Warren Buffett tem uma frase icônica:
“A melhor coisa que acontece conosco é quando uma excelente empresa tem problemas temporários. Queremos comprá-las quando estiverem na mesa de cirurgia.”
Vamos ver o exemplo de quando Buffett comprou o Washington Post:
Em 1973, Warren Buffett comprou ~10% do Washington Post por $10,6 milhões.
A empresa tinha 3 segmentos: publicação de jornal (duopólio em Washington, com 60% de market share), publicação de revista (Newsweek - 4º lugar em receita de propaganda no país), e transmissão de TV.
O Washington Post cresceu receita todo ano, de 1963 até 1972.
Porém, em 1973, notícias ruins saíram na mídia após o Post investigar o escândalo de Watergate, que levou à renúncia do presidente Richard Nixon.
O Post poderia perder licenças de TV em meio aos esforços de Nixon.
Porém, o segmento de transmissão de TV era o negócio menos relevante da empresa, equivalente a 11% da receita.
O Washington Post, que era negociado a $180 milhões anteriormente, chegou a ser avaliado a $80 milhões no mercado.
Buffett montou sua posição a aprox. $100 milhões.
Buffett conta que se olhasse transações no mercado privado, conseguiria vender os ativos do Washington Post por $400 milhões ou $500 milhões.
Na bolsa, era possível comprar tais ativos por $80 mi.
Ele via vantagens competitivas, ROIC elevado e avenidas de crescimento...
...negociada a um EV/EBIT de ~7.
Em 2014, Buffett vendeu suas ações do Washington Post.
Ao longo do tempo o Washington Post cresceu e recomprou ações.
Buffett desembolsou $10,6 milhões em 1973 e vendeu por aproximadamente $1,1 bilhão, 40 anos depois.
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Checklists são uma ferramenta útil para analisar potenciais investimentos.
Utilizando-as você minimiza a chance de sucumbir a vieses comportamentais, expondo os principais pontos que importam para uma tese ser bem-sucedida ou não.
Segue um exemplo de Checklist:
Rentabilidade:
•ROE (quebrar ROE DuPont)
•ROIC (lucro normalizado, capital de giro, capital investido)
•Há avenidas para investir capital incremental?
•Margem Bruta, operacional e líquida
Endividamento:
•Dívida líquida/EBITDA ou DL / FCO
•Dívida Bruta/Patrimônio Líquido
•Lucro operacional/Despesas financeiras
•Prazo e custo médio da dívida (taxa fixa ou variável?)
•Covenants de dívida
A Evergrande, 2ª maior construtora de imóveis da 🇨🇳, foi a precursora de quedas nos mercados globais.
Vamos olhar para os fundamentos da empresa para entender o tamanho do “pepino”.
Primeiro, vale a pena mencionar que o negócio de construtoras possui ciclo de caixa longo:
Em outras palavras, investem para comprar terrenos, materiais de construção etc, e leva tempo até que a companhia consiga vender a propriedade e ver a cor do dinheiro.
Historicamente, mercados aquecidos levam construtoras a se endividarem para construir e vender mais.
Mas, se a demanda por imóveis for menor que esperada, ou se várias empresas construírem ao mesmo tempo, muitas propriedades acabam vindo a mercado juntas, saturando a oferta.
O risco é a empresa ficar com propriedades encalhadas e dívida gorda para quitar.
Você já parou para pensar que se sua casa fosse listada na bolsa e tivesse cotação, o valor dela iria variar diariamente?
Agora, como a casa não tem liquidez (não é negociável a qualquer momento no mercado), pessoas se sentem mais seguras do que quando compram empresas listadas.
Olhando evidências, o retorno real (descontando inflação) médio de imóveis residenciais nos EUA, de 1900 até 2017, foi de 0,3% ao ano vs 6,5% para ações.
Isso significa que o retorno para ações foi mais de 1.000x superior (fonte: Credit Suisse).
Isso é válido para outros países.
O fato da casa não ter liquidez imediata é uma Desvantagem e não uma Vantagem.
Agora, como o que os “olhos não veem o coração não sente”, a ausência de um mercado com liquidez impede que as pessoas vejam em tempo real os efeitos da oferta e demanda no preço.
Interessante, Alibaba está sendo negociado hoje a preços de 2017.
A receita multiplicou por 2,7 de lá para cá e ainda cresce +30% ao ano.
O fluxo de caixa operacional da empresa multiplicou por ~3 no período.
Alguns pensamentos:
É incrível como o mercado pensa no curto/médio prazo.
Se olharmos para os últimos 5 anos, sempre que teve notícia ruim, as ações apanharam.
Em 2015/16 teve notícia ruim de produtos falsificados no Alibaba e a ação apanhou.
Em 2018/19 teve notícia ruim em aprovação de games da Tencent e conteúdo da Youku e ações apanharam.
Aí passa 1-2 anos, ninguém lembra mais e falam que era oportunidade óbvia.
Analisar nossos resultados nos investimentos comparando o retorno anual com o de outras pessoas é extremamente prejudicial para o sucesso no longo prazo.
Mostro isso com evidências:
Joel Greenblatt, que teve retorno médio de 40% ao ano por 20 anos, fez um estudo observando os melhores investidores da última década:
Ele pegou o grupo dos top 25% de investidores no quesito retorno nos últimos 10 anos e fez comparações anuais.
Esses investidores, dentro de um período de 10 anos:
•97% passaram pelo menos 3 anos dos 10 anos com retornos menores do que metade dos participantes do mercado
•79% passaram pelo menos 3 anos com retornos menores do que 75% dos participantes do mercado
A internet é uma benção né? Praticamente toda a informação do mundo na palma da sua mão, a qualquer hora. Porém, a internet só é uma benção se você sabe direcionar sua atenção para os conteúdos relevantes. Caso contrário, o excesso de informação pode ser uma maldição. Por quê?
Qualquer assunto, por mais absurdo que seja, você consegue encontrar alguém na internet que defenda sua veracidade. Se quiser acreditar que a Terra é plana, você vai encontrar grupos de pessoas que afirmam que a Terra é plana.
E mais, esses grupos fornecem comprovação social para você ter segurança que está correto durante discussões. Como fugir disso?
Gosto bastante de uma frase de Isaac Newton:
“Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes”.