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Gê Marques: o guru brasileiro acusado de usar ayahuasca, ecstasy e LSD para abusar de mulheres.

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O guru Gê Marques usava ayahuasca, LSD, ecstasy, DMT, maconha e álcool para abusar sexualmente de frequentadoras da Igreja Reino do Sol, fundada por ele, segundo relato de 18 moças, entre 2003 e 2015. Duas delas disseram ser menores de idade na época dos acontecimentos.

Ex-membros do Reino do Sol afirmam que o guru teria fugido de Trancoso, quando era professor de teatro, após ter abusado sexualmente de duas garotas menores de idade, uma delas com 13 anos, outra com 15.

No sítio onde ficava a igreja, Gê armava uma barraca de camping como local de meditação para pessoas selecionadas. Um dos abusos teria acontecido dentro lá, após o ritual, quando ofereceu maconha a uma das frequentadoras. Outra depoente diz ter sido abusada dentro da mesma mata.

“No meio do ritual, ele levantava e dizia: ‘Se um dia reconhecer numa pessoa 98% de sombra e 2% de luz, vou me ligar aos 2% de luz’. Parecia que nos preparava para os abusos, enfatizava ‘a importância do silêncio’, ‘guardar segredos’”, conta uma das moças que depôs no MP-SP.

Um dos abusos relatados teria começado na casa da família de Gê, em 2008. Joana* viajou com ele, uma amiga e a filha de Gê. “Ele me ofereceu um café. Quando ofereci para sua filha, ele reagiu para que ela não tomasse, foi quando entendi que havia algo ‘especial’ na bebida”

Joana começou a sentir sua consciência alterada, taquicardia, sensações estranhas por todo o corpo. “Gê foi até o hotel onde minha amiga e eu estávamos hospedadas, entrou no quarto e sugeriu que deitássemos na cama.” Começou a boliná-la e dizer que estava recebendo um “hino”

Esse "hino" é também chamado de ‘presente’ e ajuda a firmar os ‘pactos de silêncio’. Gê também as presenteava com ‘guias de Umbanda’. “Ele distribuía as guias, especialmente, para meninas jovens e bonitas”, conta Helena*, outra mulher que move processo contra o líder da igreja.

Helena o conheceu em 1995, quando tinha 9 anos, em outra igreja de Daime que frequentava com sua mãe. No final dos anos de 1990, Gê também frequentou a Céu de Maria, centro de Daime que foi presidido pelo cartunista Glauco Vilas Boas, assassinado em 2010 no local.

Márcia* entrou no Reino do Sol com 15 anos. Aos 17, procurou Gê Marques para aconselhamento sobre questões adolescentes que estava atravessando. “Após uma sessão, ele me beijou e me chamou de ‘gostosa’”. O líder espiritual não cobrava os atendimentos de Márcia.

Numa casa alugada na Rua Girassol, sem divisões de cômodos, com piscina interna, após consagrarem o daime, Márcia conta: “Numa prática em duplas, dentro da piscina, ele dominou meu corpo contra o seu, encaixou-me sobre sua genitália, à força, e puxou meu cabelo para trás.”

O terceiro abuso também foi em seu apartamento. “Convidou-me para um jantar, ofereceu champanhe para acompanhar e depois maconha." Levou-a até o quarto sob pretexto de fazer uma massagem. "Começou a tirar minha roupa e tentou me beijar. Não reagi, não sabia como reagir."

"Ele me convidou para ir a sua casa, éramos vizinhos", conta Thaís*. O convite foi para tomar café. “Aceitei, mas na intenção da amizade.” Na sala do apartamento, ele a ofereceu ecstasy. “Não queria, ele insistiu e acabei aceitando. Quando percebi, ele já estava se masturbando.”

Em contato feito pela VICE, o advogado de Gê, Luiz Eduardo Kuntz, comentou os episódios: “É o ser humano: inveja, raiva, ciúmes... Gê Marques é um homem que teve relações consensuais com mulheres de dentro e de fora do Reino do Sol, como qualquer outro. Isso é normal.”

Em áudio exclusivo, Gê declara: “Nós nunca abrimos os rituais para a imprensa, pois os participantes não se sentem confortáveis com isso”, justificando a não permissão da entrada da reportagem no sítio de Mairiporã. Nenhum membro atual, favorável a Gê, aceitou dar entrevista.

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