A forma pela qual Rogério Ceni foi demitido do Flamengo é grave, desrespeitosa.
Quando entendermos que os medalhões, as dívidas e a falta de inovação no futebol brasileiro começa em diretorias amadoras como a do Flamengo, que o problema tá na gestão, aí a coisa melhora...
Toda hora, te vendem e fazem você acreditar que o problema do seu time é o técnico. Que ele isso, que ele aquilo. A conclusão lógica, que todo mundo toma, é simples: "troca".
Mas o problema, na maioria das vezes, não é ele. É a diretoria. Gente que você não sabe nem o nome.
Não adianta cobrar que o técnico do seu time seja "moderno e atualizado", como tentam te vender que soluciona, se ele não tem o mínimo respaldo da diretoria ou não está inserido num planejamento maior.
Exemplo: Thiago Nunes no Grêmio e Corinthians.
Também não adianta reclamar do medalhão ultrapassado, quando é ele que chega para resolver problemas sistêmicos numa boa campanha de curto prazo, que resulta em título ou fuga do rebaixamento, e faz a diretoria ser tida como "boa".
Exemplo: Felipão no Palmeiras e Grêmio.
E antes que você ache que tudo resolve num treinador europeu, pense que para cada Jorge Jesus ou Abel Ferreira tem outros tantos que sofreram as mesmas coisas, como Aguirre, Dudamel, Jesualdo e tantos outros.
O problema não é treinador. É achar que treinador resolve tudo, que tem que ser tido como um salvador da pátria.
Técnico é só parte do departamento de futebol de um clube. Tem que ter o trabalho avaliado de forma racional. É tão importante quantos outros cargos.
No Brasil, essas diretorias nunca oferecem um ambiente profissional. O técnico chega e tem que dar resultado em pouco tempo, tem que administrar problemas no grupo (tarefa que não é dele), tem que contratar sozinho (tarefa que não é dele), tem que solucionar crise política...
O técnico entende que precisa simplificar o jogo e fazer o simples: jogar atrás e no contra-ataque. Consegue resultados, passa de fase, enche os cofres e, quem sabe, contrata pra jogar de forma diferente no outro ano.
É reflexo da diretoria. Não é o técnico que é malvadão.
O futebol brasileiro precisa repensar a gestão dantes de repensar o jogo.
Porque quem avalia o trabalho do treinador segue agindo por emoção, demitindo na calada da madrugada, indo no exterior contratar alguém porque foi auxiliar de x, recontrata depois de meses.
Amadorismo.
Na maioria das vezes, como está sendo com Ceni, a demissão é aprovada pela torcida.
Porque torcedor age por paixão. Amador vem de "amor". Quem age pela emoção age por impulso e não pensa no futuro. Diretoria tem que agir pela razão e não pode, nunca, escutar torcida.
Torcedor pensa no jogo, no lance, no agora. Diretoria tem que pensar no dinheiro até o fim da gestão, no desenvolvimento de jogadores, em multas se demite o técnico.
É por agir igual torcedores que as gestões no Brasil são amadoras. E obrigam os técnicos a serem medalhões.
Não caia mais nessa narrativa de que o técnico medalhão é culpado, que o estrangeiro ou o novato soluciona pra depois de 3 meses serem demitidos.
O futebol brasileiro precisa de gestores competentes.
Que ao menos saibam demitir alguém com respeito, o que não foi feito com Ceni.
Ah, e sobre Renato Gaúcho, é só olhar o que aconteceu no Grêmio. Se vier ao Fla, pode vencer muita coisa, ainda mais com um elenco tão qualificado.
A questão é outra: vencendo ou não vencendo, os problemas de gestão do Flamengo vão ser solucionados?
A quarta eliminação do Palmeiras numa disputa de pênaltis em 2021 é sinal de uma dificuldade cada vez mais aparente: criar contra defesas fechadas.
Pode parecer que o problema está no elenco.
