Ainda sobre a China e EUA: se os EUA aceleram sua política expansionista, que lá é regra, basicamente, isso se converte em oferta de crédito para os consumidores americanos (e um grande ganho para o sistema financeiro local) (1/10).
O banco americano ganha mais. Mas o consumidor pode consumir. Isso acelera a produção nos EUA? Sim, mas os EUA se viciaram no privilégio exorbitante e vão lá absorver a oferta mais vantajosa (2/10).
Isso, paradoxalmente, não faz necessariamente a indústria americana crescer. O próprio sistema busca a oferta global, por uma demanda induzida por um sistema global de reciclagem de capitais (3/10).
Quem aparece na frente? A China. Por quê? Porque, em primeiro lugar, o sistema econômico chinês goza de uma autonomia sem igual. E por isso, ele consegue oferecer bens para os EUA numa escala e eficiência sem igual no mundo (4/10).
Se os EUA forem travar a China hoje, basicamente, arcarão com mais inflação, uma vez que vão restringir um veio certo e abundante de oferta de mercadorias, para privilegiar fornecedores menos eficientes (5/10).
O que eu quero dizer é que o ganho em crescimento que os EUA podem ter travando a China é menor do que a perda em inflação. Biden descobriu isso em maio deste ano (6/10).
Isso torna, entretanto a China em um país viciado em exportar e não fortalecer o seu mercado interno o quanto é possível. Embora isso tenha melhorado de 2008 pra cá, quando o mercado global e tornou mais instável, sobretudo pela irregularidade da demanda euro-americana (7/10).
Os últimos 13 anos foram, por isso, piores para a China (que caiu de uma taxa de crescimento de 9% para 6%) e melhor para os chineses, que tiveram de ver seu governo fazer mais esforços na direção de fortalecer seu mercado interno e diminuir as desigualdades (8/10).
A grande questão é que a atual liderança chinesa, personificada em Xi, lida melhor com os vícios da economia chinesa do que qualquer líder americano pós-2008 lida com as manias da economia americana (9/10).
Depois, Biden fica irritadinho com jornalista, quando esquece que as sanções contra a Rússia ou a China apenas geram inflação nos EUA. Elas param, relativamente, a Rússia, mas não a China (10/10).
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"Fosse boxe o esporte em questão, o resultado da reunião de cerca de 3 horas e meia, até 5 horas no plano da Casa Branca, seria um empate técnico ou uma apertada vitória por pontos para o russo" -- se a Folha disse isso, Putin venceu por nocaute. Mas vamos lá (1/10).
Putin e Biden não foram se reunir esperando rigorosamente, nada. Então, chiste à parte, não houve luta, apenas estudo de lado a lado. Todo o resto caminhará pelo tabuleiro geopolítico, de luta econômica e militar (2/10).
A Europa foi dobrada por Biden, mas isso não quer dizer que os alemães vão abrir mão do Nordstream 2. A provocação americano-ucraniana não deu em nada. E é evidente que a Rússia não seria amadora a esse ponto (3/10).
"A forma mercadoria é um legado do capitalismo. Provisoriamente devemos conservá-la. A troca de mercadorias e a lei do valor não desempenham um papel regulador em nossa produção (1/4).
Na China, os que exercem uma função reguladora são a planificação, o Grande Salto para Frente planificado e o princípio da primazia da política. Stalin não fala mais do que de relações de produção. Não fala nem da superestrutura nem das rel. entre esta e a base econômica (2/4).
Entre nós, os quadros participam no trabalho manual e os operários participam na gestão das empresas. Enviamos os quadros para trabalhar no campo ou nas fábricas a fim de formá-los. Abolimos as velhas regras e os velhos sistemas (3/4).
Existem duas contradições antagônicas centrais no Brasil. Uma delas afeta a burguesia, essa palavra fora de moda, a outra a "classe média". Elas derivam do projeto nacional de desindustrialização e conversão disso num plantation. Sigamos (1/10).
A primeira afeta a classe média. Ela majoritariamente aposta numa burguesia cujo projeto é desindustrializar o Brasil, transformando nosso país em mais um dos brinquedinhos barrocos: em um polo, um capitalismo financeiro high-tech, no outro, uma economia real primária (2/10)
Esse país não tem espaço para uma classe média moderna. A começar pela taxa de câmbio desvalorizada POLITICAMENTE que serve à mineração, agricultura e pecuária, mas te impede de comprar um note novo. Fundos de pensão e previdência privada não vão salvar nossa classe média (3/10).
Em São Paulo, a esquerda tem sua maior chance desde 1998, quando Marta Suplicy quase foi a um 2º turno contra Maluf que ela venceria. Hoje, Haddad e Boulos estariam em primeiro, mas separados dividiriam votos (1/10).
Doria depois de sua desastrosa passagem pela prefeitura São Paulo, pegou a onda do Bolsonarismo, o que lhe custou caro. E há um stress dos paulistas em relação a ele à esquerda, que ele sempre combateu, e à direita, pela ação de Bolsonaro (2/10).
Mas há, pela primeira vez, uma mal-estar mais geral em relação à governança de direita no Estado. Como disse a pesquisa Atlas "a rejeição a Doria não tem relação direta com as restrições impostas pelo Governo durante a pandemia" brasil.elpais.com/brasil/2021-05… (3/10).
Nos últimos dias, Freixo deu passos importantíssimos para virar governador do Rio. Ter ido para o PSB facilita sua vida, quando o natural seria ele ir para o PT. Mas a movimentação entre ele e Lula é local e nacional, local pois é estritamente nacional: o Rio é chave (1/10).
No PSB, Freixo é um nome de peso para a atração de nomes que venham do PSOL e do PC do B, na direção de uma fusão prática ou até mesmo formal ali. Isso mina o poder da Família Campos no partido e, também, atrapalha os planos de Lupi e Ciro que seria a grande fusão PSB-PDT (2/10).
Na eleição, Freixo teria o apoio do PT garantido e poderia atrair outras legendas. Isso esvazia o poder de fogo da Delegada Martha Rocha (PDT), que é uma candidata sim, forte -- e deixaria a direita miliciana sem um representante civilizado para servir de cavalo de troia (3/10).
@PedroCastilloTe venceu, finalmente, a eleição peruana, embora ainda se falte apurar alguns votos. É uma vitória menor do que de Dilma contra Aécio aqui em 2014, mas muito significativa. Seu pequeno partido de esquerda radical venceu uma implacável e gigantesca máquina (1/10).
Dado curioso, é que mais gente votou no 2º turno do que no 1º. É raro isso acontecer. Mas Castillo mobilizou gente, e não foi pouca, para votar nele. O quórum pulou de 70% para 75%. Se isso foi o voto antifujimorismo apenas, pelo menos ele soube catalisar isso (2/10).
Keiko Fujimori concentrou os votos do poderoso Departamento de Lima, onde se reúne um terço da população e metade do PIB peruano. Sim, além de tudo, há uma brutal desigualdade regional no país (3/10).