A imprensa brasileira, mesmo aquela que não é assumidamente governista e subserviente, vai continuar usando eufemismos e jornalismo declaratório para noticiar o rio de chorume que a presidência produz todos dos dias. Não vai adiantar NADA .
Esse verniz de "isenção" e "imparcialidade" não funciona porque o presidente e seus puxa-sacos de aluguel vão gritar "fake news" e dizer que a imprensa é inimiga da nação a cada manchete que eles não gostarem - mesmo se a manchete noticiar algo que eles escreveram minutos atrás.
O problema é que a elite brasileira, pelo menos a liberal, não aprendeu a lição que com a ascensão do bolsonarismo, não entende o que é um populismo de extrema direita ou simplesmente acha que sempre vai ter um assento à mesa. Quando acordarem a faca já vai estar no pescoço.
Alguns jornalistas e articulistas, mesmo clássicos antipetistas, entenderam isso. O bolsonarismo funciona a partir de uma lógica de asfixia da sociedade civil, dos espaços de existência de uma democracia liberal (e aí se inclui a imprensa).
O mundo ideal pra esse governo é aquele onde toda entidade que se coloque como oposição, mesmo que por um instante, seja taxada de "comunista" ou "criminosa". E esse sistema de mídia composto por puxa-sacos que o ajudou a vencer as eleições agora vai ter muito mais dinheiro.
Eu não acredito em imprensa imparcial mas eu acredito na possibilidade de uma imprensa responsável. Não adianta ficar medindo as palavras quando a realidade é crua e escrota.
E vale lembrar: os puxa-sacos profissionais não têm compromisso com nada que não seja a defesa do poder e a apologia à mediocridade. Ou as redações investem num jornalismo corajoso - como a vimos algumas vezes durante a campanha - ou vão morrer na praia.