Não é isso. O desafio é mais difícil: mudar o modelo para novos desafios. Vem no fio👇
Primeiro de tudo: criar jogo é um mecanismo coletivo. Não depende de um camisa 10 com poderes mágicos, como diz o imaginário popular.
É um engrenagem que envolve movimentos sem a bola para tirar o adversário do lugar e abrir espaço para alguém, como o volante ou o camisa 9.
Abel Ferreira opta por criar espaço a partir de um jogo direto. Veja bem: não é chutão, não é bagunça, é direto. Rápido, sem firula, com passes para frente e agilidade pra chegar ao gol.
Esse jogo direto tem dois mecanismos claros: a saída de três e infiltrações dos atacantes.
Apertem os cintos: o Jogo de Posição irá dominar novamente o debate esportivo com a chegada de Miguel Ángel Ramírez no Internacional.
Mas afinal, que raios é isso?
Antes de tudo: Jogo de Posição é uma filosofia. Um jeito diferente de ver futebol. Segue o fio pra entender! 👇
Conhecimento é algo vivo e em constante transformação.
Então é muito natural que o Jogo de Posição (vamos abreviar pra JdP) cause tantas confusões e enganos, como "o time fica estático", "os jogadores ficam robotizados" e outros discursos saudosistas e negacionistas.
O nome dessa filosofia não ajuda: a gente relaciona a posição ao campo.
Então se vemos dois laterais abertos esperando a bola, pronto: é Jogo de Posição! Isso aconteceu muito com o Bruno Henrique na passagem de Dome pelo Fla.
Luan e Isla, separados por quilômetros e dias, foram eleitos culpados pelos gols sofridos por Palmeiras e Flamengo no final de semana.
Quando alguém erra, o que é mais produtivo fazer: eleger o culpado e pronto ou entender o motivo do erro?
Segue o fio pra pensar um pouco 👇
Vivemos numa cultura que individualiza e dramatiza a culpa como causa dos nossos insucessos.
Se existe um dano, você aponta o culpado e basta eliminar a causa de todo o mau que tudo segue seu curso regular e virtuoso.
É o que acontece em todas as eleições, por exemplo.
A psicologia aponta que eleger culpados é uma forma inconsciente de lidar com a frustração. É uma defesa da mente, como se fosse um muro criado para livrar um pouco a carga de reflexão e desprendimento que a aceitação do erro leva.
Quando um time joga mal, um clichê comum é dizer que "falta padrão de jogo". Que o time é uma bagunça.
É o que acontece no Flamengo.
Mas não é pelo tal do padrão. O Flamengo tem uma ideia de jogo, até que bem clara. Só que ela não tá sendo executada como deveria. Segue o fio👇
Primeiro de tudo, o que é esse tal de padrão de jogo?
Diz o dicionário que o termo "padrão" significa "Aquilo que serve para ser imitado como modelo; protótipo".
Logo, padrão é algo a ser seguido. Algo para se espelhar e REPETIR ao longo do tempo.
Padrão é algo para você se basear.
Um padrão de jogo é um posicionamento ou movimentação que os jogadores devem seguir nos momentos do jogo (ataque, defesa, transição) para todo mundo chegar no mesmo objetivo: a vitória.
Você já parou para pensar como que técnicos, analistas e jogadores trabalham for do jogos?
Como que é o dia-a-dia quando ninguém está vendo?
O técnico Maurício Barbieri eu uma pista dessa rotina: é feita de estudo e treino visando unicamente uma coisa: a vitória. Segue o fio 👇
Todo mundo no futebol quer vencer. Não existe uma única alma que não se empenhe ou entre em campo para perder.
Vencer é o que nos move. Todos querem, só que só tem pra um time.
Então o que resta é tentar. Chegar perto. Fazer o máximo para alcançar os três pontos.
O futebol não seria apaixonante se ele não fosse tão subjetivo assim. No fim você não tem muita fórmula ou jeito de fazer as coisas certas. Você tem que unicamente tentar.
E uma das formas de tentar é estudar o adversário e procurar, antes do jogo, formas de vencê-lo.