Vera Rosa é uma das decanas da cobertura política de Brasília. Apuração dela, e todo mundo em BSB sabe disso, não tem barriga. Ela assina com a Andreza Matais, que é diretora da sucursal. Juntou as duas numa só reportagem com este peso?
Aconteceu.
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Ou seja: Braga Netto e os três comandantes das Forças Armadas foram ao presidente da Câmara dos Deputados e o ameaçaram de golpe de Estado perante testemunhas.
E aí?
Aí Arthur Lira não deu o que eles queriam e eles não fizeram nada.
Piora.
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É pior porque, uma semana depois, o presidente Jair Bolsonaro demitiu sem aviso prévio um dos generais quatro vezes estrelados do Palácio para colocar em seu lugar o presidente do partido de Lira.
Os generais não só perderam.
Eles perderam feio.
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Esta foi a pior, mais clara e grave ameaça de golpe de Estado desde que Bolsonaro chegou ao governo.
E aí?
E aí os generais saíram humilhados.
E nada fizeram.
E Bolsonaro entregou mais um pedaço de seu governo para o Progressistas.
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Nós não estamos em 1964, a frota americana não está na Baía de Guanabara, a URSS não existe, a população quer vacina e não recebe e, francamente, não tem mais Lott, não tem mais Olympio Mourão, não tem mais Golbery, não tem mais Geisel, não tem mais Castello.
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O que tem são esses coronéis disputando propina de vacinas com os homens do Progressistas no Ministério da Saúde enquanto meio milhão de brasileiros morrem.
O Exército sai humilhado e desmoralizado deste governo. Por falta de coragem e honradez de seu alto-comando.
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Sabe o que aconteceria se tentassem fechar o Congresso com tanques?
Um milhão de pessoas na Paulista, outro milhão na avenida Presidente Vargas, em uma só voz pedindo democracia.
Rejeição do golpe por EUA, Europa, China e todos os países vizinhos.
Não dura dois dias.
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É claro que Braga Netto negou. É claro que Arthur Lira negou.
Se não negam, o que ocorre?
O alto-comando do Exército tem de ser imediatamente destituído por quebrar seu compromisso constitucional. Estes homens, como Braga Netto, se confirmam admitem a um crime gravíssimo.
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A gente não sabe o que acontecerá durante o dia.
Mas não vai ser um dia tranquilo.
Enquanto isso, o Brasil está sendo governado pelo PP. Arthur Lira ganhou. No cenário atual, não tem nenhuma cara de que vai ter impeachment.
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A nota das Forças Armadas contra a CPI da Covid é completamente descabida, é uma ameaça ao Senado da República que não tem espaço numa democracia.
Forças Armadas não devem se manifestar politicamente. Ponto.
Mas há nuances que precisamos levar em consideração.
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Houve Golpes de Estado com envolvimento militar em 1889, 1891, 1930, 1937, 1945, 1955 e 1964. Só um fracassou.
O Brasil tem pleno direito de olhar para as Forças Armadas com uma profunda desconfiança de suas convicções democráticas.
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São os militares que precisam provar que mudaram, não o contrário.
Com gestos como o do ex-comandante do Exército Eduardo Villas-Bôas, que ameaçou o STF, ou com esta nota, o que os militares fazem é reforçar a impressão de que ainda entenderam seu papel numa democracia.
Fui chamado de ‘neoliberal’, ‘fascista’ e ‘minion’ por defender a privatização dos Correios.
Se ‘neoliberal’ quer dizer thatcherista, obcecado por uma fantasia de Estado mínimo, não sou.
Fascista? É só mostra de que gente demais não leva o termo com a seriedade que devia.
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Não sou economista. Não sou especialista em logística.
E não acho que preciso ser.
Isso tem a ver com visões de mundo, de papel do Estado, e é importante termos esta conversa.
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Das três repúblicas com eleição para presidente, esta Nova República foi a melhor. De longe. Estabilizamos a moeda e demos poder de consumo a um sem número de brasileiros.
Ainda assim, a gente tem de constatar que o Estado brasileiro fracassou no importante.
O problema de Jair Bolsonaro não é que ele é de direita.
O problema é que, sendo presidente, ignora ciência no meio de uma pandemia.
Não comprou vacinas porque lidera um governo onde inteligência e método de gestão são vistas com desconfiança.
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O problema de Jair Bolsonaro é que ele é um poço de preconceitos: contra mulheres, LGBTQ+, negros, indígenas.
Seu problema é que, sendo ignorante, não percebeu ainda que a Amazônia é o bilhete premiado de entrada do Brasil no século 21. Inclusive economicamente.
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Ele é autoritário. Não deseja um sistema com divisões entre três poderes independentes que se vigiam e se contrapõem uns aos outros — quer mandar em tudo.
É bárbaro. Defende que polícia deve ter poder de execução sumária bastando para isso a opinião do policial na hora.
Um problema é legal, por dois ângulos. Pela Constituição e pela LGPD.
Todos nossos direitos políticos — livre expressão, livre assembleia, livre manifestação — são garantidos com uma ressalva explícita. É vedado o anonimato.
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Há um motivo para isso.
A conversa sobre política na sociedade tem de ser aberta.
É assim que democracias sobrevivem.
É duro se opor à onda bolsonarista com cara aberta?
Acreditem. É.
Muita gente o faz.
Mas os direitos políticos no Brasil estão ancorados na identidade.