O ideal seria todes utilizarem preservativo no sexo oral, que pode sim transmitir HIV, hepatites e IST’s. Mas convenhamos: isso não acontece. Por isso, pensando no mundo real, juntei dicas importantes para diminuir os riscos dessa prática. Fiz com muito carinho. Compartilhe.
Sexo oral é sexo, não é preliminar. Portanto tem sim riscos para HIV e IST’s. O ideal seria todes utilizarmos preservativo. Mas como isso não acontece, seguem dicas pra diminuir os riscos:
1 - Teste-se regularmente para HIV, sífilis e hepatites.
No Brasil as testagens podem ser feitas pelo SUS nas UBS, SAE’e e CTA’s. A frequência vai variar de acordo com a frequência da sua exposição, mas pelo menos 1 a 2x por ano é indicado para pessoas com vida sexualmente ativa.
Se você vive com HIV e está indetectável ha 6 meses não trasmite o vírus por via sexual, mesmo com ejaculação.
2 - Teste-se para gonorreia e clamídia na orofaringe (garganta). O CDC estadunidense já recomenda exames de PCR para gonorreia e clamídia para todos
homens que fazem sexo com homens (HSH), a cada 3-6 meses e para mulheres jovens <24 anos após troca de parceiros (??). Como se mulher tivesse que ter um parceiro só.
3 - Tome vacinas contra HPV, Hepatite A, Hepatite B e Meningite C.
O HPV é altamente transmitido por sexo oral e está e relacionado à câncer de garganta.
A Hepatite A é transmitida pelo sexo oral no ânus (beijo grego), com risco de hepatite fulminante (perder o fígado).
A Hepatite B possui transmissão sexual 60 a 100X mais eficiente que o HIV.
E a nossa garganta pode ser reservatório de bactérias causadores de meningite (Neisseria sp.). Estudos ja demonstraram um risco 10x maior de meningite meningocócica em homens gays e o CDC passou a recomendar a vacina ACWY.
4 - Evite que ejaculem na sua boca. O esperma contém grande número de particulares virais de HIV e bactérias, portanto o risco aumenta exponencialmente. Se ejacularem, cuspa ou engula, já que geralmente a maior chance de transmissão é enquanto o
líquido está na cavidade oral e após ser ingerido será inativado pelo suco gástrico.
5 - Para sexo com pessoas com vagina evite sexo oral durante período menstrual ou corrimento não fisiológico (fora do habitual).
O sangue menstrual aumenta o risco de transmissão de HIV e hepatites, e o corrimento pode representar infecções por gonorreia, clamídia ou tricomoníase.
6 - Escove os dentes ou passe fio dental apenas 2h antes ou 2h após o sexo oral.
Pesquisadores da Universidade da Geórgia concluíram que o ato de escovar ou passar fio dental abre ferimentos, micro fissuras e ocasiona sangramentos que são portas de entrada para HIV e IST’s. Principalmente se feito de maneira vigorosa. Alimentos
duros que podem machucar as gengivas também.
Para manter um bom hálito prefira uma bala refrescante ou um enxaguante bucal sem álcool.
7 - Ir ao dentista! Pelo menos semestralmente. Tratar cáries, gengivites, inflamações com certeza são o pilar da saúde das gengivas e dos
dentes, e além de diminuir as chances de transmissão de IST’s, melhora a sua saúde. Já está comprovado que uma má saúde bucal está relacionada a várias doenças.
8 - Tente chupar ‘no claro ‘. Parece obvio, mas não é. Muitas vezes as luzes estão apagadas e ambientes como
darkroom, cinemões e saunas já contam com pouca iluminação. Se você percebe uma verruga, uma úlcera ou um corrimento, avise a pessoa sobre o que está acontecendo (de maneira respeitosa) e reagende o encontro. Claro que as pessoas não têm olhar clínico e não vão saber diferenciar
o que é normal do patológico. Portanto una orientação profissional cabe nesses casos.
9 - Se você, além do sexo oral, também se engaja em penetração anal ou vaginal sem preservativo ou tem histórico de IST nos últimos 6 meses, procure a PrEP (Profilaxia Pré Exposição para o
HIV), que pode ser obtida via SUS ou comprando na drogaria. A PrEP tem conseguido frear a epidemia de HIV entre homens gays e sua utilização deve ser cada vez mais democratizada. Se você se expôs sem intenção, houve ejaculação ou sangramento na sua boca, utilize
a PEP (Profilaxia Pós-Exposição para o HIV) em até 72h. É entregue no SUS e apresenta altíssima eficácia se utilizada nas primeiras 24h.
