Amigos relatando que o Novo Ensino Médio vem sendo implementado e com ele os cortes de carga horária e demissões - em especial nas humanidades.
Quando penso que essa discussão começou lá nos anos Dilma e que já naquela época pessoal falava que ia dar merda, só consigo ter raiva.
"Ah, mas a culpa não foi do governo".
De fato. Quem executou a reforma foi o Temer e o Mendoncinha (aquele meliante com diploma de advogado), que deram todo o seu tempero pessoal para a coisa. A BNCC que o diga.
E mais: essa reforma foi tocada às pressas por um governo ilegítimo, golpista, sem debate com a sociedade civil.
Aí deixaram para o governo Bolsonaro e os governos estaduais executarem.
Só que foi o PNE 2014 que apontou a necessidade da reforma.
E foi ele que apontou a importância da flexibilização (palavrinha danada) dos currículos do Ensino Médio. O espaço das humanidades, como se espera, é o mais atacado. E aí, convenhamos: uma década pra gerar essa merda não é um plano de educação.
A menos, claro, que a gente lembre do Darcy e da velha máxima de que o projeto é a crise mesmo.
Que abismo.
PS: É surreal que talvez três das maiores reformas educacionais do Brasil foram feitas em governos abertamente golpistas e simplesmente fica por isso mesmo.
De legítima, só a LDB mesmo.
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A experiência em Thompson
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Aproveitando a data, pensei em falar um pouquinho sobre um dos conceitos mais importantes da obra de E.P. Thompson e como ele revigora a tradição marxista.
Lembram da frase do Manifesto? Toda história até hoje é a história da luta de classes? Pois é, todo marxista começa por aí.
Mas luta de classes, em Marx, é um termo abrangente. Claro, as classes lutam - e no capitalismo, somos cada vez mais reduzido a duas posições:
Burgueses ou proletários.
Como muito do movimento do pensamento marxiano foi desvendar a formação e transformação do capital na sociedade, a luta de classes virou uma espécie de axioma.
Não sou especialista no tema, mas acho curioso certos léxicos chineses que são análogos à socialismo. "Prosperidade comum" parece muito com o "Bem viver", dos 3 princípios de Sun Yat-Sen.
Nos últimos dias tenho conversado com o pessoal que se afirma como marxista libertário sobre a China. Eles insistem que a China é capitalista e acho que, para eles, considero que a China é socialista. Ou que não é capitalista. Mas o buraco é mais embaixo e por isso fiz esse fio.
Eu compreendo as posições teóricas que chamam a China de capitalismo de Estado, ou Estado operário degenerado, ou qualquer outra nomenclatura que tenha nascido no movimento trotskista. Sou um trotskista desgarrado, então conheço um pouco desse paranauê.
Mas tenho alguns incômodos com essa discussão.
O primeiro deles é que modo de produção não se reduz a um país. Para quem é anti-stalinista, não creio que há divergência, mas é bom ressaltar. Não existe socialismo num só país. Não existe capitalismo num só país.
Não vi o vídeo do canal Meteoro, gente. Lamento...
Fiz uma thread sobre isso em dezembro de 2019 (PRÉ-PANDEMIA e PRÉ-BABY!) que comento alguns problemas. Não parece que mudou muito. Fiz algumas leituras novas, mas não acho que há fatos novos.
Ainda assim, acho uma história delicadíssima. Recentemente me indicaram esse texto - que eu não conhecia - e alguns pontos de inflexão me sensibilizaram, em especial a ironia do fato de que o Ocidente acusa a China de islamofobia agora...
Mas o pensamento de um Guedes não cai do céu. Essa mistura de "burrice com toques de psicopatia" tá enraizada em muitos lugares. Tentei mapear alguns dos mais importantes aqui.
1) A imprensa. Sim. Desde 2016, com o impeachment de Dilma, a forma pela qual os jornais noticiam a carestia (aumento de preços e falta de produtos) é sempre glamourizando a situação. Vocês já viram isso aqui, né?
Em tempo: comer inseto é algo bastante normal, em culturas ameríndias, africanas, asiáticas e até europeias. Orientalismo aí é mato.
Só que com a Revolução Industrial e alimentação virou um troço massificado globalmente inclusive nos hábitos alimentares.
A massificação do consumo retomou um padrão de alimentação tipicamente europeu ocidental, focado em especial nas elites cortesãs - ou seja, opulência = consumo de carne.
Esse processo é tão intenso que a própria China tá vivenciando esse boom do consumo de carne.