Com os três presidenciáveis com maiores intenções de votos fazendo declarações favoráveis ao agronegócio, fica claro que no meio da classe política profissional há um consenso em torno do latifúndio brasileiro. O que mostra que não haverá mudança fundamental nos próximos anos.+
Quando estamos falando para começarmos a cumprir as tarefas mais duradouras para construção da revolução no Brasil, estamos falando que trabalhar para a mudança do governo não muda o problema que é o Estado nacional brasileiro criado numa estrutura fundiária racista.+
A chave de transformação, portanto, não pode ser os aspectos periféricos à estrutura, pois corremos o risco de aperfeiçoar a estrutura de dominação alienando ainda mais nossos povos à submissão às elites. Esta é a linguagem de 2 dos 3 presidenciáveis atualmente relevantes.+
A timidez no apoio ao #MarcoTemporalNao por parte das candidaturas de esquerda e centro tem exatamente essa medida: não melindrar com os setores reacionários do agronegócio. Mesmo candidatos considerados socialistas falam com muito cautela do tema. E isso diz muito.+
Nós, então, precisamos pensar se vamos passar mais um século sem revolução dos de baixo e aceitando que o latifúndio seja o fiel da balança de todos os maus governos que por aqui sentaram praça, ou vamos avançar e consolidar um poder que nasce desde baixo, desde a terra.+
Não há muito glamour nessa luta. As grandes manifestações convocadas pelas esquerdas para cada mês talvez tenham fotos melhores para postar nas suas redes. É possível que o gosto da vitória eleitoral dê um prazer difícil de alcançar no trabalho de base.+
Mas o convite que fazemos é para que entendam que nada disso emancipará nosso povo. Virão conquistas pelas eleições? Sem dúvida. Mas elas serão tão frágeis como passar da esperança do royalties do pré-sal à fome em 5 anos. Para quem quer libertação, este não é o caminho.+
Qual seria, pois, o caminho? Construir as bases de nossa grande jornada de luta é assumir o protagonismo na retomada da terra e na construção desde a terra de comunidades libertas, responsáveis por sua vida, economia e pela luta de libertação. Sem patrões, sem polícia.+
Uma terra que respeita a Terra, um território que não ignora que a ameaça climática é fruto do capital e que não podemos reproduzir sua forma de destruição porque acreditamos na verdade, na ciência e não vemos a natureza como bem a ser acumulado. É a terra liberta da destruição.+
E não há uma só forma de fazer isso. Há tantas formas como comunidades em luta existir. Mas é fundamental uma aliança com os povos, com as organizações, com os territórios, pois apesar de sermos muitos, estamos dispersos e fragmentados. Acima o capital possui unidade.+
Não nos deviemos. Não abracemos ilusões gastando nossos pouco tempo, esforço e dinheiro para erguer um castelo na areia diante da maré crescente. Vamos apoiar a saída do tirano do poder? Sim, é um dever. Mas que nosso suor seja entregue à grande obra da revolução brasileira.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Uma organização de base que detinha a hegemonia dos sindicatos, associações de uma micro região resolveu lançar um candidato a vereador para "ocupar o espaço" Com política feita pelo povo. Não conseguiu se eleger. Os de cima perceberam que havia uma fragilidade ali. +
A prefeitura era dominada por setores latifundiários e contrários a essa organização. Ao perceber que perderam, os de cima resolveram se candidatar para a associação e sindicato que essa organização dominava. Chapas pelegos, boa grana do empresariado local: a organização perdeu.+
Todas as bases que tinha agora divide ou perdeu para os latifundiários e seus representantes entre os pequenos. O Conselho dos mais velhos da Teia à época da eleição municipal? Não se candidate, nossa luta não precisa desses espaços. Mas cada um sabe de sua luta, né? +
