Thread by @Adriana_Torres

Quando eu era criança (eu sei, faz tempo), ouvia do meu avô sobre a importância de se manter a palavra com outras pessoas. A confiança era a base de qualquer relação.
Hoje, cada vez que alguém conta algo e outra pessoa vem perguntar "cadê o vídeo?" "cadê foto"? penso nele.

Em algum momento, por várias razões, a confiança no ser humano se perdeu. Hobbes está bem vivo entre nós e a frase que ele popularizou (o homem é o lobo do homem), serviu de justificativa para regimes autoritários e absolutistas.
Deveríamos dar mais importância para a História,

para não repeti-la. Mas como, se não existe confiança nos próprios professores? Se uma corrente de zap hoje vale mais que décadas de estudo? Cheguei a ver, incrédula, uma pessoa dizer que tortura não existiu, afinal, não tinha fotos. (difícil saber se é para rir ou para chorar).

Como retomar a confiança, se o dono do mercadinho que frequento pode ser eleitor de um homem racista, lgbtfófico, machista e violento? Se amanhã o coleguinha do meu filho autista na escola pode ser alguém com acesso livre a armas e a um discurso de ataque às minorias?
Eu não sei.

Como já disse @mtzanini, confiar é se colocar vulnerável em uma relação, na expectativa de que o outro irá cumprir com sua parte. Em tempos de medo, como vamos nos colocar deliberadamente em posição de vulnerabilidade - já que nós, minorias, já estamos nela e não por opção?

Voltando a minha família, minha mãe dizia que, quando a confiança se vai em uma relação, é muito difícil retomá-la. Depende da vontade de ambos e uma grande capacidade de desprendimento. Pelo andar da carruagem, só conseguiremos avançar juntos, democraticamente, se confiarmos.

Eu confesso: não confio em quem votou no Coiso. Eles também não confiam em mim e em quem votou no Haddad. Para ter confiança, é preciso ter um conjunto de valores morais e uma cultura consistente nesse sentido, também citando @mtzanini . Como fazer isso? Só tenho perguntas. =(