O Direito reserva proibições de conteúdo (content-based) para alguns poucos temas. P.ex.: ninguém sustenta que pode discurso de pedofilia. Pois bem, a lei expressamente pune incitar discriminação anti-judeu e apologia nazista. Não há esfera de liberdade de expressão aqui.
Ah, mas não posso falar tudo que eu quero? Não, não pode, já que se trata de uma proibição de conteúdo de discurso de ódio. Nem nos EUA pode tudo: lá não pode afetar segurança nacional (lei espionagem); não pode incitar ação ilegal iminente; não pode obscenidade.
A surpresa liberal sobre “meu deus, não posso advogar por um partido nazista?” é cínica. Já tentamos um mercado livre de ideias anti-judeu e sabe o que aconteceu? O Holocausto. Não há sociedade que permita liberdade irrestrita sem responsabilidade pelo dano a outrem.
“Ah, mas não pode advogar por uma mudança da lei de partidos? E a legalização da maconha?” Vamos lá: 1) diferentemente da maconha, um partido nazista é um objetivo constitucionalmente incontornável; 2) há proibição de conteúdo nazista específica, no caso da maconha era mais geral
Para quem quiser saber + s/ o aspecto jurídico do discurso de ódio e liberdade de expressão, sugiro o livro no qual sou um dos autores sobre o tema que olhou, empiricamente, como os tribunais (mal) decidem o tema: "Discurso de ódio: desafios jurídicos" amazon.com.br/Discurso-ódio-…
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Caro @JoelPinheiro85, em seu texto hoje na Folha, você trata como sinônimos termos que não o são: “preconceito” (opinião negativa) “discriminação” (tratamento ou impacto diferenciado) e “racismo” (sistema de poder”). Recomendo ler Adilson Moreira, “O que é discriminação?”. Abs.
Neste sentido, é um sofisma concluir que chamar alguém de um insulto referente a ser branco (p.ex. “branquelo”) signifique “racismo”, ao menos se percebermos que a literatura chama racismo de sistema de poder. Pode denotar preconceito? Sim. Mas não um sistema de opressão.
Sem esclarecermos os termos do debate fica difícil conversarmos, senão o que era pra ser debate se torna torre de Babel. Insultos - enquanto opiniões negativas (preconceitos) ou até tratamento diferenciado (discriminação) - só alçam à categoria de racismo como expressão de poder.
Datafolha: 51% concorda que "comerciais com casais homossexuais devem ser proibidos para proteger as crianças". Eu me pergunto se seria o mesmo % sem a frase "para proteger as crianças", a qual aciona na psique reacionária o falso "casais LGBTs impõem risco a crianças."
É central para o discurso anti-LGBT classificá-los como "anti-família", apesar de ser o grupo que mais se casa hoje; e classificá-los como depravados e pedófilos, acionando os porões da psique reacionária que vê depravação onde só há afeto em casais LGBTs.
Psique reacionária, forte no país, precisa da categoria "criança" no abstrato para sustentar-se. Agora, se falarmos de crianças reais, aí teríamos que falar da relevância da adoção por LGBTs, do suicídio de jovens LGBTs, do abuso sexual contra crianças em lares hetero e igrejas.
“Floyd, branco”, por Demétrio Magnoli. Aqui vão algumas das falácias do texto publicado no Globo. 🧵🧶
1. Falácia causal entre bairros negros e criminalidade e violência. Aqui, Demétrio sugere que a polícia mate mais porque há mais crimes. Dois erros: não há correlação necessária entre crimes e violência policial + sufocar alguém não se justifica por criminalidade.
P.ex. Estudo do MP do RJ mostra que não há ligação entre cidades com mais crimes e menos violência policial, bem como há estudos que apontam que a polícia mata mais em certos locais por outros fatores (não é zona de milícia). mprj.mp.br/documents/2018…
.@ECantanhede: Moro “nunca colocou preto e pobre na cadeia”. Há 3 erros crassos: 1) Moro era juiz federal, logo crimes contra União; 2) Moro fez o excludente de ilicitude (pra matar preto e pobre); 3) Moro quis por presos doentes de covid-19 em contêineres
Podemos estar mais ou menos empolgados com um candidato, mas o papel do/a comentarista é levar os fatos reais em consideração. Moro já defendeu abertamente que o encarceramento no país não é excessivo. É a 3a maior população carcerária no mundo. conjur.com.br/2020-fev-15/na…
Seria interessante se tivéssemos um debate sério sobre encarceramento na televisão. Acha que são homicidas contumazes que lotam cadeias? Errado, são presos sem julgamento, preto definido como traficante mesmo sendo usuário ou nem isso, e a moça que furtou miojo.
Além de querer manter presos velhinhos com covid em contêineres, propor excludente de ilicitude para que polícia matasse impunemente, propor a redução da pena para milícias e encher o MJ de agentes da PF, o que Moro fez mesmo enquanto ministro, inclusive p/ combater a corrupção?
Há erros jurídicos no editorial do @JornalOGlobo sobre genocídio e pandemia. Seria importante o Jornal, em prol da seriedade e imparcialidade, dar espaço a outras vozes jurídicas sobre o tema. Aponto aqui alguns dos erros👇🏾: blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/e…
1) "intenção", em direito penal, é "conhecimento", não é abrir cabeça de Bolsonaro para saber o que ele quis. E nem precisaríamos. Há atos de Estado, como vetar água a indígenas e distribuir cloroquina a indígenas além de estimular a violência do garimpo. brasil.elpais.com/brasil/2020-07…
2) o Artigo 25 do Estatuto de Roma detalha responsabilidade penal individual, em gradação; inclui "ordenar, solicitar ou instigar" e "colaborar". Logo, acusar alguém de genocídio não é o mesmo que dizer que ele o praticou diretamente. Ignorar os níveis de resp. é leviano.