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Ariel Palacios @arielpalacios
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A impunidade do Caso Amia, breve thread:
Hoje completa-se mais um aniversário do atentado contra a AMIA em B.Aires (o 24º ano).
Este é um resumo do caso quando foram os 20 anos (e o caso continua sem os responsáveis na cadeia): internacional.estadao.com.br/blogs/ariel-pa…
O promotor Alberto Nisman, que investigava o caso, apareceu um dia de 2015 com um tiro na cabeça. Até agora os responsáveis por sua morte continuam em liberdade: internacional.estadao.com.br/blogs/ariel-pa…
Antes do atentado contra a Amia houve um ataque prévio, dois anos antes:
No dia 17 de março de 1992, às 14:45, uma camionete Ford-100 carregada de explosivos, dirigida por um motorista camicaze, estacionou na frente da embaixada de Israel, na rua Arroyo.
Segundos depois, uma explosão destruiu totalmente o velho palacete Lastra, além de arrasar a fachada da escola primária Maters Admirabilis e a residência geriátrica que estavam na calçada da frente.
No atentado – realizado a apenas dois quarteirões da embaixada do Brasil, morreram 29 pessoas, enquanto que outras foram 200 feridas.
O cogumelo de fumaça da explosão – a apenas 20 quarteirões da Casa Rosada, o palácio presidencial - pode ser visto desde vários pontos da cidade.
Às 9:53 horas do dia 18 de julho de 1994, na área do bairro de Balvanera informalmente conhecido como “Once”, outro atentado, realizado supostamente com uma camionete Trafic carregada de trotyl, destruiu a sede da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia),
...provocando a morte de 85 pessoas, além de 300 feridos, transformando-se no maior atentado realizado na História da América Latina.
Nenhum grupo terrorista assumiu oficialmente a autoria dos dois atentados. No entanto, a Justiça argentina acusa o governo do Irã de ter organizado o ataque da Amia em conjunto com o Hizbollah
Além disso, haveria uma conexão argentina, hipoteticamente formada por integrantes da Polícia Bonaerense e de grupos cara-pintadas...
...Os “carapintadas” eram militares de extrema direita que protagonizaram rebeliões nos quartéis nos anos 80 e que possuíam fortes sentimentos antissemitas
Em 2006 a Argentina solicitou à Interpol a captura internacional de diversos iranianos que integravam o governo de Ali Akbar Rafsanjani, presidente do Irã na época dos dois atentados
Entre as figuras que a Justiça em Buenos Aires queria colocar no banco dos réus pela acusação de organizar o ataque contra a Amia está Ahmad Vahidi,...
...que em 1994 ocupava o posto de comandante da Força Quds e que posteriormente foi ministro da Defesa do governo de Mahmoud Ahmadinejad.
Nos anos 90 a Argentina era considerada um alvo fácil para um ataque terrorista, devido à baixa vigilância de suas fronteiras.
Além disso, era um alvo ideal para o terrorismo fundamentalista, já que possui a maior comunidade judaica da América Latina.
Vamos retomar a thread sobre os 24 anos do atentado contra a AMIA, iniciada hoje cedo (quase um quarto de século de um ataque terrorista que permanece na impunidade)
No atentado da AMIA morreram 85 pessoas em 1994.
No entanto, o promotor federal Alberto Nisman, assassinado em 2015, é considerado a 86ª vítima.
Nisman era o encarregado de continuar com as investigações sobre o atentado.
Em junho passado a Câmara Federal de Justiça determinou que o promotor federal Alberto Nisman foi assassinado em janeiro de 2015 (e que não foi um suicídio).
Além disso, determinou que o crime foi “consequência direta” da denúncia que Nisman havia feito dias antes de sua morte sobre o suposto encobrimento da então presidente Cristina Kirchner a um grupo de altas autoridades iranianas.
O encobrimento, pactado em 2012 segundo Nisman, foi para ocultar provas do envolvimento dos iranianos no atentado contra a AMIA, ocorrido em 1994 em Buenos Aires.
Nisman anunciou sua denúncia no dia 14 de janeiro de 2015.
Cinco dias depois ele iria dar detalhes da denúncia perante a Câmara de Deputados.
No entanto, na véspera de sua ida ele apareceu morto em seu apartamento, com um tiro na cabeça de uma arma que não era a sua.
