Bora falar então dos três porquinhos do Tradicionalismo: Bannon, Dugin e Olavo de Carvalho.
Vamos ver da onde surgiu as ideias desse guru do Bolsonaro e seus colegas
Bannon, ex-estrategista de campanha de Donald Trump, concedeu entrevistas a Teitelbaum. Nelas, ao abordar o Tradicionalismo, Bannon contou como descobriu o Tradicionalismo numa viagem para o Oriente e demonstrou bastante conhecimento sobre pensamentos de Guénon e Evola.
Apesar de não podermos chamar Bannon de tradicionalista, pelas ideias conflitantes entre Tradicionalismo e políticas populistas de extrema direita, é notório que essas ideias influenciaram o estrategista
Principalmente quando ele entende seu nacionalismo estadunidense não como um nacionalismo definido a partir de limites do Estado Nação, mas como uma defesa da identidade espiritual estadunidense.
Dugin tem uma interessante trajetória política descrita no livro, a quem Teitelbaum teve acesso por já ter pesquisado extrema direita do leste europeu. O primeiro contato com ideias Tradicionalistas teria sido a leitura de Julius Evola no círculo ocultista russo Yuzhinsky em 1980
O círculo que Dugin fazia parte também possuía algum fascínio com iconografia nazista, frequentemente utilizando fardas do exército nazista e outros símbolos.
A defesa do fascismo feita por Dugin e pelo círculo talvez não tivesse tanta relação com o fascismo em si, mas sim com a ideia dele ser contra o governo soviético. Na mesma década, Dugin foi preso pela KGB por atividades contrárias ao governo soviético da antiga URSS.
Após a queda da URSS, Dugin passa a adotar um discurso contrário aos Estados Unidos, entendendo que a Rússia representa uma força de Tradição no mundo, enquanto os EUA representariam uma força da Modernidade, a qual Dugin (e o Tradicionalismo) se opõe.
Esse conflito também tem um importante aspecto espiritual para Dugin, entendendo essa guerra também como espiritual.
Com isso, em 1993 ele funda o Partido Nacional Bolchevique na Rússia, uma junção dos nomes do Partido Nacional Socialista (nazista) com Bolcheviques, revolucionários russos socialistas.
A oposição diametral das duas ideologias não incomodou Dugin, ele defendia que seria necessário a junção dessas duas ideologias para se contrapor a potência estadunidense.
Já em 2002, Dugin abandona o Partido Nacional Bolchevique e funda o Partido Eurasiano, defendendo a ideia de que a Rússia deveria dominar a Eurásia (fronteiras mais ou menos parecidas com a antiga URSS).
O símbolo escolhido é o símbolo do caos em alguns grupos ocultistas, as 8 setas apontadas para diferentes direções, que revela que o pensamento ainda era bastante influenciado por questões místicas.
A mais nova ideologia defendida por Dugin, porém, é a da Quarta Teoria Política, uma teoria crítica anti-liberal e anti-moderna do fascismo e do comunismo, que será abordada em outro tema
Teitelbaum explora bastante a relação entre Banon e Dugin, já que Dugin é conselheiro de Putin, Banon de Trump e ambos são influenciados por ideias Tradicionalistas. O autor narra encontros e conversas dos dois, onde se discute bastante as ideias Tradicionalistas.
A terceira figura é o astrólogo brasileiro Olavo de Carvalho. A relação entre Banon e Olavo de Carvalho já é bem estabelecida e documentada, mas Teitelbaum explora também a relação entre Olavo de Carvalho e Dugin, através do Tradicionalismo, que os dois já debateram
Olavo de Carvalho teve seu primeiro contato com o Tradicionalismo através do sufismo islâmico nos Estados Unidos, quando teve contato com Frithjof Schuon, um dos pensadores do Tradicionalismo mais importante do século XX.
Olavo se interessou pelo Tradicionalismo e começou a trazer esse pensamento para o Brasil. Apesar de ter se afastado do islã, Olavo ainda apresenta autores do Tradicionalismo para seus seguidores.
De Carvalho não é um autor ortodoxo, não se filia a apenas uma escola de pensamento, mas é possível ver influências do Tradicionalismo nos seus escritos, em especial a crítica à ciência moderna, o anti-progressismo e anti-globalismo.
Não podemos afirmar que os três são Tradicionalistas, mas que suas ideias são bastantes influenciadas por essa escola de pensamento anti-moderno e que essa influência contribuiu para um diálogo entre os três.
Ou, como coloca Teitelbaum, o Tradicionalismo pelo menos oferece um local para que os três desfilem seu ego.
Referência:
Teitelbaum, B - Guerra Pela Eternidade: o Retorno do Tradicionalismo e a Ascensão da Direita Populista amazon.com.br/Guerra-Pela-Et…
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Bora falar então dos seguidores de Evola contemporâneos e acabar com essa bad trip que é o Tradicionalismo
Os evolitas brasileiros contemporâneos pesquisados geralmente se aproximaram do pensamento do autor a partir de interesses no que chamam de “ocultismo”, com interesses que variam entre budismo, hinduísmo, maçonaria e outros “conhecimento milenares”, como chamam.
Eles compartilham da ideia do autor de que a “nossa era é uma era de decadência” e os pontos positivos de Evola, para eles, seria a retomada positiva de uma ortodoxia do budismo.
Então vamos continuar falando sobre o Evola e seu pensamento. Vamos explorar a questão dos yugas e das castas do pensamento antiliberal, anticomunista e fascista do autor italiano
Evola advoga pela existência de um "mundo metafísico superior", isso junto com uma grande valorização de hierarquias e cultura hindu, levou Evola a apoiar sistemas de castas. Inclusive uma concepção do tempo como dividida em castas, ou Yugas
O primeiro Yuga é a Era de Ouro, Satya Yuga, governada pela "casta superior" de sacerdotes. A partir da “degenerações”, como chama Evola, a Era de Ouro dá lugar a outras Yugas.
Então hoje vamos falar de um dos principais autores que a galera próxima do tradicionalismo gosta de ler: Julius Evola
Evola já apareceu aqui outras vezes, ele é bastante lido por diversos grupos de extrema direita, de integralistas a neonazistas revisionistas.
Julius Evola foi um autor e filósofo esotérico italiano do século XX, grande admirador de Mussolini e, ao mesmo tempo, crítico do regime fascista por este “não ser de direita o suficiente”
Então vamos pular já para as vestimentas.
Os coletes de couro são muito importantes para a subcultura dos Motoclubes 1%, é como uma segunda pele para quem veste, e não são transferíveis, eles devem ser "merecido", não comprado ou ganhado.
Vamos continuar o papo sobre Motoclubes 1% e sua ligação com a extrema direita
Hoje vamos falar de algo muito importante para manter a identidade coletiva esses grupos: seus ritos
Os rituais são de grande importância para motoclubes, sejam eles outlaw (1%) ou não. Os rituais de aceitação de um novo membro, chamado “batismo”, existem em quase todos os motoclubes, o que os diferencia são os atos praticados nesses rituais
Antes do batismo, porém, o ingressante passa por diversas etapas: checagem de histórico, apadrinhamento de algum membro antigo, período probatório e por fim é aceito.