Recebo muitas perguntas sobre as vacinas da COVID-19 e pessoas com imunossupressão ou imunocomprometimento. Se tu estiver curioso sobre o assunto, esse fio é pra ti, vivente!
Te aprochega que lá vem dado 👇🧶
Se tu tem algum tipo de imunocomprometimento ou faz uso de alguma terapia imunossupressora:
🔹Tu tem risco para COVID-19 mais severa, e muitas dessas condições imunológicas fazem parte dos grupos prioritários do PNI
🔹Pode se vacinar com qualquer uma das vacinas aprovadas no 🇧🇷
Lembrando que os grupos prioritários tiveram a definição pela análise de um comitê técnico especializado, com base em dados e estudos
Sabemos que a resposta imunológica é construída por diversos componentes: temos a produção de anticorpos que, com o tempo, vão se tornando melhores e mais específicos em reconhecer as partes do agente infeccioso, bem como células especialistas e moléculas moduladoras
Algumas doenças podem afetar seriamente o sistema imunológico, bem como procedimentos como transplantes podem requerer o uso de imunossupressores, para controlar uma resposta imune exacerbada ou que não queremos que aconteça (ex.: rejeição do órgão transplantado)
Também sabemos que, a medida que envelhecemos, o sistema imunológico vai sofrendo alterações e já não tem a mesma performance do que aquele de uma pessoa jovem ou de uma criança.
Temos também doenças que geram um imunocomprometimento. Um exemplo é a AIDS (causada pelo HIV)
Portanto, de certa forma não é surpreendente quando vemos valores de eficácia e/ou de imunogenicidade (indução da resposta imunológica) um pouco mais baixos para essas populações.
Mas isso não significa que a resposta formada não protege, pelo contrário!
A SBR destaca que "pacientes reumáticos podem apresentar problemas de imunidade por causa da enfermidade ou pelo uso de imunossupressores. Têm uma maior predisposição para apresentar as formas mais graves da COVID-19 e precisam ser protegidos” reumatologia.org.br/noticias/pacie…
A Sociedade Brasileira de Dermatologia também destaca que "Nenhuma das vacinas aprovadas é de vírus vivo atenuado. Elas podem ser utilizadas por pacientes em uso de medicamentos imunossupressores, salvo se houver contraindicação específica"
A Sociedade Brasileira de Diabetes destaca a vacinação, de forma geral, como estratégia relevante que deve ter maior engajamento por essa população, incluindo a vacinação contra a COVID-19
A @SBIm_Nacional destaca que pessoas com doenças crônicas, como câncer, doenças autoimunes, entre outras, que não tenham alergia a algum componente da vacina, devem se vacinar contra a COVID-19 com as vacinas aprovadas até o momento no 🇧🇷
Finalmente, a @WHO recomenda a vacinação para pessoas com algum tipo de imunocomprometimento/imunossupressão em virtude dos altos riscos que a COVID-19 pode gerar who.int/news-room/feat…
O QUE SABEMOS DE SEGURANÇA?
Os pacientes com doenças imunológicas, em particular, se beneficiam da proteção imunológica induzida após a vacinação com COVID-19 e não têm um risco aumentado de efeitos colaterais.
A revisão acima foi feita pela Sociedade Austríaca de Alergologia e Imunologia e pela Sociedade Alemã de Alergologia Aplicada, posicionando-se a favor do engajamento dessas populações para as vacinas licenciadas no momento, a partir da análise de dados já publicados
E ressalto o licenciado porque não temos, por exemplo, vacinas de vírus atenuado aprovadas para a COVID-19 até hoje (27/07/21). Essa poderia ser a única plataforma contraindicada para pessoas com imunossupressão ou imunocomprometimento. pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27457874/
No entanto, a própria revisão comenta que os dados de imunogenicidade nessas populações são escassos. E temos o indicativo de que estudos estão sendo feitos para levantar esses dados.
No caso da CoronaVac, por exemplo, um estudo 🇧🇷 está investigando a resposta imune induzida pela vacina (imunogenicidade) em pacientes com doenças reumáticas autoimunes e em pacientes HIV positivos e/ou com AIDS. Os primeiros dados devem sair em breve!