A Justiça considera que os policiais encarregados da segurança de Nisman facilitaram o acesso dos assassinos do promotor no apartamento.
Segundo a Câmara Federal, duas pessoas assassinaram Nisman.
Uma estava com ao pistola Bersa e a outra o ajudou a realizar o crime às 2:46 horas da madrugada do domingo dia 18 de janeiro de 2015.
Mas, por enquanto a ex-presidente Cristina não está indiciada nesta investigação. A Justiça estipulou que os juízes encarregados da investigação devem determinar quais são os responsáveis do homicídio.
A América Latina tem um longo currículo de mortes em misteriosas circunstâncias....mas este caso é praticamente um campeão nessa modalidade...
...Começando pelo fato de que os guarda-costas de Nisman da Polícia Federal tentavam falar com ele pelo interfone e o celular... e ele não atendia
E em vez de derrubar a porta, esperaram horas, depois foram buscar a mãe do promotor que tinha uma cópia da chave...
....mas não conseguiam abrir a porta e tiveram que chamar um chaveiro, até que entraram mais de 12 horas depois da morte.
Os policiais limparam o sangue que cobria a arma da morte com papel higiênico, removendo vestígios cruciais para desvendar o caso.
Além disso, o corpo foi movido de sua posição original.
De quebra, nas primeiras horas após o falecimento, mais de 60 pessoas passaram pela cena da morte, sem usar calçados especiais, nem luvas, pisoteando os charcos de sangue.
Os policiais beberam chimarrão na cozinha do morto e alguém, no apartamento, mexeu no computador do promotor depois de sua morte e apagou informações.
Dias depois, a poucos metros do prédio de Nisman apareceu o corpo de uma mulher, carbonizada, cuja identidade ainda é desconhecida e sobre a qual a Justiça mostrou nulo interesse.
Nos primeiros dias depois da morte a então presidente Cristina indicou Diego Lagomarsino (o técnico informático que emprestou a arma que Nisman teria pedido e que foi usada em sua morte) como namorado de Nisman...
....mas dias depois teve que mudar de estratégia quando apareceram várias ex-namoradas do promotor....
...e aí o governo Kirchner engavetou o discurso de apontar o promotor como “gay” e passou a afirmar que Nisman era um “garanhão” que vivia saindo com prostitutas, gastando o dinheiro do Estado, mas sem apresentar provas disso.
O atentado contra a Amia, realizado pelo extremismo islâmico, teve uma conexão local, que teria nexos com a Polícia Bonaerense e os militares carapintadas, de direita. Ambos setores, famosos por seu antissemismo nas décadas prévias.
O antissemitismo existente em alguns setores da sociedade argentina foi evidenciado de forma ostensiva durante a última ditadura militar (1976-83)
Durante o regime militar, as torturas aplicadas aos judeus foram muito mais sádicas do que as realizadas aos outros desaparecidos políticos.
Uma das modalidades era o “rectoscopio”, introdução no ânus ou na vagina dos prisioneiros de um tubo metálico com um rato vivo dentro, que mordia e destroçava os órgãos interno.
Esse era o denominado “tratamento especial” que os militares da Ditadura apreciavam aplicar aos integrantes da comunidade judaica argentina.
A comunidade judaica, que nos anos 70 era de 290 mil pessoas, equivalia a 1,2% da população total.
No entanto, o número de judeus mortos pela Ditadura é de 2.000 pessoas, o que os transforma em 6,33% dos desaparecidos.
Segundo o Centro de Estudos Sociais da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (DAIA), por trás da sanha aplicada a esse setor da população, estava o tradicional anti-semitismo das Forças Armadas deste país, que considerava os judeus “uma sub-raça que não merecia viver”.
O contato dos militares argentinos com o Terceiro Reich foi intenso durante a Segunda Guerra Mundial, quando o país permaneceu neutro.
Após a guerra, milhares de criminosos de guerra nazistas fugiram para a Argentina, onde repassaram know-how de torturas e guerra psicológica às Forças Armadas locais.
Atualmente existem três partidos neo-nazistas neste país.
O “Horst Wessel lied”, a emblemática marcha do Partido Nazista alemão era o fundo musical em vários centros de deteneção e tortura da ditadura militar argentina.
