Ted Weschler tem 59 anos e é um dos investidores que irá substituir Warren Buffett na Berkshire Hathaway, no quesito alocação de capital (o outro é Todd Combs).
Este ano saiu um artigo no Washington Post que mostra os retornos que Weschler teve em sua conta pessoal:
Weschler começou a trabalhando como um funcionário júnior na W.R. Grace, em 1983.
Ele saiu da empresa em 1989, com US$ 70 mil em sua conta de aposentadoria, onde investia em ações.
No final de 2018 (~30 anos depois) os US$ 70 mil tinham virado US$ 221,6 milhões.
Weschler, quando indagado, respondeu que os resultados vieram apenas do investimento em empresas públicas, disponíveis para qualquer pessoa comprar.
Retorno comparado à Berkshire e ao S&P 500:
Em 2010, Weschler, que há anos admirava Buffett, ganhou o leilão do almoço com o bom velhinho, desembolsando US$ 2,6 milhões.
Em 2011 ele também ganhou o almoço, oferecendo $100 a mais.
Com os dois almoços, Weschler acabou recebendo uma proposta de Buffett para trabalhar na Berkshire.
Aparentemente, Buffett sabe escolher seus sucessores.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Sucesso num investimento não depende de quantas pessoas concordam com vc, quantos analistas recomendam compra das suas ações ou de quanto caiu ou subiu depois que vc comprou.
O sucesso depende apenas do que acontecerá no "mundo real", fora do mercado de ações, ao longo de ANOS.
Se a empresa for bem ao longo de 5, 10 anos, e não 5, 10 meses, e você tiver pagado um preço atraente, o resultado virá.
É necessário que exista geração de caixa ao longo de anos que justifique o preço pago pelo ativo.
Hoje, dá pra ver muita coisa doida acontecendo. Alguns exemplos:
Rivian, empresa de carros elétricos, valendo mais de US$ 100 bilhões sem nem ter produzido carros, Tesla valendo mais de US$ 1,1 trilhão (1 vez e meia o Ibovespa) lucrando uma minúscula fração do que vale
Existem pessoas que são bem-sucedidas comprando obras de arte em leilões ou lojas de antiguidades e revendendo por um valor maior.
Ironicamente, ao ver como essas pessoas ganham dinheiro, podemos tirar um aprendizado sobre investimento em ações:
Muitos podem pensar que pessoas bem-sucedidas comprando pinturas são aquelas que tem um “olho bom” e acertam um pintor que no futuro vai ficar famoso e suas obras valorizarão absurdamente.
Só que compradores de arte consistentemente bem-sucedidos tem uma abordagem diferente:
São estudados sobre as pinturas negociadas no mercado, e compram em leilões as pinturas de artistas cujas outras obras já são negociadas a preços mais altos do que o que os que encontraram.
Checklists são uma ferramenta útil para analisar potenciais investimentos.
Utilizando-as você minimiza a chance de sucumbir a vieses comportamentais, expondo os principais pontos que importam para uma tese ser bem-sucedida ou não.
Segue um exemplo de Checklist:
Rentabilidade:
•ROE (quebrar ROE DuPont)
•ROIC (lucro normalizado, capital de giro, capital investido)
•Há avenidas para investir capital incremental?
•Margem Bruta, operacional e líquida
Endividamento:
•Dívida líquida/EBITDA ou DL / FCO
•Dívida Bruta/Patrimônio Líquido
•Lucro operacional/Despesas financeiras
•Prazo e custo médio da dívida (taxa fixa ou variável?)
•Covenants de dívida
Warren Buffett tem uma frase icônica:
“A melhor coisa que acontece conosco é quando uma excelente empresa tem problemas temporários. Queremos comprá-las quando estiverem na mesa de cirurgia.”
Vamos ver o exemplo de quando Buffett comprou o Washington Post:
Em 1973, Warren Buffett comprou ~10% do Washington Post por $10,6 milhões.
A empresa tinha 3 segmentos: publicação de jornal (duopólio em Washington, com 60% de market share), publicação de revista (Newsweek - 4º lugar em receita de propaganda no país), e transmissão de TV.
O Washington Post cresceu receita todo ano, de 1963 até 1972.
Porém, em 1973, notícias ruins saíram na mídia após o Post investigar o escândalo de Watergate, que levou à renúncia do presidente Richard Nixon.
O Post poderia perder licenças de TV em meio aos esforços de Nixon.