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Exatos 50 anos depois da promulgação do Ato Institucional nº5, o AI-5, vítimas de repressão e tortura na Ditadura relembram seu anúncio e o impacto que ele teve em suas vidas. Por Matheus Rocha. glo.bo/2EkoCPW
Já passava das 22h quando o locutor Alberto Cury entrou em cadeia de rádio e televisão para anunciar o comunicado do ministro da Justiça. Gama e Silva, então, tomou a palavra e informou aos ouvintes sobre a decisão dos militares.
Na Zona Norte do Rio de Janeiro, Cecília Coimbra ouviu aquela transmissão sem saber o que fazer. Sozinha em casa com o filho de 1 ano, a professora decidiu então pegar o telefone e ligar para o marido. Queria dizer que mais um golpe havia sido dado.
Um ano após o ato ter sido decretado, Coimbra foi presa pela repressão, por dar suporte financeiro às famílias de presos políticos e abrigar pessoas que estavam na clandestinidade. Não só ela foi levada, mas seus três irmãos e uma cunhada. Nenhum deles era da militância política.
"Fui torturada não só com choque elétrico, mas fui levada para ver meu marido sendo torturado. Fui submetida à simulação de afogamento e fuzilamento. Isso foi há 48 anos, mas parece que foi ontem. As marcas podem não estar aparentes, mas ficarão conosco a vida inteira", conta.
Coimbra resistiu aos 9 meses de prisão. Depois, participou do Comitê Brasileiro pela Anistia e foi uma das fundadoras do Grupo Tortura Nunca Mais, "A ditadura tirou grande parte da minha vida, mas a militância política me deu uma coisa muito importante: a solidariedade".
Quando o delegado Fleury ameaçou levar o filho recém-nascido de Rose Nogueira para o juizado de menores, ela não pensou duas vezes. Enfrentou aquele que é considerado um dos maiores carrascos da ditadura. "Disse que meu filho não iria, que não colocariam as mãos nele."
Fleury deixou a jornalista amarrada durante horas a uma cadeira da casa onde ela morava. O impasse só teria fim no dia seguinte, quando o delegado deu o braço a torcer. "A maternidade foi mais forte que ele. A maternidade foi mais forte que a bala dele", conta Nogueira.
O AI-5 ainda traria mais consequências. Durante a prisão, injetaram a força uma alta dose de hormônio para que seu leite secasse. "Para mim, tirar meu leite foi uma violência imensa porque naquela hora achei que estivessem me separando do meu filho", desabafa Nogueira.
Você pode ler esses e outros depoimentos de vítimas da tortura e repressão cometidas pela Ditadura Militar após a promulgação do AI-5 na reportagem. glo.bo/2EkoCPW
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