Dependendo da ocasião, em vez de marchas, os oficiais preferiam gravações de discursos de Adolf Hitler. Quadros do Führer decoravam a sala de torturas.
Os prisioneiros eram obrigados a levantar a mão direita e exclamar a frase “Eu amo Hitler!”. Os torturadores gravavam suásticas à ponta de faca nas testas e costas dos prisioneiros. No caso das mulheres, marcavam a cruz nazista entre os seios.
Os prisioneiros eram proibidos de usar seus nomes. Tal como nos campos de concentração do Terceiro Reich, eles eram registrados por números.
Os prisioneiros dessa comunidade eram acusados pela ditadura militar argentina de “conspirar contra a civilização cristã”....
A paranóia do regime levou vários generais a acreditar que Israel, com o apoio dos judeus argentinos, aplicariam o “Plano Andinia”, um mirabolante suposta conquista “sionista” da Patagônia, onde instalariam “kibutz” socialistas.
O jornalista Jacobo Timermann, dono de alguns dos mais importantes jornais e revistas da Argentina nos anos 70, apesar de suas posições conservadoras e de não simpatizar com a esquerda (ele até apoiou o golpe no início, para depois arrepender-se),...
....foi seqüestrado pelos militares, que o torturaram violentamente, exigindo que revelasse detalhes do Plano Andínia.
Diversos integrantes da comunidade judaica foram obrigados a passar “voluntariamente” todos os bens a comandantes militares.
Esse foi o caso do banqueiro Eduardo Saiegh, que foi torturado durante sete dias até entregar tudo o que possuía. “Não havia improviso nas torturas. Eram profissionais”, relatou.
Os precedentes desse antissemitismo:
Em 1937, quando Adolf Hitler controlava a Alemanha e despertava temor e idolatria em várias partes do planeta, inspirava na Argentina a criação de um partido nazista local, que, segundo especialistas,...
...contou com mais de 60 mil seguidores, número que o transformou no maior grupo nazista organizado da América Latina, além de ser o mais ativo.
Dois anos depois da criação do grupo na Argentina, no dia 9 de março 1939, Hitler protagonizava o “Anchluss” (anexão da Áustria).
Um mês depois, no dia 10 de abril, os nazistas argentinos realizaram um comício no estádio coberto do Luna Park, em pleno centro portenho, onde reuniram mais de 20 mil pessoas para celebrar a Gross Deutschland (Grande Alemanha).
A Argentina forneceu ao Terceiro Reich um punhado de nazistas nativos, a maioria de pouca relevância na Alemanha de Adolf Hitler. No entanto, um deles, Ricardo Walter Oscar Darré, teve intensa influência no regime da “Nova Ordem” teutônica.
O portenho Darré foi um dos principais teóricos da doutrina do “Blut und Boden” (Sangue e Solo), que deu origem às leis raciais da Alemanha nazista.
As máximas racistas dessa obra são citadas atualmente nos sites skinheads e grupos afins. A frase mais conhecida é aquela na qual o delirante Darré indica que os alemães não são uma raça: “a palavra ‘espécie’ é que seria mais adequada para nós”.
Filho de alemães, Darré – que posteriormente germanizou seu Ricardo para “Richard” - nasceu na rua 11 de Setembro 769, no bairro de Belgrano, em Buenos Aires, no dia 14 de julho de 1895
Aos 14 anos foi estudar na Alemanha. Lutou na Primeira Guerra Mundial (1914-18), na qual foi ferido levemente várias vezes. Quando o conflito bélico terminou, Darré começou a planejar sua volta à Argentina para dedicar-se à vida agropecuária.
Mas, a falência de sua família nos anos 20 na Alemanha colocou esses planos a pique.
Darré continuou na Alemanha, onde retornou aos estudos de Agronomia, especializando-se em cruzamento de animais.
Posteriormente, as idéias de conseguir animais “puros” transferiu-se aos seres humanos. Aí entrou no Partido Nazista, onde formulou a teoria do “Blut und Boden”.
Junto com outro racista, Alfred Rosemberg, escreveu as Leis Raciais de Nurenberg, que condenaram à segregação e à morte milhões de judeus. Ele influenciou o chefe da SS, Heinrich Himmler, a criar uma “aristocracia racial alemã” baseada no cruzamento seletivo.
