Você já parou para pensar que se sua casa fosse listada na bolsa e tivesse cotação, o valor dela iria variar diariamente?
Agora, como a casa não tem liquidez (não é negociável a qualquer momento no mercado), pessoas se sentem mais seguras do que quando compram empresas listadas.
Olhando evidências, o retorno real (descontando inflação) médio de imóveis residenciais nos EUA, de 1900 até 2017, foi de 0,3% ao ano vs 6,5% para ações.
Isso significa que o retorno para ações foi mais de 1.000x superior (fonte: Credit Suisse).
Isso é válido para outros países.
O fato da casa não ter liquidez imediata é uma Desvantagem e não uma Vantagem.
Agora, como o que os “olhos não veem o coração não sente”, a ausência de um mercado com liquidez impede que as pessoas vejam em tempo real os efeitos da oferta e demanda no preço.
Por exemplo, se alguém pensa em vender a casa, mas não encontra um comprador no preço que ela acha que a casa vale, ela não entra em pânico.
Simplesmente pensa: “o mercado não está aquecido, eventualmente vai aparecer um comprador e enquanto isso vou coletar meu aluguel.”
Mas, o mesmo comportamento não acontece com ações.
Quando o preço cai, os impacientes que compraram para ganhar dinheiro mês que vem vendem em pânico para não “perderem mais dinheiro”.
Eles não pensam que podem esperar enquanto coletam aluguéis (dividendos) das ações.
Investimento não é para ser um joguinho divertido que te faz liberar dopamina toda vez que você abre o homebroker e vê que está subindo.
Da mesma forma que quem compra um imóvel ou uma fazenda não fica olhando o valor de mercado todo santo dia depois que compra.
Investimento é para ser tão excitante quando observar uma árvore crescendo. Como diria Buffett:
"Eu compro empresas nas quais eu estaria perfeitamente feliz se fechassem o mercado de ações e não reabrissem por 5 anos."
Uma coisa interessante: de 1802 a 2019, 1 dólar investido nas empresas dos Estados Unidos multiplicaria por 1,6 milhão (descontando a inflação). Só que no meio do caminho houve “algumas crises”: 1ª Guerra Mundial (1914), Gripe Espanhola (matou ~50 milhões de pessoas – 1918),
Crise de 29 (1929), 2ª Guerra Mundial (1939), Guerra Fria (1947), Crise do petróleo (1973), Crise de energia (1979), Black Monday (1987), Crise no Japão (1990), Bolha da pontocom (2000), Crise imobiliária (2008), Covid (2020), só para citar algumas (e sem mencionar o Brasil).
Como diria Buffett:
"O mercado caiu várias vezes (entre 1942 e hoje), e as pessoas entraram em pânico durante esse tempo. As manchetes foram terríveis. Você sabe, parecia que estávamos perdendo a guerra quando compramos pela primeira vez.”
O resto é história.
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A Evergrande, 2ª maior construtora de imóveis da 🇨🇳, foi a precursora de quedas nos mercados globais.
Vamos olhar para os fundamentos da empresa para entender o tamanho do “pepino”.
Primeiro, vale a pena mencionar que o negócio de construtoras possui ciclo de caixa longo:
Em outras palavras, investem para comprar terrenos, materiais de construção etc, e leva tempo até que a companhia consiga vender a propriedade e ver a cor do dinheiro.
Historicamente, mercados aquecidos levam construtoras a se endividarem para construir e vender mais.
Mas, se a demanda por imóveis for menor que esperada, ou se várias empresas construírem ao mesmo tempo, muitas propriedades acabam vindo a mercado juntas, saturando a oferta.
O risco é a empresa ficar com propriedades encalhadas e dívida gorda para quitar.
Interessante, Alibaba está sendo negociado hoje a preços de 2017.
A receita multiplicou por 2,7 de lá para cá e ainda cresce +30% ao ano.
O fluxo de caixa operacional da empresa multiplicou por ~3 no período.
Alguns pensamentos:
É incrível como o mercado pensa no curto/médio prazo.
Se olharmos para os últimos 5 anos, sempre que teve notícia ruim, as ações apanharam.
Em 2015/16 teve notícia ruim de produtos falsificados no Alibaba e a ação apanhou.
Em 2018/19 teve notícia ruim em aprovação de games da Tencent e conteúdo da Youku e ações apanharam.
Aí passa 1-2 anos, ninguém lembra mais e falam que era oportunidade óbvia.
Analisar nossos resultados nos investimentos comparando o retorno anual com o de outras pessoas é extremamente prejudicial para o sucesso no longo prazo.
Mostro isso com evidências:
Joel Greenblatt, que teve retorno médio de 40% ao ano por 20 anos, fez um estudo observando os melhores investidores da última década:
Ele pegou o grupo dos top 25% de investidores no quesito retorno nos últimos 10 anos e fez comparações anuais.
Esses investidores, dentro de um período de 10 anos:
•97% passaram pelo menos 3 anos dos 10 anos com retornos menores do que metade dos participantes do mercado
•79% passaram pelo menos 3 anos com retornos menores do que 75% dos participantes do mercado
A internet é uma benção né? Praticamente toda a informação do mundo na palma da sua mão, a qualquer hora. Porém, a internet só é uma benção se você sabe direcionar sua atenção para os conteúdos relevantes. Caso contrário, o excesso de informação pode ser uma maldição. Por quê?
Qualquer assunto, por mais absurdo que seja, você consegue encontrar alguém na internet que defenda sua veracidade. Se quiser acreditar que a Terra é plana, você vai encontrar grupos de pessoas que afirmam que a Terra é plana.
E mais, esses grupos fornecem comprovação social para você ter segurança que está correto durante discussões. Como fugir disso?
Gosto bastante de uma frase de Isaac Newton:
“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes”.
Por que grandes investidores, como Buffett, Munger, Howard Marks e Peter Lynch, falam abertamente que não fazem análises macroeconômicas quando tomam decisões de investimento?
Existem variáveis que são tão incertas, que não importa quanto você estude ou quão detalhada é a sua planilha de Excel, que, no final, a resposta será precisamente... errada.
Alguns eventos são previstos com confiabilidade (Google irá pagar os juros sobre seus títulos de dívida?), alguns são incertos (Amazon será líder no varejo daqui a 10 anos?) e alguns são imprevisíveis (a bolsa irá subir amanhã?)
Sabia que fluxo de caixa e lucro líquido não é a mesma coisa?
Entender a diferença entre lucro e caixa é essencial para investir em empresas.
Quer dar um próximo passo na sua capacidade de análise e argumentação?
Segue:
Antes de definir a diferença entre lucro líquido e fluxo de caixa, olharemos o Patrimônio Líquido (ou Valor patrimonial):
Patrimônio Líquido é a diferença entre o que a empresa possui (seus ativos) e o que a empresa deve (seus passivos).
Patrimônio Líquido = Ativos – Passivos
Ativo (o que a empresa possui) pode ser diversas coisas:
Estoque (matérias primas e produtos), Contas a receber (dinheiro que clientes devem a empresa), Imobilizado (equipamentos, terrenos, imóveis), Caixa (dinheiro na conta) etc.