Um bando de gente reagindo com espanto à minha sugestão de que devia se ensinar tupi básico nas escolas.
Olha... Apesar de toda minha ironia recente, nessa não estava sugerindo de brincadeira, não.
É sério.
Realmente acho que entendemos mal o Brasil sem algum tupi.
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Antes de tudo, minha sugestão não é ensinar tupi.
Mas o básico. Algumas aulas com as principais palavras e, junto das palavras, a relação que elas tinham com a cultura.
Sabe por quê?
Uma língua traz em si uma visão de mundo.
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Não sou nacionalista — o mundo todo é fascinante e pertenço a ele. Pertencemos todos. Por mim tínhamos fronteiras abertas e livre migração.
100% favorável à mistura de culturas.
Ocorre que somos fruto de uma mistura de culturas e só entendemos quem somos se vemos isso.
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Vivo numa cidade que tem um bairro Humaitá.
Una, preto. Itá, pedra
Como pitangas/pirangas. Vermelho. Como a fruta.
O grito mais importante da nossa história é o Grito do Ipiranga. Y, água. Piranga, vermelho
E tem Ipanema... Y, água. Panema, que não presta. (Não dava peixe)
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Vc vai juntando este vocabulário que entrou no nosso português no quinhentismo e seiscentismo e vai começando a entender o que chamava atenção daquelas pessoas, tupis e portugueses, no Brasil que estava surgindo.
A gente olha para o nosso país de outra forma.
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Porque é isso: é a água, é a pedra, a madeira, os bichos, as cores.
Esses trópicos, pro olhar daqueles europeus que chegavam aqui, eram cheios de cores, uma exuberância de vida, uma variedade que não tinha no Velho Continente.
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E você aprende isso pelo tupi que está no português.
Porque aquelas palavras que nossos antepassados indígenas levaram para a língua que falamos são as palavras para as coisas e ideias que os europeus não tinham como lidar.
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Aí a gente olha pro desprezo que tantos entre nós têm pelo mato, pelos bichos, pelo tempo — pela chuva, pelo sol, pelo vento —, e vê que perderam a capacidade de ver o que é exuberante aqui.
O que é grande, é diferente, é nosso.
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E é a coisa que forma a nossa cultura. A nossa identidade.
Isso que me bateu quando começou a circular esse meme de que Brasil é vermelho em tupi.
Nossa.
Brasil é uma palavra portuguesa. Não é piranga/pitanga — o real vermelho em tupi.
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Se aprendêssemos um básico de tupi, umas semanas só em algum momento do Ensino Médio, e aprendêssemos esse básico por aquele olhar daquele tempo, tenho certeza de que muitos de nós olhariam diferente pro Brasil.
E, sim: vale igual para banto e para iorubá.
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O primeiro grupo tem certeza de que, se as condições certas se estabelecerem, Bolsonaro dará um golpe de Estado.
Quem está nesse grupo não tem convicção de que as condições não possam vir a se estabelecer.
Aliás... Podem.
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O segundo grupo acha que Bolsonaro é apenas gogó. Inepto demais para qualquer coisa. E que, no fim, o seu é apenas um estilo um pouco diferente de governar.
É inepto também na gestão, mas paciência. Já-já acaba.
Vale retornarmos a história maluca dos mais de cem marechais.
De ontem para hoje, temos respostas mas persiste uma dúvida — uma dúvida grave.
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Quando um militar passa à reserva, não sobe mais um posto — como ocorria — mas para aqueles que entraram no serviço até 2001 persiste o direito de ganhar proventos do posto imediatamente acima.
Os quatro estrelas, portanto, os generais de Exército ganham o salário de marechal
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É por isso que o ‘cargo’ que aparece no Portal da Transparência do governo federal aparece listando todos como marechal.
É um erro. Mas não se refere a sua posição hierárquica e sim ao salário — ou soldo — que recebem.
Vera Rosa é uma das decanas da cobertura política de Brasília. Apuração dela, e todo mundo em BSB sabe disso, não tem barriga. Ela assina com a Andreza Matais, que é diretora da sucursal. Juntou as duas numa só reportagem com este peso?
Aconteceu.
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Ou seja: Braga Netto e os três comandantes das Forças Armadas foram ao presidente da Câmara dos Deputados e o ameaçaram de golpe de Estado perante testemunhas.
E aí?
Aí Arthur Lira não deu o que eles queriam e eles não fizeram nada.
A nota das Forças Armadas contra a CPI da Covid é completamente descabida, é uma ameaça ao Senado da República que não tem espaço numa democracia.
Forças Armadas não devem se manifestar politicamente. Ponto.
Mas há nuances que precisamos levar em consideração.
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Houve Golpes de Estado com envolvimento militar em 1889, 1891, 1930, 1937, 1945, 1955 e 1964. Só um fracassou.
O Brasil tem pleno direito de olhar para as Forças Armadas com uma profunda desconfiança de suas convicções democráticas.
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São os militares que precisam provar que mudaram, não o contrário.
Com gestos como o do ex-comandante do Exército Eduardo Villas-Bôas, que ameaçou o STF, ou com esta nota, o que os militares fazem é reforçar a impressão de que ainda entenderam seu papel numa democracia.
Fui chamado de ‘neoliberal’, ‘fascista’ e ‘minion’ por defender a privatização dos Correios.
Se ‘neoliberal’ quer dizer thatcherista, obcecado por uma fantasia de Estado mínimo, não sou.
Fascista? É só mostra de que gente demais não leva o termo com a seriedade que devia.
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Não sou economista. Não sou especialista em logística.
E não acho que preciso ser.
Isso tem a ver com visões de mundo, de papel do Estado, e é importante termos esta conversa.
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Das três repúblicas com eleição para presidente, esta Nova República foi a melhor. De longe. Estabilizamos a moeda e demos poder de consumo a um sem número de brasileiros.
Ainda assim, a gente tem de constatar que o Estado brasileiro fracassou no importante.