Darré foi o Ministro da Agricultura de Hitler entre 1933 e 1942, além de diretor do Departamento de Raça e Reassentamento, uma das entidades mais fanaticamente racistas e anti-semitas da Alemanha da época.
No comando desse departamento, conhecido pela sigla RuSHA (Rasse- und Siedlungshauptamt), Darré propôs “restringir a proliferação de seres inferiores”.
O portenho Darré, fascinado por sua experiência bovina, afirmava em seus livros que era necessária “a reconstituição da Raça no homem, utilizando as mesmas normas que servem de base para a criação de animais”.
O RuSHA era o organismo encarregado de emitir os certificados de “pureza racial” que diferenciavam os integrantes da “Nova Alemanha” das pessoas condenadas aos campos de concentração.
No meio da guerra, Darré perdeu sua influência e foi substituído por um parente do marechal Hermann Göring, um dos principais homens do Führer.
Nessa época, Darré mostrava sinais de que estava psicologicamente desequilibrado (mais que a média dos já desequilibrados integrantes da cúpula nazista).
Darré não foi julgado em Nuremberg (onde esteve toda a cúpula do Terceiro Reich). Ele foi levado ao banco dos réus no “Julgamento de Wilhelmstrasse”, ...
...no qual foram julgados 21 nazistas de segundo escalão, entre eles funcionários civis e banqueiros.
Mas, quando os julgamentos de Wilhelmstrasse concluíram, em 1949, os EUA já estava enfocado na Guerra Fria contra a URSS e as sentenças para esta última leva de nazistas processados foram mais leves.
Darré foi condenado a sete anos de prisão. No entanto, foi solto antes do fim previsto de sua pena, em 1950. Na época surgiram diversos rumores de que Darré havia retornado à Argentina e que estava organizando a rede de fuga de nazistas para América do Sul.
Além disso, os boatos indicavam que Darré havia levado para a Argentina o ouro roubado de países ocupados pelo Terceiro Reich na Europa durante a guerra para financiar a rede nazista no Cone Sul.
Mas outros boatos afirmavam que havia falecido em um acidente de carro na Alemanha. Outra informação sustentava que Darré havia morrido em circunstâncias “amorosas” na Cotê d’Azur.
Em 1997 o famoso caçador de nazistas Simon Wiesenthal afirmou que Darré – que apreciava de forma intensa bebidas destiladas e fermentadas - morreu de cirrose em 1953.
Por este motivo, explicou Wiesenthal na época, não acompanhou mais o caso de Darré.
Seu irmão, Alan Darré, que tinha 89 anos em 1997, e que residia na Alemanha, disse que Ricardo Oscar havia morrido em 1954. Segundo ele, estava enterrado no cemitério de Munique. Mas, nesse cemitério não há registros de seu túmulo.
No dia 8 de maio de 1945, quando o almirante Karl Dönitz assinava a rendição incondicional do Terceiro Reich perante os representantes aliados, milhares de criminosos de guerra nazistas procuravam desesperadamente uma via de fuga para vários países onde pudessem esconder-se.
Um deles – onde tinha forte influência um coronel com potencial de ser presidente um dia - prometia ser um Paraíso onde refugiar-se. O país em questão era a Argentina, e o coronel era Juan Domingo Perón.
Nos dias seguintes ao 8 de maio as remanescentes tropas alemãs espalhadas por toda a Europa que ainda não haviam deposto armas, entregaram-se aos aliados. Os submarinos do Reich entregaram-se às forças aliadas em diversos portos do mundo.
Mas, dois meses e dois dias depois da rendição, no 10 de julho de 1945, o capitão de corveta Ramón Sayús, da base de Mar del Plata, não podia acreditar em seus olhos quando às 7:30 da manhã um sinal luminoso vindo do mar anunciava: “german submarine”.
Um submarino alemão e sua tripulação completa entregavam-se às autoridades argentinas.
Mar del Plata seria palco de outra impressionante chegada no 17 de agosto, quando um novo submarino chegou às costas argentinas. Em ambos, não havia políticos ou militares alemães de nome.
Mas nos mesmos dias, em diversas praias da região foram encontrados botes e caixas vazias flutuando com a suástica pintada. Ali começou a suspeita de que homens e dinheiro do regime nazista estariam desembarcando na Argentina.