Eu até acho engraçado a piada com o triplex de Lula ou seu pacote de medidas. Mas o que ele está fazendo nesta viagem, nesta data, enquanto o evento mais importante do ano ocorre em Brasília... bem o que ele está fazendo é uma piada, mas quem ri é o andar de cima.+
A viagem é uma espécie de Carta ao Povo Banqueiro. Invés de mostrar solidariedade e atrair sua mídia para o #LutaPelaVida, acampamento indígena em Brasília, ele se reúne com políticos de amplo espectro ideológico para dizer: andar de cima, não sou radical.+
Eu estou dizendo que Lula e o PT estão errados? Não. Eles acreditam na democracia e ordem burguesa como caminho de mitigação de danos causados pelo capital. Portanto o caminho para acessar o poder na democracia burguesa passa pelos representantes da burguesia. Agora veja..+
Qual foi historiadora? Oxe... na antiguidade tem texto dos escravizados, no caso dos judeus, reclamando da escravização, discutindo a ilegitimidade. Na idade média tem texto de tribos árabes recomendando não torturar prisioneiro, tratá-los bem e etc. Cê tá é de sacanagem.+
Na verdade, para você, Faraó foi brother pq era para egípcio ter carregado é mais pedra, a pirâmide podia ser maior, pq na época... olha anacronismo com pimenta e areia é refresco no olho do outro. Se fosse para olhar história com o olhar da época, só tinha memorialismo.+
Quando Bloch foi enfrentar nazi, quando Benjamin morreu para nazi num pegá-lo, você tá dizendo: era para eles serem compreensivos com a época deles, aquele tipo de violência era comum. É por isso que ambos bradavam contra o olhar conformista na história.+
Tenho acordo total quando se critica a ausência de organização e de acúmulo em lutas de rua. Mas se organização por si fosse sinal de sucesso na luta, veja bem: a gente tem partido revolucionário aqui há 100 anos. O debate é mais complexo e precisa de alteridade na reflexão.+
Nós temos muita rua, muito campo para a luta rebelde no Brasil. As estratégia de outras esquerdas atrapalha a de sua organização como? Você disputam o mesmo povo? O cursinho popular que fizeram naquela quebrada devia ser de vocês? Qt quebradas num tem ai para fazer uma ação?+
Então nosso problema é pelo oposto: há luta de menos num país sendo transformado em pasto fascista conservador cristão. Você pode achar que o campo de luta das outras esquerdas está equivocado, mas acaso sua organização conseguiu vencer alguma batalha decisiva pelos povos?+
A luta indígena deveria ter centralidade para qualquer espectro de esquerda no BR. Vejamos, se liberar qualquer empreendimento capitalista em Terra Indígena, é deixar 12% das terras do país indisponíveis para o capital disponíveis para gerar riqueza para nossos inimigos. +
Por outro lado, se você impede novos territórios indígenas a partir da tese do marco temporal, nós estamos falando que menos terras irão se converter em bem comunal e passarão a ser meios de produção na mão dos mesmos de sempre: os latifundiários que ganharão mais poder.+
Se, pelo contrário, povos indígenas seguem se levantando e retomando terra, nós estamos falando que nossos inimigos (os latifundiários) perderão meios de produção, portanto, menos recurso, menos poder na sociedade. Tirar meio de produção da burguesia rual é fundamental.+
O que torna o pensamento dos povos menos capaz de seguir seu rumo até os corações e mentes das pessoas não é a hegemonia do pensamento europeu acadêmico. As interdições violentas anteriores à porta da academia são muito mais dolorosas. A censura da fome, da violência policial...+
Os medos produzidos pelo poder contra os territórios com pensamentos rebeldes são poderosos. Eles se construídos em doses homeopáticas nas rádios, TV's e jornais locais, são endossados em cada período eleitoral e vai minando aquela comunidade de pensadores autônomos.+
Mas os poderosos não fazem isso por uma defesa do cânone ocidental. Eles estão disputando ali o poder da terra e a influência sobre o povo potencialmente rebelde daquele lugar. São tarefas cotidianas de um bloqueio que impede a maioria dos povos rebeldes de alcançar a academia.+