A Evergrande, 2ª maior construtora de imóveis da 🇨🇳, foi a precursora de quedas nos mercados globais.
Vamos olhar para os fundamentos da empresa para entender o tamanho do “pepino”.
Primeiro, vale a pena mencionar que o negócio de construtoras possui ciclo de caixa longo:
Em outras palavras, investem para comprar terrenos, materiais de construção etc, e leva tempo até que a companhia consiga vender a propriedade e ver a cor do dinheiro.
Historicamente, mercados aquecidos levam construtoras a se endividarem para construir e vender mais.
Mas, se a demanda por imóveis for menor que esperada, ou se várias empresas construírem ao mesmo tempo, muitas propriedades acabam vindo a mercado juntas, saturando a oferta.
O risco é a empresa ficar com propriedades encalhadas e dívida gorda para quitar.
Vamos aos fundamentos: No fim de 2020 a Evergrande possuía ¥335 bilhões (US$ 52 bi) em dívidas geradoras de juros vencendo em 2021, mais ¥381 bilhões (US$ 59 bi) vencendo depois de 2021.
E possuía apenas ¥158 bilhões em caixa (US$ 24 bi). A maior parte dos ativos estava em propriedades em desenvolvimento – as quais não está conseguindo vender rápido o suficiente.
E não para por aí.
Ao longo tempo a Evergrande investiu em alguns negócios “estranhos”. De veículos elétricos (Evergrande Auto) e Streaming de mídia (Hengten Networks) a Parques de diversão (Evergrande Fairland) e Indústria de Saúde (Evergrande Spring).
84,7% disso tudo foi financiado com capital de terceiros e apenas 15,3% com capital próprio.
Tentando contornar a situação, a Evergrande começou a oferecer propriedades com grandes descontos, e até impeliu seus funcionários a emprestarem dinheiro para a empresa, caso contrário não receberiam seus bônus no final do ano.
Aparentemente, já tinha uma🚩desde o começo do ano.
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Você já parou para pensar que se sua casa fosse listada na bolsa e tivesse cotação, o valor dela iria variar diariamente?
Agora, como a casa não tem liquidez (não é negociável a qualquer momento no mercado), pessoas se sentem mais seguras do que quando compram empresas listadas.
Olhando evidências, o retorno real (descontando inflação) médio de imóveis residenciais nos EUA, de 1900 até 2017, foi de 0,3% ao ano vs 6,5% para ações.
Isso significa que o retorno para ações foi mais de 1.000x superior (fonte: Credit Suisse).
Isso é válido para outros países.
O fato da casa não ter liquidez imediata é uma Desvantagem e não uma Vantagem.
Agora, como o que os “olhos não veem o coração não sente”, a ausência de um mercado com liquidez impede que as pessoas vejam em tempo real os efeitos da oferta e demanda no preço.
Interessante, Alibaba está sendo negociado hoje a preços de 2017.
A receita multiplicou por 2,7 de lá para cá e ainda cresce +30% ao ano.
O fluxo de caixa operacional da empresa multiplicou por ~3 no período.
Alguns pensamentos:
É incrível como o mercado pensa no curto/médio prazo.
Se olharmos para os últimos 5 anos, sempre que teve notícia ruim, as ações apanharam.
Em 2015/16 teve notícia ruim de produtos falsificados no Alibaba e a ação apanhou.
Em 2018/19 teve notícia ruim em aprovação de games da Tencent e conteúdo da Youku e ações apanharam.
Aí passa 1-2 anos, ninguém lembra mais e falam que era oportunidade óbvia.
Analisar nossos resultados nos investimentos comparando o retorno anual com o de outras pessoas é extremamente prejudicial para o sucesso no longo prazo.
Mostro isso com evidências:
Joel Greenblatt, que teve retorno médio de 40% ao ano por 20 anos, fez um estudo observando os melhores investidores da última década:
Ele pegou o grupo dos top 25% de investidores no quesito retorno nos últimos 10 anos e fez comparações anuais.
Esses investidores, dentro de um período de 10 anos:
•97% passaram pelo menos 3 anos dos 10 anos com retornos menores do que metade dos participantes do mercado
•79% passaram pelo menos 3 anos com retornos menores do que 75% dos participantes do mercado
A internet é uma benção né? Praticamente toda a informação do mundo na palma da sua mão, a qualquer hora. Porém, a internet só é uma benção se você sabe direcionar sua atenção para os conteúdos relevantes. Caso contrário, o excesso de informação pode ser uma maldição. Por quê?
Qualquer assunto, por mais absurdo que seja, você consegue encontrar alguém na internet que defenda sua veracidade. Se quiser acreditar que a Terra é plana, você vai encontrar grupos de pessoas que afirmam que a Terra é plana.
E mais, esses grupos fornecem comprovação social para você ter segurança que está correto durante discussões. Como fugir disso?
Gosto bastante de uma frase de Isaac Newton:
“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes”.
Por que grandes investidores, como Buffett, Munger, Howard Marks e Peter Lynch, falam abertamente que não fazem análises macroeconômicas quando tomam decisões de investimento?
Existem variáveis que são tão incertas, que não importa quanto você estude ou quão detalhada é a sua planilha de Excel, que, no final, a resposta será precisamente... errada.
Alguns eventos são previstos com confiabilidade (Google irá pagar os juros sobre seus títulos de dívida?), alguns são incertos (Amazon será líder no varejo daqui a 10 anos?) e alguns são imprevisíveis (a bolsa irá subir amanhã?)
Sabia que fluxo de caixa e lucro líquido não é a mesma coisa?
Entender a diferença entre lucro e caixa é essencial para investir em empresas.
Quer dar um próximo passo na sua capacidade de análise e argumentação?
Segue:
Antes de definir a diferença entre lucro líquido e fluxo de caixa, olharemos o Patrimônio Líquido (ou Valor patrimonial):
Patrimônio Líquido é a diferença entre o que a empresa possui (seus ativos) e o que a empresa deve (seus passivos).
Patrimônio Líquido = Ativos – Passivos
Ativo (o que a empresa possui) pode ser diversas coisas:
Estoque (matérias primas e produtos), Contas a receber (dinheiro que clientes devem a empresa), Imobilizado (equipamentos, terrenos, imóveis), Caixa (dinheiro na conta) etc.