Thread by @aheidrich

Scott Alexander analisou o livro "Neoliberalismo: História e Implicações", de David Harvey, um conhecido marxista da geografia. A partir dos anos 90, o neoliberalismo passou a ser laureado como panaceia econômica por consequência dos governos de Reagan e Thatcher. \1

Mas com a sucessão de crises que se abateu no mundo a partir dos anos 90, como a crise dos mercados emergentes na Ásia, do México, do Chile, da Rússia, até chegar à crise do subprime em 2008 nos EUA, o que foi chamado de #neoliberalismo se tornara o bicho-papão da esquerda. \2

E o que impressiona o autor (assim como a nós) é que o passado parece ter sido apagado, uma borracha na história, quando se esquece, convenientemente, os anos 70 e a sucessão de catástrofes econômicos devido a alta do barril de petróleo em 2 choque (73 e 79). \3

Foi bem antes do chamado neoliberalismo entrar em cena que a América Latina encarou sua década perdida nos anos 80, que a Ásia Oriental vinha bombando com suas reformas econômicas, que a Nova Zelândia reformou seu estado deixando de ser um mero pasto para ovinos. \4

Como não poderia deixar de ser para um marxista (isto tem que ser assinalado), Harvey não entende uma crise sem um propósito na lógica de acumulação de capital, então, se o sistema econômica demonstra renovação e superação é porque algo pior vai (e deve) se suceder. \5

As teses da obra dissecadas são as seguintes:
1. Não há causalidade na falência do sistema de Bretton Woods e na crise dos anos 70, não se vê o sistema como sendo intrinsecamente limitado pela espiral inflacionária gerada da emissão de moeda; \6

2. A segunda tese é conspiratória, há um lobby para reformar o sistema, que não gosta de uma economia anti-lobbies. O neoliberalismo é visto como intrinsecamente incompetente para defender a liberdade, de modo que tende a reforçar interesses plutocráticos; \7

3. Quando Harvey analisa a evolução de cidades como NYC parece estar falando de um comitê contrarrevolucionário que quer evitar sua transformação, ao mesmo tempo que decide "vender a cidade" através de sua diversidade, explorando até mudanças nos padrões de sexualidade; \8

(Esta terceira tese é realmente confusa, pois para evitar uma "verdadeira revolução" se investe em uma revolução dos costumes, contracultural talvez.) \9

4. Por fim, Harvey elenca pontos discutíveis e sensatos, como que deveríamos apoiar o chamado "liberalismo integrado", com regulamentações pró-mercado e edificação de um estado de bem-estar social. Sensato porque aqui o autor parece abandonar a perspectiva revolucionária. \10

Acesse o artigo aqui : Resenha do livro "Neoliberalismo: História e Implicações" neoliberais.com/2021/05/16/res… via @NeolibBrasil

(Continuaremos com a 2ª parte deste fio.)

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