer é a principal causa de demência, sendo responsável por 60-70% dos casos. 2/n
Muito debate-se sobre a causa do #Alzheimer. Mesmo que não seja consenso, a teoria dominante é a da cascata da proteína beta-amiloide (descrita nos anos 90), a qual propõe que o acúmulo dessa proteína no 🧠 funcionaria como um gatilho para a morte progressiva dos neurônios. 3/n
Até hoje, todos medicamentos aprovados para o tratamento da Doença de #Alzheimer apenas conseguem melhorar sintomas temporariamente, contudo não são capazes de retardar ou impedir a progressão da doença. 4/n
O #aducanumab foi desenvolvido pela @biogen pensando em evitar/impedir a progressão da doença, e consiste em um anticorpo monoclonal que remove as placas de beta-amiloide do 🧠 dos pacientes. 5/n
Mesmo que não seja a "cura", trata-se do primeiro medicamento direcionado à patologia da doença de #alzheimer. Assim, espera-se, também, que seja o primeiro a conseguir desacelerar o avanço desta condição. Ou seja, tenha o tão esperado efeito neuroprotetor. 6/n
Essa aprovação do #aducanumab no dia de hoje vem repleta de controvérsias 👉 Novos medicamentos devem apresentar benefícios clínicos em estudos previamente desenhados com desfechos bem definidos. Ou seja, precisam melhorar a vida dos pacientes na prática… 7/n
Como se avalia o benefício clínico de novos 💊 no #Alzheimer? Já que essa doença afeta o funcionamento global do cérebro, o tratamento estará funcionando se impedir a piora dos pacientes em tarefas de memória, independência no dia-a-dia, orientação, etc.. 8/n
Que o #aducanumab remove as placas de beta-amiloide do 🧠 não há dúvidas, mas as avaliações clínicas de cognição apresentaram somente um benefício modesto do #aducanumab - e ainda só nas doses mais altas... 9/n
Além disso, o grande problema é que o estudo do #aducanumab foi primeiramente descontinuado por falhar em uma avaliação parcial de resultados - a chamada análise de futilidade - e depois, surpreendentemente, mostrou "efetividade" pós uma re-análise dos dados. 10/n
Esses efeitos benéficos só foram encontrados em um dos dois estudos clínicos de fase III e somente depois da inserção dos dados complementares à avaliação de futilidade, o que pode ser considerado um potencial vies científico. 11/n
Enquanto os resultados clínicos são nebulosos, os resultados biológicos são convincentes: o medicamento parece reduzir a quantidade de placas de beta-amiloide no 🧠 dos pacientes (redução das regiões vermelhas na figura 👇). Como o @US_FDA lidou com essa discordância? 13/n
A modalidade de "Aprovação Acelerada" trata especificamente desses casos em que o medicamento funciona só em objetivos secundários do estudo, mas se acredita que possa gerar benefícios clínicos no futuro. É o caso do #aducanumab 👉 fda.gov/news-events/pr… 14/n
Ainda não sabemos se o #aducanumab vai realmente impedir/retardar os sintomas clínicos da doença de Alzheimer. O @US_FDA condicionou essa aprovação a novos resultados que "comprovem" sua eficácia. 15/n
Mesmo com toda essa controvérsia, a hipótese da cascata de de beta-amiloide descrita em 1992 parece ter chegado ao seu ápice. Vamos torcer que essa decisão se mostre acertada e realmente consiga tratar os portadores da doença de Alzheimer. 16/16
Ei você aí passando pelo feed, já ouviu falar do exame de imagem "tomografia por emissão de pósitrons" ou "PET scan". Não? A @mellziland explicou esses dias 👉
. Mas eu venho contar o que vem acontecendo no 🇧🇷 com o PET Scan nos últimos dias 1/n 🧵
Existem linhas de pesquisa que utilizam o PET scan para visualizar e entender o 🧠 humano. A vantagem é que o PET pode visualizar o cérebro de maneira não invasiva, ou seja, o PET abre uma "janela" em tempo real para enxergarmos dentro do cérebro. Muito bacana, não? 2/n
Mais bacana ainda é o que a nova geração de cientistas 🇧🇷 tem feito na área nos últimos meses. Primeiro, eu e o @IgorCamargoF publicamos um artigo na @TrendsNeuro propondo o PET para entender os efeitos cerebrais da COVID-19. bit.ly/TINSZimmer 3/n
O último medicamento aprovado para o tratamento da doença de Alzheimer foi a "memantina" lá em 2003. Os anos foram passando, e a comunidade acadêmica da área, apesar de ter evoluído muito no entendimento da doença, não conseguiu desenvolver um novo medicamento.
Em 2016, um artigo muito promissor foi capa da revista @nature . Nesse artigo, foram apresentados os dados da fase 1B de um estudo clínico com o “aducanumab” - um "anticorpo monoclonal" produzido pela @biogen.
Com uma infusão intravenosa mensal, os achados secundários do estudos mostravam que o "aducanumab" removia placas de beta-amiloide do cérebro dos pacientes e impedia o aparecimento dos sintomas da doença. Mas, muita cautela aqui. Isso foi em um estudo de fase 1B.