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A coalizão formada para reconhecer Guaidó como presidente da Venezuela é uma vitória para a diplomacia de Bolsonaro, mas é falsa a ideia de que hoje se inicia uma transição democrática naquele país. Fio:
Guaidó não tem plano de transição, não conta com uma base unida, não controla o movimento das ruas e não tem máquina organizada país afora. Ele tampouco tem um acordo com as Forças Armadas, ator sem o qual não haverá transição para um governo democrático.
É verdade q Maduro está cada dia mais fraco e que muitos membros regime vêm optando por abandoná-lo. Anteontem, a insurreição nas redes sociais de 27 membros da Guarda Nacional e a decisão de Maduro de cortar o acesso à internet na região dão um gostinho do que pode rolar.
Mas a queda de Maduro não é iminente. As forças de segurança ainda estão com ele e ele não hesitará em sentar a porrada contra os protestos. O serviço secreto cubano ainda dá as cartas em Caracas, e já provou sua eficácia quando se trata de arrebentar opositores.
A promessa feita por Guaidó de uma anistia para os militares que abandonarem Maduro ainda não constitui uma promessa crível. Afinal, a credibilidade dele é baixa porque a Assembleia Nacional que comanda tem força simbólica, mas não real.
A única coisa que fará Maduro cair - sem ser uma intervenção estrangeira - é a nacionalização dos protestos e a mobilização ativa das pessoas na rua durante dias e dias a fio. Que dizer das chances de uma intervenção estrangeira? Hoje, são baixíssimas (fica para outro fio).
Portanto, com os eventos dos últimos dias e os protestos de hoje o regime perde força, sem dúvida. Mas não estamos diante de um processo de transição. Ainda tem muito chão pela frente até chegar lá.
