O PT está disputando a eleição a sério ou apenas construindo narrativa contra a prisão de Lula? MiNha respostas: as duas coisas. E, diferentemente de outras pessoas, não acho que sejam coisas excludentes.
O processo eleitoral de 2018 está viciado na origem. Houve um condicionamento externo em que a mundo jurídico influenciou, de maneira definitiva, a cena política.
O candidato preferido da população para vencer a presidência da república foi retirado da disputa por um processo tramitado em prazos não usuais, com decisões muito questionáveis e conduzido por juízes que deram muitas razões para que se imagine que não são imparciais.
Este é o cenário que está posto. O candidato com 40% das intenções de voto no primeiro turno está preso com base em uma decisão que não se sustenta. Em um contexto de ruptura constitucional, que vem desde o Golpe de 2016.
Me espanta, portanto, que pessoas que concordam que estamos sob um golpe e concordam que as decisões que mandaram Lula para a cadeia pretendiam tirá-lo da disputa eleitoral advoguem que o PT deva se portar neste pleito como se fosse uma eleição normal. Não é uma eleição normal.
Manter a narrativa de que Lula é vítima de uma manobra jurídica que pretende sabotar a vontade do povo é inegociável. Mas não só isso: é, a meu ver, a única maneira de se atuar democraticamente nesta eleição. Qualquer coisa diferente disso seria se submeter aos arranjos do Golpe.
É Lula que o povo quer. Se pretendem tirá-lo da disputa, que o façam a força. Tenho dito isso há algum tempo e a @gleisi disse também na entrevista ao Anticast. Abandonar Lula não é uma alternativa.
Eu confesso que temo que qualquer deslize na estratégia seja usado para cassar a chapa, anular os votos do PT na eleição presidencial, enfim, tudo é possível porque não estamos sob normalidade democrática.
Porém acredito que a covardia não seja uma opção. A única forma de disputar essa eleição é enfrentando isso tudo. Era isso ou não disputar. E os 40% de intenção de voto de Lula demonstram que o povo quer o PT na disputa.