O processo de chegada dos refugiados acelerou-se quando Perón passou a ostentar o poder total em 1946. Ele e sua esposa Eva Perón albergaram milhares de nazistas, aos quais entregaram passaportes forjados por intermédio das embaixadas da Argentina na Europa.
Entre os refugiados, segundo a sede latinoamericana do Centro Simon Wiesenthal, situada em Buenos Aires, não menos de 300 criminosos de guerra, entre alemães, franceses, belgas, croatas e diversas outras nacionalidades de aliados do Reich.
Os genocidas Adolf Eichmann, Josef Mengele, Klaus Barbie, Gustav Franz Wagner, Franz Stangl, estiveram entre os principais “hóspedes” de Perón (e dos governos seguintes).
Mengele, conhecido pelo apelido de “Doutor Morte” por suas cruéis experiências com crianças (especialmente gêmeos) e mulheres no campo de concentração de Auschwitz, chegou ao país em 1949. Mengele posteriormente mudou-se para Paraguai e o Brasil (onde morreu).
Perón utilizou o principal criminoso de guerra croata, Ante Pavelic,como chefe de sua guarda especial. Pavelic, líder do movimento croata Ustacha, esponsável por massacres na 2a Guerra Mundial contra sérvios, bósnios e judeus,trouxe à Argentina know-how sobre tortura e espionagem
Quando Perón foi derrubado, quase uma década após, Pavelic caiu em desgraça com o novo regime e manteve low profile. Mas, em 157 foi alvo de um atentado.
Depois, fugiu para o Paraguai do general Alfredo Stroessner e, na seqüência, para a Espanha, onde teve a proteção do generalíssimo Francisco Franco.
Desde o início dos anos 90 foram localizados e extraditados para julgamento na Europa quase uma dezena de criminosos...
...entre eles Erich Priebke (quem, ao embarcar para a Itália, onde seria julgado, foi saudado efusivamente por integrantes da Polícia Federal, força conhecida por ter tido tendências anti-semitas no passado), Walter Kutschmann e o Dinko Sakic.
Influenciada pelo nazismo, a ditadura militar argentina (1976-83) protagonizou várias incinerações de livros em diversas cidades do país.
Isto é, além de serial-killers, os integrantes da Junta Militar comandada pelo general Videla, eram piromaníacos.
O general Luciano Benjamin Menédez – com a autorização de Videla – transformou-se em um dos principais protagonistas das queimas, para as quais organizava solenidades que presidia e que imitavam as queimas de livros feitas pela Inquisição e o nazismo.
“Da mesma forma como destruímos pelo fogo a documentação perniciosa que afeta o intelecto e nossa maneira cristã de ser, serão destruídos os inimigos da alma argentina”, disse Menéndez em abril de 1976.
Em junho de 1980 a ditadura queimou 24 toneladas de livros confiscados do Centro Editor América Latina.
Na lista de autores suspeitos dos militares estavam escritores como Gabriel García Márquez, passando por Julio Cortázar, Sigmund Freud e até Marcel Proust.
(isto é, para os ignaros e jecas militares argentinos, o livro “Em busca do tempo perdido” era “subversivo)
O regime proibiu o ensino da teoria matemática dos conjuntos, por considerar que era “subversiva”.
A palavra “vetor” também foi proibida nas escolas, já que os militares consideravam que era utilizada na “terminologia marxista”...
Em setembro de 1980 as autoridades da ditadura de Videla proibiram o uso do livro “O pequeno príncipe”, do francês Antoine de Saint-Éxupery, nas escolas, por considerá-lo “subversivo”.
As jecas autoridades também proibiram um livro de engenharia elétrica, o “Cuba electrolítica” (isto é, ‘célula eletrolítica’). Os censores acreditaram que o ‘cuba’ referia-se à ilha caribenha, controlada pelo regime comunista de Fidel Castro.
Biblioclasmo ou Livrocídio: Denominações das práticas de destruir – em alguns casos, com cerimônias incluídas – livros e outros tipos de material escrito.
Heinrich Heine, poeta alemão, escreveu em 1821: “ali, onde queimam-se livros, depois acabam queimando seres humanos”.
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