Revisando meus fios, o preprint da fase 3 da CoronaVac traz um dado inicial da eficácia da vacina em pessoas com Diabetes, ficando próximo de 50%. No entanto, os intervalos de confiança estão grandes, e mais estudos precisam ser feitos
O estudo da Turquia 🇹🇷 contou com participantes com Diabetes, doenças autoimunes ou com alguma doença que apresente malignidade, como tumores. Mas os dados não foram estratificados para essas pop. específicas
Para vacinas de RNA (como a Pfizer e Moderna), temos alguns dados para doenças reumatológicas e musculoesqueléticas, doença inflamatória intestinal ou após um transplante de órgão. mvec.mcri.edu.au/references/cov…
Para pessoas com doenças reumatológicas e musculoesqueléticas, um estudo observou que 22 dias após a 1ª dose, 74% teve uma resposta detectável contra o RBD. Quase todos os pacientes (94%) em terapia TNF apresentaram anticorpos detectáveis. ard.bmj.com/content/80/8/1…
No estudo acima, as diferenças foram poucas entre os grupos de doenças ou categorias gerais que fazem uso de terapia imunomoduladora. Respostas foram detectadas em todos os grupos. Porém, o nº de participantes desses estudos precisa ser aumentado
Em pacientes com doença inflamatória intestinal que fazem uso de imunossupressor (infliximab) tiveram uma resposta um pouco menor, porém detectável após a completude do regime das vacinas da Pfizer e Astrazeneca gut.bmj.com/content/early/…
Em pacientes transplantados, a imunogenicidade após a vacinação com vacinas de RNA foi também detectada, mas que mais estudos precisam ser feitos para investigar como são as respostas de células T, B, de memória e de anticorpos anti-Spike jamanetwork.com/journals/jama/…
Porém, encontrei um estudo que investigou resposta humoral (que abrange os anticorpos) e celular em pacientes transplantados (rins), em que 65% tinham a presença dessas respostas após a vacinação (Moderna)
Tanto em indivíduos diabéticos (tipo 2), quanto indivíduos não-diabeticos, uma boa resposta é detectada após a vacinação com a Pfizer, porém, um pouco menor no grupo de indivíduos com diabetes - o que era esperado
Outros estudos (preliminares e que devem ser interpretados com cuidado pela natureza observacional) indicam que a resposta pode variar dependendo da condição, mas que é detectada, mas mais estudos precisam ser feitos para caracterizá-la news-medical.net/news/20210704/…
Um outro estudo mostrou que 94% dos pacientes com câncer demonstraram uma resposta imune detectável após a completude do regime de vacinas de RNA openaccessgovernment.org/cancer-patient…
Considerando todo o conhecimento acumulado de décadas de vacinação com outros imunizantes, mesmo observando uma redução na resposta imune induzida, NÃO SIGNIFICA perda de proteção em pessoas com algum imunocomprometimento ou que fazem uso de imunossupressor!
As plataformas de vacinas que temos disponíveis hoje, principalmente aqui no 🇧🇷 (Pfizer, AZ, Janssen e CoronaVac) são seguras para essa população, e sem dúvida gerarão uma proteção maior do que sem a vacina - e nesse caso tendo o risco de COVID-19 grave caso se infecte
Portanto, apesar de não conhecermos exatamente a eficácia ou termos dados sólidos de imunogenicidade para essas populações, ✨não há contraindicações para essas pessoas✨ em relação a vacinação
Pelo contrário: VACINEM-SE! Busquem uma maior proteção💉💉
Salvo algo super específico (ex.: aquelas respostas de hiperssensibilidade a algum componente da vacina), a pessoa poderia não ter alguma indicação, no entanto isso vale para a população no geral também, não é exclusivo dessas populações abordadas
Espero que o fio tenha ajudado (fiquei umas 3h fazendo haha), e que tranquilize alguma pessoa que possa estar insegura ou com dúvida. Precisamos nos vacinar, ✨o máximo da população indicada✨
E seguir com todas as medidas de enfrentamento (como uso de máscara e distanciamento), para a população geral, que engloba essas populações abordadas no fio (que devem ter cuidados redobrados em virtude das condições)
📢Novo estudo na área! Pesquisa será realizada para avaliar o efeito de uma 3ª dose em pessoas que já tenham tomado 2 doses da Coronavac, 6 meses depois da 2ª dose.
