Diabetes e COVID longa: Um grande acompanhamento (01/03/20-30/09/21) de mais de 4 milhões de indivíduos revelou que, após a recuperação da infecção pelo vírus da COVID-19, há um aumento significativo de risco para diabetes, mesmo em não-hospitalizados
Fio da tarde 🧶👇
Resumo do fio:
🔹Pessoas recuperadas de COVID-19 apresentam risco aumentado para diabetes e uso de anti-hiperglicêmicos
🔹Mesmo aqueles não hospitalizados também apresentaram riscos significativos
🔹Riscos aumentaram de acordo com a gravidade da COVID-19
A diabetes mellitus (DM) é uma doença do metabolismo, em que o indivíduo pode ter uma produção insuficiente de insulina e/ou a insulina não consegue exercer seus papeis fisiológicos sobre corpo (que seria "resistente" a insulina). bvsms.saude.gov.br/diabetes/#:~:t….
Ela é dividida em:
🔹Tipo 1: as células produtoras de insulina são destruídas (por uma reação imunológica do corpo contra elas - autoimune, por ex.)
🔹Tipo 2: o corpo se torna resistente à insulina, em paralelo a uma redução da liberação desse hormônio controlaradiabetes.pt/entender-a-dia…
Temos a diabetes gestacional e associada a alterações em genes relacionados com a ação da insulina (detalhes no link do 1º tuíte).
Segundo o MS, o Brasil é 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de adultos (20 a 79 anos) bvsms.saude.gov.br/26-6-dia-nacio….
Com um crescente de casos, a estimativa para 2030 pode chegar em 21,5 milhões.
Segundo o IDF*, "em 2010, a projeção global do IDF para diabetes, em 2025, era de 438 milhões. Com mais 5 anos pela frente, essa previsão já foi ajustada para 463 milhões."
*diabetesatlas.org/en/resources/
Dito isso, o estudo da @TheLancetEndo adiciona uma camada relevante nessa preocupação de novos casos. Isso porque o estudo revela um risco aumentado para a diabetes em pessoas recuperadas de COVID-19, sem histórico de diabetes.
No estudo, eles compararam um grupo de indivídups recuperados de COVID-19 com um grupo "controle contemporâneo", ou seja, do mesmo período (01/03/20-30/09/21) em que foram recrutados participantes recuperados de COVID-19 para o outro grupo.
Ainda, o estudo também contou com um grupo "controle histórico", ou seja, um grupo de pessoas sem histórico de diabetes de um período anterior à pandemia da Covid-19 (01/03/18-30/09/19). Isso agrega um robustez nas análises que o artigo se propôs a fazer.
Os autores levantaram dois dados importantes:
🔹Risco para diabetes
🔹"Excesso de carga*" que essa doença pode gerar na vida de um indivíduo em 12 meses
*impacto de conviver com a doença, suas consequências, além do risco de morte prematura, etc (aihw.gov.au/reports-data/h…)
Comparando com o grupo "controle-contemporâneo", pessoas recuperadas de COVID-19 apresentaram:
🔹Risco aumentado (em 40%), além de excesso de carga (13,46 por 1000 pessoas em 12 meses) para diabetes
🔹Ainda, observou-se riscos aumentados para uso de remédios anti-hiperglicêmicos
Ainda, esses riscos eram maiores de acordo com a gravidade da COVID-19 experienciada pelos indivíduos.
Esses riscos também cresciam de acordo com faixas etárias (>65 anos), IMC e presença de comorbidades associadas (doenças cardiovasculares, hiperlipidemia, etc).
E algo MUITO importante: Os riscos e carga da doença foram significativos entre os não hospitalizados (ou seja, pessoas que tiveram uma COVID-19 leve a moderada) e aumentaram de forma gradual de acordo com a gravidade da doença (maior em pessoas que foram para UTI, p. ex)
Ainda, os dados foram consistentes comparando com o controle-histórico (mencionado nos primeiros tuítes relacionados ao artigo).
Muitas pessoas tem COVID-19 que não requer hospitalização. E com cada vez mais e mais casos, podemos mais casos de diabetes após a COVID-19.
O artigo traz um exemplo: a carga da doença em não hospitalizados foi 8,28 por 1.000 pessoas em 12 meses.
"esses números absolutos podem se traduzir em cargas substanciais no nível geral da população e podem sobrecarregar ainda mais os sistemas de saúde já sobrecarregados"
A pergunta que fica é: temos um sistema de saúde preparado para lidar com os impactos da COVID longa? Os que estamos conhecendo e os ainda desconhecidos?
