"Se você tem 10 milhões de reais, você é meio pobre!"
Essa foi a frase do vídeo do @FeCastanhari que viralizou. É uma frase completamente errada que ensina coisas erradas e sugere políticas públicas erradas...
O que ele deveria ter dito para não desinformar o brasileiro?
Basicamente ele diz que o #N° 1 do Brasil é o Eduardo Saverin com R$ 97 bilhões.
E continuar dizendo que Silvio Santos - que tem R$ 1,7 bilhão - está bem mais próximo de quem não tem nada do que do Saverin.
E por isso quem tem uma Land Rover - um carro de R$ 500 mil - é pobre.
Mas vamos usar um outro exemplo.
Imagine que você colocasse todos os brasileiros em uma fila gigante por ordem de renda. Dos mais ricos aos mais pobres.
No ponto mais ao norte do país - Oiapoque - você coloca os mais ricos. No outro extremo sul - Chuí - estarão os mais pobres.
O que a gente vai ver é muita gente aglomerada ao sul do país. E pouca gente ao norte.
Mais especificamente, o primeiro da fila vai ser Eduardo Saverin, seguido por Jorge Paulo Lemann e assim por diante.
Ou seja, os 210 milhões de brasileiros estarão abaixo deles.
Mas onde estaria uma pessoa como Felipe Castanhari?
Vamos assumir que ele tenha uma renda de ~20 mil reais. (É bem mais tá?)
Com essa renda, segundo os dados do Censo, ele está entre o ~1% mais rico. Isso significa que vai ter ~2 milhões de pessoas ACIMA dele.
Ele olha e diz, "nossa, mas eu sou bem mais pobre que o Eduardo Saverin..."
Mas ele não conta que tem 208 MILHÕES DE PESSOAS MAIS POBRES QUE ELE. Sim, ele está no topo do topo da pirâmide.
Ele faz parte do 1% dos brasileiros que detém 90% da riqueza do país.
Ou seja, tem MUITO MENOS PESSOAS entre Felipe Castanhari e Eduardo Saverin. Do que entre ele e a classe média.
Isso vale pro Castanhari, mas também pro médico que tem esse salário e acha que é classe média.
Vale pro juiz, pro defensor público, pro desembargador.
E não tem problema algum estar entre o 1% mais rico. A questão é não entender em que parte da pirâmide você está.
Que se você ganha R$ 5 mil está entre os 10% mais ricos.
O problema é achar que os ricos são sempre os outros. E esquecer que temos a mesma renda média de Botsuana.
Se a gente não entende isso, a gente vai dar subsídio e privilégio pra gente como ele que se acha pobre, mas está entre o 1% mais rico da população brasileira.
E se a gente dá privilégio pra esses, significa que estamos tirando dos mais pobres, já que o orçamento não é infinito.
Se ele de fato está preocupado com desigualdade, a primeira coisa é entender qual parte da pirâmide está.
E o vídeo dele não ajuda nisso, pelo contrário, desinforma.
Com o diagnóstico correto, podemos focar em QUEM REALMENTE PRECISA: os 50 milhões que vivem na extrema pobreza.
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Dia 8 de setembro. O BRASIL ACORDA EXATAMENTE IGUAL AO DIA 6.
A gasolina continua cara, temos milhares de desempregados, vamos ficando mais pobres.
Sabe por quê? Porque - DE NOVO - optamos por focar no irrelevante. Pedimos pautas que NADA AFETAM nossos VERDADEIROS PROBLEMAS. 1/
Pergunte a um brasileiro, o que mais o preocupa. A resposta será algo como:
- Nossa inflação está em 9%.
- Temos 14,8% milhões de desempregados (14,6% dos dos brasileiros).
- 27 milhões de brasileiros vivem na miséria.
- Gasolina já está R$ 7,00.
Nessa civilização os "direitos" dos trabalhadores eram defendidos a qualquer custo por políticos e sindicatos! Qualquer mudança que fosse "prejudicar" os trabalhadores era barrada!
Perto dali, havia outra civilização a Marketland.
Nessa civilização os sindicatos eram fracos. Os grupos de interesse e as sociedades de classe não conseguiam fazer lobbys.
Sempre que havia alguma mudança na lei ou alguma nova tecnologia, portanto, o projeto era aprovado sem muita resistência.
Na Lobbyland, qualquer mudança que gerasse desemprego sofria resistência. Por isso os Lobbylanders ainda utilizavam lampiões e tinham suas colheitas manuais.
Houve uma tentativa de instalar luz elétrica e tratores, mas como os setores empregavam muita mão de obra, não avançou.
Ninguém gosta de pagar imposto. E justamente por causa disso, devemos ter um sistema:
- Simples
- Transparente
- Neutro
Assim, governos conseguem levantar recursos necessários sem gerar distorções na economia de maneira EFICIENTE. Segue.
- Um sistema deve ser SIMPLES para que as empresas e pessoas paguem seus impostos da maneira menos custosa possível.
- TRANSPARENTE para verificarmos facilmente.
- E NEUTRO para não distorcer as decisões dos agentes.
Nosso sistema não é nada disso. Mas como mudar?
Uma discussão séria deve começar comparando as melhores práticas no mundo.
Vejamos como é nos países da OCDE?
Da receita total do governo (100%), temos:
- Imposto sobre renda, lucro, ganho de capital: 34%
- Bens e serviços: 33%
- Contribuição social: 26%
- Propriedade: 6%