4 grupos de reforços serão estudados:
💉com a Coronavac
💉com a Janssen
💉com a Pfizer
💉com a AstraZeneca 🧶👇
A pesquisa será feita aqui no 🇧🇷 em parceria com a @UniofOxford com a expectativa de divulgação dos primeiros dados ainda em novembro desse ano
Ao todo, serão 1.200 voluntários em SP, junto à Unifesp e em Salvador, com o Hospital São Rafael.
👥Público: vacinados com 2 doses de Coronavac há pelo menos 6 meses. Os participantes serão divididos em grupos por idade — de 18 a 59 anos e acima de 60 — e por dose de reforço.
Muita gente precisa acessar o lattes, mas a plataforma segue fora do ar. O CNPq está operando com um orçamento apertadíssimo (o menor dos últimos 21 anos), num momento onde PRECISAMOS de investimento em ciência. 👇
Na semana passada, o governo federal bloqueou R$ 116 milhões da já insuficiente dotação orçamentária para o pagamento de bolsas de pesquisas do CNPq, segundo a reportagem abaixo. A força motriz da ciência tem como um dos pilares a pós-graduação.
Dois assuntos bastante falados durante o dia de hoje:
🔹Combinação de doses (AZ+PF) e o estudo na Coreia do Sul 🇰🇷
🔹 MS estuda a possibilidade de reduzir do intervalo de doses da Pfizer (90 para 21 dias)
Eu vou de 🍵, pega tua bebida quentinha e vem pro fio! 👇🧶
Antes de tudo: MUITO obrigada a todo mundo que ajudou a buscar o bendito estudo que só se ouviu falar hoje hehe fios colaborativos são tudo pra mim e cada vez mais pretendo fazer isso!
Vamos primeiro sobre a combinação heteróloga: sabemos que alguns países estão utilizando essa estratégia, que permite uma certa flexibilidade para a segunda dose, tendo já alguns estudos demonstrando segurança e boa resposta imunológica
Parece que em breve teremos a divulgação de um estudo conduzido no Chile sobre a CoronaVac, também considerando variantes como a #Delta! Temos noticiado alguns dados que comentarei abaixo
Pega um 🍵,☕️ ou 🧉 e vamos conversar um pouco sobre isso 🧶👇
O estudo está sendo conduzido pela Universidad Catolica do Chile 🇨🇱, e parece que em breve será divulgado amplamente.
Segundo a notícia, o estudo iniciou há 6 meses, com a vacinação de 2.300 voluntários que participam do estudo clínico da vacina CoronaVac no país
A pesquisa mostrou que apenas 2% dos voluntários totalmente vacinados desenvolveram COVID-19 e que apenas 0,088% necessitaram de hospitalização. Para essa tamanho amostral, não foram registradas mortes no grupo vacinado
1,18 mi de internações por COVID-19 entre Fev/20 (1ª onda) - Mai/21 (2ª onda):
🔺Aumento de internações em 59%
🔺>40% das entradas hospitalares (2021) morreram. (33% em 2020)
🔺Quase 20% dos jovens (20-39 anos) que internaram em 2021 morreram. bbc.com/portuguese/bra…
🔺A mortalidade entre quem precisou de intubação passou de 78,8% na 1ª onda para 84% do final de Dez/20-25/Mai/21
A média mundial é de cerca de 50%.
Impacto sincronizado pela variante Gama em quase todo o país em 2021. Preço alto demais por subestimar o potencial de uma VOC.
Pagaremos para ver novamente com a Delta? Ou aprenderemos com o que está acontecendo em outros países?
Dados do relatório analisando a transmissão local da Delta na 🇨🇳 mostraram:
🔺Carga viral do 1º teste de PCR positivo foi ~1000x maior pra Delta comparado com cepas circulantes em 2020
🔺Potencial mais rápido de replicação e de transmissão precoce
Vem entender 👇🧶
Do primeiro caso identificado em 21/05/21na 🇨🇳 até o último caso relatado em 18/06/21, um total de 167 infecções locais foram identificadas
Dados dos indivíduos em quarentena neste surto foram comparados com dados da epidemia anterior de 2020 (pelas cepas em circulação na época)
Uma vez isolados, uma série de PCR diárias foram feitas ao longo do tempo. Os dados mostram que, desde o dia da exposição até o dia da 1ª PCR positiva foi menor para a Delta (4 dias) do que para cepas referência (6 dias).