Temos dados mostrando que as vacinas reduzem o risco e duração desses sintomas da COVID longa
Mas estamos falando de vacinas que reduzem os riscos, mas não abolem/zeram completamente esses riscos. Por isso a gente reforça tanto o cuidado nesse momento de (ainda) alta transmissão. Usar máscara ajuda muito a evitar a infecção/transmissão
Mesmo pessoas com baixo risco para diabetes antes da COVID-19, podem exibir riscos para essa doença após a recuperação da COVID-19 (presente na discussão do artigo, figura abaixo).
Os dados alertam para a importância do preparo dos sistemas de saúde para atender pessoas que possam experienciar sintomas da COVID longa, que são MUITO diversos.
Vacina e máscara seguem sendo aliados fortes para evitar esses riscos.
Hoje é o Dia Mundial da #Tuberculose , um dia de conscientização sobre uma doença que, segundo a @OPASOMSBrasil , "todos os dias no mundo, mais de 4 mil pessoas morrem de tuberculose e cerca de 30 mil adoecem com esta doença evitável e curável"
Vamos falar sobre ela 🧶👇
A tuberculose (TB) é uma doença causada por um agente infeccioso, chamado de Mycobacterium tuberculosis (ou bacilo de Koch, nome dado a partir de Robert Koch, que associou esse bacilo à doença em 1882) paho.org/pt/campanhas/d…
Segundo o link acima, "nas Américas, todos os dias morrem mais de 70 pessoas e cerca de 800 adoecem dessa doença. Estima-se que, em 2020, havia 18,3 mil crianças com TB nas Américas, metade delas com menos de cinco anos de idade."
Vacinas seguem protegendo contra a BA.2? Sim!
Dados do Catar🇶🇦 mostram a proteção contra hospitalização pelas vacinas de RNA:
🔹Após a 2ª dose: 70-80%
🔹Após Reforço: >90%
Sem diferença significativa para efetividade contra infecção sintomática entre BA.1 e BA.2!
Para a efetividade contra infecção sintomática, vemos valores mais baixos (~50%, comparado com a efetividade contra hospitalização) e, para a Omicron, isso não é uma novidade
Temos 2 pontos importantes aqui: 1) é esperado que os níveis de anticorpos circulantes no sangue caiam depois de alguns meses. Mas, em paralelo, eles aumentam sua qualidade.
Antes de qualquer coisa, ressaltar a pessoa incrível que é @sailorrooscout - além de cientista, um ser humano incrível! Perguntei para ela se ela se importava se eu traduzisse alguns tuítes para trazer para o pt-br e ela foi muito gentil, como sempre!
A pandemia gerou muitas mudanças na rotina (em resposta a esse cenário), e especialistas se questionaram sobre os impactos disso no desenvolvimento infantil.
Infelizmente, muita fake news também tá rolando em paralelo.
Irei comentar um pouco sobre esse assunto nesse fio👇🧶
O fio terá como base e trará algumas traduções, adaptações e complementações de um artigo bem bacana publicado na @Nature que pode ser lido na íntegra no link: nature.com/articles/d4158…
O neurodesenvolvimento é um dos processos mais incríveis de se estudar. A forma como as redes neurais se desenvolvem, migram e criam caminhos, originando o sistema nervoso, é fantástica. Meu foco durante a pós em neurociência foram aspectos relacionados ao neurodesenvolvimento.
@sailorrooscout trazendo alguns comentários importantes sobre a Europa e o crescimento de novos casos que já vem sendo observado: "fim das medidas mitigatórias, BA.2 superando a BA.1, necessidade de reforço nos mais vulneráveis"
@schrarstzhaupt comenta esse conteúdo da @luizacaires3 que aponta a preocupação sobre essa nova onda de crescimento. Me preocupo principalmente num possível crescimento nos vulneráveis e ainda suscetíveis (não vacinados ou populações de baixa cobertura).
Concordo com o @vitormori que, cada vez mais, precisaremos reforçar a relevância do uso da máscara, especialmente naqueles de maior vulnerabilidade, e considerando também os possíveis riscos que atividades/ambientes podem trazer
Um artigo recente fez com que muitas pessoas de modo equivocado falassem que o RNA mensageiro da vacina da Pfizer poderia se integrar ao nosso material genético.
@mab_sp125 e eu vamos apontar os problemas do artigo e onde estão os erros dessa interpretação 👇🧶
A transcrição é um processo em que se cria uma fita de RNA a partir de uma fita de DNA, ou seja, é como se pegássemos informações específicas do material genético para criar uma receita que pode dar origem, entre várias moléculas, a proteínas.
Já a transcrição reversa é quando um RNA é transformado de volta em um DNA. Esse processo é importante para as células, utilizado por alguns vírus para incorporar seu material no genoma do hospedeiro e também é usado para técnicas de biologia molecular!