Um dos desafios políticos mais interessantes de assistir, nos próximos meses, é o de Ciro Gomes.

O eleitorado se dividiu em (grosseiramente) um terço, um terço, um terço.

Lula, Bolsonaro, e e o nem-nem.

Ninguém está melhor posicionado do que Ciro. Mas...

🧵
Lula conversa com moderados e consegue, qnd quer, trazer seu discurso para o Centro.

Bolsonaro não tem como. Tem os dele, o que conseguir com práticas fisiológicas, e meio que para aí.

Sem Lula, Ciro poderia disputar votos na esquerda convicta. Com Lula, fica no q já tinha.

+
Ciro não tem escolha que não caminhar claramente para o Centro.

Isto quer dizer, no caso dele, que ele precisará seduzir eleitores de centro-direita.

Isto quer dizer que ele vai ter de moderar o discurso.

Tem tempo para isso e João Santana é craque desses truques, mesmo.

+
Mas a conversa sobre política nas redes está polarizada, está intolerante, não abre espaço para maleabilidade.

Patrulha ideológica a mil. Derrapou e falou algo fora do credo, o enxame vem.

+
Olha... É arte política sofisticada a da modulação de discurso que Ciro vai ter de construir ao longo do próximo ano.

Ir lentamente mudando sem perder quem tem, trazendo quem não tem.

(Mandetta dá um bom vice, hein?)

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23 Apr
A entrevista do Wajngarten à @VEJA pode se mostrar bem importante.

O lide: Pazuello foi incompetente, errou demais, a culpa é dele e Bolsonaro não sabia.

A chave para interpretar: Wajngarten foi demitido da Secretaria de Comunicação e substituído por um militar.

Um fio

🧵
A briga do Wajngarten é com os militares.

Mas já já vai ter uma CPI para investigar justamente as responsabilidades do governo federal na pandemia.

O primeiro depoimento importante? De Pazuello. Um general da ativa.

Então...

+
Bolsonaro acaba de sair de uma briga com os militares. Demitiu todo o comando das Forças.

O presidente tb tem a expectativa de que o general ex-ministro vá depor e não o responsabilize por nada.

Agora, o ex-ministro acaba de ser jogado na fogueira por outro ex-ministro.

+
Read 8 tweets
31 Mar
Se fala muito da censura, da tortura, dos assassinatos.

Não se fala o suficiente sobre a inépcia administrativa.

No governo, o que os números mostram é muito claro: os generais que cuidaram da gestão do país entre 1964 e 1985 eram incompetentes.

🧵
Na década de 1960, quando o dólar estava baixo e os juros internacionais idem, escolheram pegar quanto dinheiro dava emprestado.

Com isso, na década seguinte, criaram alguma infraestrutura que se mostrou importante — Itaipu, Ponte Rio-Niterói.
Também jogaram muito dinheiro fora. A Transamazônica — obra caríssima da qual não sobrou nada. Usina Nuclear de Angra, que está lá de pé, mas nunca valeu nem perto do que se pagou.

Quando veio a crise do petróleo, os juros no mundo explodiram.
Read 11 tweets
22 Mar
No domingo, fiz uma provocação por aqui.

Disse que aparentemente não se ensina mais democracia nas escolas. Que jovens militantes de esquerda demais não reconhecem legitimidade na existência de uma direita.

Acho que vale clarear um pouco mais o que quis dizer.
Primeiro: não acho que o problema seja de professores.

Não foi uma alusão ao Escola sem Partido.

O problema é de currículo.

Minha impressão é de que o trauma da Ditadura fez com que nós abríssemos mão de certos ensinos importantes.

Um deles é o de sociedade, de cidadania.
Eu fui estudante no tempo da Ditadura, tive aula de Moral e Cívica e OSPB, disciplinas inventadas por Plínio Salgado, o fundador do fascismo brasileiro.

Aquelas coisas tinham de ter sido extirpadas do currículo, como foram.

Mas tinham de ter sido substituídas.
Read 11 tweets
19 Mar
Ainda sobre o vídeo da @veramagalhaes

O Brasil é profundamente desigual. Só gente muito radical de direita discordará disto.

Constatar a desigualdade não é xenofobia. É questão de ter olhos para ver.

+
O que a Vera fez foi exatamente isso.

Perceber que hospital que atende gente pobre ficar sem recursos, no Brasil, é comum.

Não quer dizer que devia ser assim, porque não devia. Mas é.

Hospital que atende gente rica ficar sem recursos — isto é incomum.

+
O que quer dizer colapso hospitalar no Brasil?

O que quer dizer um cenário incomum, raro e que, por isto, demonstra o tamanho do drama que estamos vivendo?

Num país desigual?

É quando até o hospital dos muito ricos fica sem capacidade de atendimento.

+
Read 6 tweets
10 Feb
Puxando aqui o fio de raciocínio do @claudio_couto e do @CECLynch...

Hj fiz uma crítica ‘à esquerda’.

É evidente que não é a toda a esquerda.

Nem toda a esquerda distorce o que os outros falam com o objetivo de lacrar e apedrejar. É só uma parte — que fala bem alto.

Um fio 🧵
Da mesma forma...

Nem toda esquerda é corporativista ou ignora responsabilidade fiscal.

Nem todo mundo que defendeu a investigação da corrupção no governo petista é cego perante os desvios éticos de Sérgio Moro.

Nem todo liberal é de direita ou ignora o drama da desigualdade.
Nem todo conservador é reacionário ou autoritário.

Nem toda direita é bolsonarista.

Nem todo mundo envolvido em movimentos feminista ou LGBTs é de esquerda.

Fazemos generalizações a toda hora. E a dinâmica do debate nas redes sociais promove o abandono de nuances.
Read 15 tweets
15 Jan
Tem uma conversa que nós não estamos preparados para ter no Brasil.

É sobre como pensamos impeachment.

Por isso, sei em que vai dar este fio aqui. Vai implodir.

Ainda assim, a maneira como os americanos pensam impeachment, em tempos de Bolsonaro, tem muito a nos ensinar.

🧵
Fernando Collor de Mello sofreu impeachment acusado por agir de forma incompatível com o cargo. Por quebra de decoro. O crime tinha provas tão frágeis que ele foi inocentado no Supremo.

Mas estávamos confortáveis com isso.
A diferença real entre Collor e Dilma, queiramos admitir ou não, é que o PRN não era um partido. O PT era

O PT tem base popular real, tem militância real, representa de fato um conjunto de valores na sociedade.

O PRN não era nada, Collor não era uma liderança política relevante
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