Então vamos pular já para as vestimentas.
Os coletes de couro são muito importantes para a subcultura dos Motoclubes 1%, é como uma segunda pele para quem veste, e não são transferíveis, eles devem ser "merecido", não comprado ou ganhado.
“Tirar o colete” é uma forma de humilhação, de dizer que aquele não é digno de vestir o colete e os símbolos do clube.
O couro também é parte de um “lifestyle biker”, sendo útil para frio, vento, ou acidentes e parte da "estética biker" de "vento, suor e sujeira"
em contraposição a suposta limpeza e organização de quem utiliza carro.
Os patchs nos coletes contam diversas histórias, como mostra Bosmia et al., patchs e insígnias refletem o simbolismo do motoclube
Primeiro, o nome do Motoclube nas costas, depois o “chapter” de onde quem veste a veste é originário, seu território. Indica também a “patente” de quem está vestindo e outros símbolos e signos compartilhados pelo grupo. Podem indicar até alianças e criminalidades.
Os símbolos do clube devem ser tratados com grande respeito, inclusive existem regras de conduta quando estiver utilizando esses símbolos.
As cores, os patchs, as roupas e até o tipo de moto que é permitida dentro do motoclube expressa um certo nível de uniformidade interna
Essa uniformidade é necessária para manter essa identidade de grupo, calcada em compartilhamento de símbolos e valores. Em grupos 1% como o Satan's MC, segundo Quinn, isso é ainda mais importante já que são muito baseados nesse tipo de simbolismo.
Considerando a importância da veste de couro e do compartilhamento de signos entre membros de uma subcultura para a construção de uma identidade coletiva e, consequentemente, a adesão ou não de um membro ao grupo
A existência de símbolos nazistas nas vestes dos Satan's MC, ainda que não de todos os membros, indicam que esses podem ser valores importantes que estão sendo compartilhados no meio.
Dos símbolos mais recorrentes do Satan's destaca-se a Totenkopf (símbolo de um esquadrão nazista), a runa Wolfsangel, representados frequentemente por um F, (usado por grupos neonazistas) e o SS (organização paramilitar nazista), frequentemente representados por dois raios.
Já falamos anteriormente do assassinato cometido por um dos membros e da sua aparente ligação com ideologia neonazista.
Então, o nosso questionamento segue. Como esses signos compartilhados, os símbolos nazistas, refletem no pensamento do Satan MC?
Referências:
Bosmia, M. et al. - Outlaw Motorcycle Gangs: Aspects of the One-Percenter Culture for Emergency Department Personnel to Consider ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/P…
Bora falar então dos seguidores de Evola contemporâneos e acabar com essa bad trip que é o Tradicionalismo
Os evolitas brasileiros contemporâneos pesquisados geralmente se aproximaram do pensamento do autor a partir de interesses no que chamam de “ocultismo”, com interesses que variam entre budismo, hinduísmo, maçonaria e outros “conhecimento milenares”, como chamam.
Eles compartilham da ideia do autor de que a “nossa era é uma era de decadência” e os pontos positivos de Evola, para eles, seria a retomada positiva de uma ortodoxia do budismo.
Então hoje vamos falar de um dos principais autores que a galera próxima do tradicionalismo gosta de ler: Julius Evola
Evola já apareceu aqui outras vezes, ele é bastante lido por diversos grupos de extrema direita, de integralistas a neonazistas revisionistas.
Julius Evola foi um autor e filósofo esotérico italiano do século XX, grande admirador de Mussolini e, ao mesmo tempo, crítico do regime fascista por este “não ser de direita o suficiente”
Vamos continuar o papo sobre Motoclubes 1% e sua ligação com a extrema direita
Hoje vamos falar de algo muito importante para manter a identidade coletiva esses grupos: seus ritos
Os rituais são de grande importância para motoclubes, sejam eles outlaw (1%) ou não. Os rituais de aceitação de um novo membro, chamado “batismo”, existem em quase todos os motoclubes, o que os diferencia são os atos praticados nesses rituais
Antes do batismo, porém, o ingressante passa por diversas etapas: checagem de histórico, apadrinhamento de algum membro antigo, período probatório e por fim é aceito.
Tinha me apegado ao icon com a bandeira LGBTQIA+, fiquei triste de trocar.
Para me animar, vamos falar do outro grupo neointegralista atuante no Rio que tem causado confusões recentes
Em 2018, bandeiras antifascistas colocadas pelo Movimento Estudantil em um dos campus da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) foram roubadas por um grupo neointegralista chamando "Comando de Insurgência Popular Nacionalista" (CIPN)
O grupo assumiu o ato através de um vídeo postado em redes sociais, onde colocavam fogo nas bandeiras e se apresentavam como parte da "Grande família integralista brasileira"
Chegamos no final da longa explicação sobre integralistas.
Agora que a gente já sabe a história dos integralistas, seus ritos, símbolos e ideologia, vamos ver quais são os grupos neointegralistas atuantes hoje na região metropolitana do Rio de Janeiro e o que eles já aprontaram
Hoje vamos falar sobre a Accale, ou Associação Cívica e Cultural Arcy Lopes Estrella, fundada em 2017 no estado do Rio de Janeiro.
Se apresentam como “uma associação nacionalista, antimarxista e antiliberal” e em sua página de facebook exaltam figuras como Salgado e Barroso.
A Associação parece seguir a ideia de formar um movimento social para uma “nova consciência" nacional”, como proposto anteriormente, e se utiliza de uma forma de organização já conhecida por integralistas no passado, os Centros de Cultura da Juventude.