10 - Fale sobre, instrua-se e democratize a informação. Tente dialogar com parceires sobre prevenção ANTES do sexo. Não é possível que em
2022 falar sobre sexo, desejo e prevenção seja um tabu. Precisamos mudar isso. So assim poderemos vivenciar nossa sexualidade da maneira mais saudável e prazeirosa possível.
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Contando tudo isso que converso com vocês há 7 anos, todos os dias. Será um livro paradidático para TODES com o escrita leve, carinhosa e baseada em evidências científicas.
Ah, esqueci de falar! As PCR para gonorreia e clamídia ainda não são amplamente disponíveis no SUS, nem no sistema privado. Portanto devemos pressionar as autoridades para que o acesso seja democratizado.
A transmissão do HIV por oral é muito baixa (1 a 4 a cada 10 mil exposições pelo UpToDate, variando com valor de carga viral, presença de úlceras ou sangramentos) mas não é zero, e é apenas para quem chupa, não quem é chupade.
Portanto devemos levar em consideração também.
Em breve farei o fio de como conseguir as 4 vacinas. Infelizmente nem todas são pelo SUS.
Hepatite B é universal.
Hepatite A e HPV com limite de idade e pessoas com comorbidades.
São Paulo vacina homens gays pra Hep A.
Meningite C para comorbidades e ACWY no sistema privado.
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A pessoa utiliza PrEP pra se prevenir do HIV, mas acaba ganhando o hábito de se testar sempre,
de tratar tudo no início,
de tomar vacinas
e assim vai construindo uma linha de cuidado.
Acaba sendo a porta de entrada nos serviços de saúde e no SUS.
E tem gente que critica. 😅
Falar sobre.
Testar-se. Testar-se sempre.
Tratar.
Dialogar.
Avaliar riscos.
É muito mais que tomar comprimido.
Seja comprada na farmácia ou entregue no SUS, o principal da PrEP é o processo de educação em saúde.
SUS passa a disponibilizar tratamento mais eficiente para infecções fúngicas graves em pessoas com Aids: criptococose e mucormicose. Leia.
Nota informativa recente do Ministério da Saúde No 5/2022-CGDR/.DCCI/SVS/MS dispôs sobre a liberação de anfotericina B complexo lipídico e flucitosina para tratamento de neurocriptococose e mucormicose em pessoas com Aids.
Só infectologista sabe o quanto essas doenças são graves e o quanto sofremos nas enfermarias para tentar cuidar dos pacientes.
A fórmula convencional da anfotericina (desoxicolato) é bastante tóxica e muitas vezes ocasiona lesão renal grave devido ao tratamento
Pra quem quiser tem esse vídeo que fiz com o fofíssimo Pedro HMC para o @CanalPoenaRoda
A ‘chuca’ consiste na lavagem do reto antes da prática do sexo anal, muito popularizada entre a população LGBT. Mas muitos héteros também a fazem, pois afinal todes podem sentir prazer no ânus.
Geralmente as pessoas fazem isso pelo medo de se ‘sujar’ ou ‘sujar o parceiro’ durante o ato sexual, que pode gerar constrangimento ou algum desconforto. Mas quando se estuda a anatomia do trato digestivo, percebe-se que nem sempre a chuca é de fato necessária.
Pessoal, vocês estão conseguindo retirar lubrificante íntimo pelo SUS?
Seja UBS, SAE ou CTA.
O tubinho de gel na drogaria está mais de 30 reais, totalmente fora da realidade de muita gente.
Não adianta mostrar os malefícios do ‘cuspe’ se não fornecem alternativas democráticas.
Toda relação, por mais cuidadosa que seja, envolve micro sangramentos invisíveis e micro fissuras na vagina ou no reto, que são portas de entrada para HIV e IST’s.
Lubrificar é estratégia de prevenção e facilita o uso do preservativo. ❤️🩹
Um gelzinho lubrificante é sempre bem-vindo.
Além de diminuir dor e desconforto, atua de maneira primordial na prevenção de HIV e IST’s.
Importante lembrar que utilizar saliva não é recomendado, pois não gera lubrificação suficiente e você pode levar bactérias da gonorreia e
clamídia e vírus como o da herpes da sua boca para o ânus ou vagina dos parceires. E isso é grave.
Lubrificantes de látex NUNCA devem ser utilizados com produtos oleosos ou óleos naturais (coco, mineral, por exemplo) pelo alto risco de ruptura.