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Carapanã @carapanarana
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Uma coisa curiosa na virada liberal-conservadora brasileira é a maneira como argumentos individualistas e coletivistas são ora refutados, ora acionados. Por exemplo: a ideia de que o serviço público ou a política são ruins porque os políticos buscam seus próprios interesses.
Isso é enfatizado ao ponto de que não há reforma possível para certas instituições públicas e elas deveriam ser entregues à iniciativa privada, os interesses particulares do indivíduo seriam capazes de servir a um bem maior.
O clima antipolítico e anti-Estado, capitalizado pela altíssima ineficiência do Estado brasileiro através da história, é colocado como uma força que indica que a sociedade seria melhor com servidores públicos que discursam contra si mesmos.
Quer dizer, não contra si mesmos. A dilapidação da reputação dos serviços públicos faz parte também de decisões estatais. O político a nova direita liberal-conservadora quer um Estado que controle seus adversários políticos, de preferência transformando-os em inimigos da nação.
As ideias que seus oponentes defendem são rasgadas, dissecadas e transformadas em "ideologias". Estas por sua vez seriam perversamente distribuídas através de uma suposta "educação doutrinadora". Controle-se então a escola.
Enquanto a autonomia dos professores, por exemplo, deve ser retirada. Suas greves e lutas por melhores condições na educação pública devem ser ridicularizados, temos figuras prontas à exaltação: aqueles que trabalham nos sistemas de segurança pública.
Policiais e Forças Armadas são representados como "presos" por supostas amarras do Estado, como Direitos Humanos e Garantismo Penal. A mensagem, novamente é a de que a dilapidação de instrumentos do Estado seria um bom meio para garantir o bom andamento da Lei.
O professor não deve ter autonomia para ensinar, uma vez que seria um doutrinador, ao passo que o agente das forças de segurança deveria estar livre de todas as supostas amarras do Estado. Não se trata de contradição, imagino, uma vez que proposta é muito clara.
A única decisão do servidor público passível de total apoio e defesa dentro dessa lógica parece ser a decisão de apertar o gatilho. Imagino que um futuro próximo vamos assistir a muitas defesas "libertadoras" da terceirização da segurança pública mediante inevitáveis abusos.
Algumas das coisas que eu citei aqui me vieram à mente, pasmem, por meio da análise de ninguém mais ninguém menos que o Demétrio Magnoli a respeito dos bolsonaristas. Acho que eles personificam melhor essa armadilha mas não são os únicos dentro dela.
www1.folha.uol.com.br/colunas/demetr…
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