O passo de reconhecer as repúblicas populares de #Donetsk e #Lugansk nom é menor. Mas em absoluto significa que a #Rússia queira a desapariçom física da Ucránia, como algum comentador está já assegurar com superabundáncia de dramatismo. Vai mais um fio sobre a falsa guerra 🇺🇦-🇷🇺.
Em 2014, na sequência do estado de terror que seguiu ao golpe paramilitar da extrema-direita (#EuroMaidan) na Ucránia, várias regions (oblasti) do país proclamárom a sua independência. Tratava-se, fundamentalmente, de ficar fora do novo poder de Kiev e de se auto-proteger.
Convém lembrar que na maioria dessas regions, no leste do país, vive umha maioria russa (ou minorias muito significativas) que se converteu no principal alvo de ataques do novo poder.
Aquelas açons defensivas nom se dêrom só nos oblasti de #Donetsk e #Lugansk que agora a Rússia vem de reconhecer. #Kharkov (Carcóvia), #Crimeia e até #Odessa também proclamárom a sua independência e durante uns meses mesmo houvo a perspectiva de outras regions se virem a somar.
Ninguém reconheceu imediatamente os novos estados. A maioria de apoios do governo de Kiev, com efeito, considera-os organizaçons terroristas e baseia nisso toda a justificaçom das suas açons militares contra populaçom civil (que nom existe: todo o mundo é terrorista ou refém).
A única RP reconhecida pola Rússia foi a da #Crimeia, que, a diferença do resto, convocou também um referendo para decidir se a península devia solicitar a sua reintegraçom na Rússia. Resultado: 97,5% favorável.
Mas nom era a primeira vez que a Crimeia fazia um referendo sobre o seu status político. Em 1991 votou favoravelmente (94%) a independizar-se da Ucránia e integrar-se na CEI (a estrutura que substituiu a URSS após o seu colapso). As mudanças históricas em processo impedírom-no.
Em 1994, celebrou mais um referendo sobre a sua própria Constituiçom. Kiev declarou ilegal o referendo e suspendeu a Constituiçom, impedindo implementar os resultados.
Fora do particular caso da Crimeia, o Kremlin também evitou reconhecer as repúblicas democráticas proclamadas em 2014. A posiçom russa insistia (e era dos poucos agentes que verdadeiramente insistia) no que viriam a ser os Acordos de #Minsk.
Os Acordos reconheciam a integridade ucraniana em troca da paz. Fôrom assinados, mas nunca completamente implementados. O texto, desenhado para favorecer que todas as partes pudessem assinar (evitando assim a guerra) foi acusado de ser demasiado interpretável por Kiev e a OSCE.
Berlim mesmo enviou umha proposta para o concretizar (a chamada fórmula #Steinmeier), que dava todo o poder à OSCE (em maos da UE) para monitorar as eleiçons que deviam retornar as repúblicas populares à soberania ucraniana e para as declarar válidas ou inválidas.
A Rússia apoiou a posiçom Steinmeier. O governo de Kiev também assinou (sob pressom da UE e os EUA), mas as organizaçons fascistas e de extrema-direita que o suportam lançaram a campanha «Ні капітуляції!» (Nom à capitulaçom!).
Diante de quem é que capitulavam, segundo os detratores? Evidentemente, diante da Rússia. Por que? Por abrir a porta a umha autonomia limitada para aquelas regions de maioria russa e porque a questom da Crimeia ficava fora de discussom. A aposta era unidade e homogeneidade.
A partir daí, a política russa em relaçom às repúblicas populares tem seguido 3 princípios:
1⃣ apoio logístico e de defesa contra os ataques do exército ucraniano e os grupos paramilitares.
2⃣ insistência dos Acordos de Minsk (via Steinmeier)
3⃣ negativa a reconhecer as RP
O que é que muda agora, portanto? O contexto. A guerra que se joga já nom é só entre os governos golpistas de Kiev e as repúblicas populares do #Donbass. A decissom dos EUA de tirarem partido da situaçom pola que tanto puxaram em 2014 muda todo o panorama.
A posiçom russa muda em consequência. Ao romperem definitivamente os acordos de Minsk (que ninguém em Kiev quer implementar e que o eixo EUA-UE também já nom apoia além das declaraçons de imprensa), Moscova fica livre de reconhecer as RP.
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Nom cabe muita dúvida de que o reconhecimento das repúblicas do #Donbass era a única saída que cabia a umha #Rússia embarcada numha guerra fake 🇺🇦🇷🇺 que até Zelenskyy criticou. Mas também era a única saída para esses territórios em rebeldia contra o golpismo de Kiev. Por que? ➡️
Mortos Minsk I, a via Steinmeier e Minsk II, o único que havia no horizonte era #Kiev e #Donetsk - #Lugansk a trocarem artilharia durante meses, sem nada de real a mudar. O reconhecimento fecha esse cenário. Abre outros, mas a guerra (a de verdade, que dura 8 anos) finaliza.
É claro que o bloco 🇪🇺🇺🇸 vai jogar a acusar Moscova de romper esses acordos, porque na guerra nom declarada que se solapa à real (a que enfrenta o imperialismo e a Rússia e na que Ucránia é só paisagem), o relato tem umha importáncia capital. Mas isso já sabemos.
Além do como é que chegamos aqui (que explico neste fio 👇), o fundamental é o Tratado de Amizade, Cooperaçom e Assistência Mútua entre a Rússia e as repúblicas. Estabelece:
🔸 estreita cooperaçom em política exterior.
🔸 estreita cooperaçom em segurança e defesa da soberania.
Literalmente:
«todas as medidas disponíveis para eliminar qualquer ameaça à paz, e também para contrarrestar atos de agressom de parte de qualquer estado ou grupo de estados».
Consequência direta: fontes russas informam de que o Kremlin está a enviar tropas para as repúblicas populares de #Donetsk e #Lugansk, que vem de reconhecer.
O #gás natural liquidificado (#GNL) procedente dos EUA custa, em meia, 40% mais do que o gás canalizado russo. A isso, adicione-se o custo da ré-gasificaçom. Imaginemos agora que piora a situaçom diplomática de pré-guerra em que a #NATO tanto insiste. O que poderia passar? Fio 👇
Umha opçom é a UE impor mais umha série de sançons económicas à Rússia, entre elas à exportaçom de gás, que é umha commodity essencial para as arcas russas (sem o gás, a recuperaçom meteórica desde o inferno da década de 1990 nom se teria produzido nunca).
Outra opçom seria que o governo russo cortasse parcial ou totalmente as suas exportaçons à Europa, fazendo valer o nível de dependência energética que a UE tem do seu gás. Em ambos os casos, quem ganha? Exato: o provedor más caro. Ou seja: os Estados Unidos. Por que?
Além da questão médica, de que não faço a menor ideia e não falarei, o #Covid_19 tem uma faceta política. É uma faceta real, com implicações reais. E mesmo que o sanitário seja o mais importante agora, convém não renunciar a tratar o tema. Eis um breve fio 5 ideias ao respeito 👇
1) A faceta política não existe por haver «apocalípticos» que insistam em assinalar os regimes ultraliberais. O assinalamento existe, com certeza, e não há dúvida de que há razões para o fazer, mas além disso, o #coronavirus é uma realidade política por si próprio. Porque...
2) No plano internacional, com a Itália a pedir ajuda à UE, a resposta foi o silêncio mais gritante. A União não abriu a boca nem ofereceu qualquer ajuda enquanto a Itália decretava regiões inteiras em quarentena e os contágios se estendiam por outros países. #ItaliaZonaRossa ➡️