O Brasil se aproxima do momento de decisão. Basicamente, Bolsonaro e os generais que lhe apoiam abriram as porteiras institucionais para "garantir" o Capitão. Por outro lado, a CPI avança, a popularidade dele cai e Lula avança, com um fortalecimento das esquerdas (1/7).
Bolsonaro busca ganhar tempo para que a pandemia, magicamente, vá embora e a tal alta das commodities venha lhe salvar, magicamente. Na dúvida, o governo conta com um cenário institucional que lhe permita, não importa como, ganhar (2/7).
O marco das 500 mil mortes e as manifestações contínuas, sem que o governo se mexa convergem na direção de uma radicalização -- que talvez o governo até queira, para poder reprimir (3/7).
Bolsonaro conta com seus apoiadores no governo Biden, sobretudo Tony Blinken, a quem ele suspeita que convencerá Biden a não se quedar às pressões progressistas, tudo em nome da escalada anti-China (4/7).
Isto é, cedo ou tarde, a conjuntura irá empurrar o povo e a classe trabalhadora para uma radicalização, e Bolsonaro idem, com ou sem essa radicalização, irá para as cabeças, uma vez se veja realmente ameaçado para 2022 (5/7).
O Brasil, enquanto isso, pelo jeito está fora do g-60 de vacinação. Em alguns casos, a depender da agência, pode estar entre a posição 68 ou 78 em termos de vacinação. Algo ridículo diante da estrutura brasileira para vacinar e da gravidade da situação (6/7).
Enquanto isso, Bolsonaro produz uma maxidesigualdade, com resultados medíocres na economia combinados com uma tragédia social, o que sugere muita, mas muita concentração de renda. Não há saída para o Brasil senão removê-lo, mas a luta será inglória (7/7).
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Volta e meia surge uma questão sobre a China. Mas o fato é que existe uma certa confusão sobre o uso de capitalismo ou não. Deng Xiaoping, com razão, fala que uma economia de mercado não necessariamente é capitalista. Vamos lá (1/10).
O mercado é uma invenção romana. Ou das cidades do mundo antigo. Mas o termo que chega até nós é pelos romanos. O comércio, sob variadas formas é muito antigo. Um locus para o comércio, no entanto, é posterior e chega aqui via Roma mesmo (2/10).
Roma era capitalista então? Não. O capital é uma relação social particular. O capitalismo é sistema que está compreendido essas relações, é onde essas relações são estruturantes. No Brasil, p.ex., há economia solidária, mas o sistema deixa de ser capitalista por isso? Não (3/10).
Ainda sobre a China e EUA: se os EUA aceleram sua política expansionista, que lá é regra, basicamente, isso se converte em oferta de crédito para os consumidores americanos (e um grande ganho para o sistema financeiro local) (1/10).
O banco americano ganha mais. Mas o consumidor pode consumir. Isso acelera a produção nos EUA? Sim, mas os EUA se viciaram no privilégio exorbitante e vão lá absorver a oferta mais vantajosa (2/10).
Isso, paradoxalmente, não faz necessariamente a indústria americana crescer. O próprio sistema busca a oferta global, por uma demanda induzida por um sistema global de reciclagem de capitais (3/10).
"Fosse boxe o esporte em questão, o resultado da reunião de cerca de 3 horas e meia, até 5 horas no plano da Casa Branca, seria um empate técnico ou uma apertada vitória por pontos para o russo" -- se a Folha disse isso, Putin venceu por nocaute. Mas vamos lá (1/10).
Putin e Biden não foram se reunir esperando rigorosamente, nada. Então, chiste à parte, não houve luta, apenas estudo de lado a lado. Todo o resto caminhará pelo tabuleiro geopolítico, de luta econômica e militar (2/10).
A Europa foi dobrada por Biden, mas isso não quer dizer que os alemães vão abrir mão do Nordstream 2. A provocação americano-ucraniana não deu em nada. E é evidente que a Rússia não seria amadora a esse ponto (3/10).
"A forma mercadoria é um legado do capitalismo. Provisoriamente devemos conservá-la. A troca de mercadorias e a lei do valor não desempenham um papel regulador em nossa produção (1/4).
Na China, os que exercem uma função reguladora são a planificação, o Grande Salto para Frente planificado e o princípio da primazia da política. Stalin não fala mais do que de relações de produção. Não fala nem da superestrutura nem das rel. entre esta e a base econômica (2/4).
Entre nós, os quadros participam no trabalho manual e os operários participam na gestão das empresas. Enviamos os quadros para trabalhar no campo ou nas fábricas a fim de formá-los. Abolimos as velhas regras e os velhos sistemas (3/4).
Existem duas contradições antagônicas centrais no Brasil. Uma delas afeta a burguesia, essa palavra fora de moda, a outra a "classe média". Elas derivam do projeto nacional de desindustrialização e conversão disso num plantation. Sigamos (1/10).
A primeira afeta a classe média. Ela majoritariamente aposta numa burguesia cujo projeto é desindustrializar o Brasil, transformando nosso país em mais um dos brinquedinhos barrocos: em um polo, um capitalismo financeiro high-tech, no outro, uma economia real primária (2/10)
Esse país não tem espaço para uma classe média moderna. A começar pela taxa de câmbio desvalorizada POLITICAMENTE que serve à mineração, agricultura e pecuária, mas te impede de comprar um note novo. Fundos de pensão e previdência privada não vão salvar nossa classe média (3/10).
Em São Paulo, a esquerda tem sua maior chance desde 1998, quando Marta Suplicy quase foi a um 2º turno contra Maluf que ela venceria. Hoje, Haddad e Boulos estariam em primeiro, mas separados dividiriam votos (1/10).
Doria depois de sua desastrosa passagem pela prefeitura São Paulo, pegou a onda do Bolsonarismo, o que lhe custou caro. E há um stress dos paulistas em relação a ele à esquerda, que ele sempre combateu, e à direita, pela ação de Bolsonaro (2/10).
Mas há, pela primeira vez, uma mal-estar mais geral em relação à governança de direita no Estado. Como disse a pesquisa Atlas "a rejeição a Doria não tem relação direta com as restrições impostas pelo Governo durante a pandemia" brasil.elpais.com/brasil/2021-05… (3/10).