Passei dois dias no Rio de Janeiro, fui muito bem recebido por dirigentes para entender a situação administrativa e financeira do Vasco, acho que tenho duas ou três coisas para contar. Falamos pela manhã no @SporTV, agora vamos por escrito. Se ficar alguma dúvida, grita aí, ok?
A primeira coisa que todo vascaíno precisa gravar: 2018 foi difícil para c***. Não havia nada a receber da televisão, cujo contrato corresponde por baixo a mais da metade do faturamento, porque tudo tinha sido antecipado pela gestão anterior. Era despesa e dívida para todo lado.
O caos era também administrativo. Assim que a direção do @ascampello chegou ao Vasco, teve ridícula dificuldade até para encontrar os contratos mais básicos. Onde está a papelada? Ninguém sabe, ninguém viu. Sabe qual o efeito disso? Não dá para ter a noção imediata dos problemas.
A sorte do Vasco foi vender Paulinho por € 20 milhões. Com este dinheiro, o clube pagou despesas e dívidas – inclusive empréstimo com Carlos Leite tomado no início do ano para não quebrar. Se não fosse esta venda, vascaíno, os atrasos salariais poderiam ter rebaixado teu clube.
A grana do Paulinho salvou o primeiro semestre, mas não o segundo. O Vasco teve de recorrer a um empréstimo de R$ 38 milhões em agosto. Só que a dificuldade é financeira, administrativa e política. A oposição travou a tomada do crédito, e este é um problema pendente até agora.
Do empréstimo que o Vasco pretendia tomar em agosto, só entraram R$ 20 milhões, após muita insistência para vencer a política. Os R$ 18 milhões restantes ainda não entraram, porque o clube perdeu as condições iniciais que tinha negociado. Tem salário atrasado até agora por isso.
Todo o 2018 precisa ser considerado para que a gente entenda a escala dos avanços feitos pelo Vasco enquanto sobrevivia. Teve gente que me perguntou, após o comentário no @SporTV: ué, mudou o discurso? O clube não ia fechar as portas? Não, amigo. É que agora temos números novos.
O Vasco encerrará 2018 com lucro de R$ 66 milhões, segundo seus dirigentes. Este será o maior superávit pelo menos desde 1996 – até quando vai meu arquivo de balanços cruzmaltinos. Sobrou dinheiro? De jeito nenhum. Tudo foi usado para pagar dívidas e tornar 2019 um pouco melhor.
O lucro do Vasco só foi possível em 2018 porque o clube fez o básico: elevou receitas como pôde, esforçou-se demais para reduzir custos. É exatamente isso que a direção precisará fazer até 2024. Os lucros estimados serão consumidos por dívidas até finalmente sobrar algo em caixa. 
A recuperação financeira do Vasco não ocorrerá no curto prazo. Do mesmo jeito que a do Flamengo levou seis anos, a reconstrução cruzmaltina levará uma década. Isso se absolutamente tudo der certo até o final da jornada. A boa notícia, pelo menos, é que o primeiro passo foi dado.
