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Passei uns dias em Fortaleza e voltei com essa reportagem. Conversei com pesquisadores, com mães e com alguns adolescentes para entender o que leva centenas de meninos mal saídos da infância a vestirem o que eles chamam de "camisa de sangue".

theintercept.com/2019/03/19/kam…
A convivência com a morte desde muito cedo é uma das respostas. "Na periferia a gente entende que nem tudo vai dar certo. Aprende isso com sangue, quando vai abraçar um amigo nosso e ele está no chão, baleado", me disse um rapaz que se considera vitorioso por completar 18 anos.
Mas também existem outros motivos, como a violência policial e uma ajudinha do estado. Em 14 anos, os investimentos em assistência social para crianças e adolescentes encolheram 72%. A média é de R$ 1,7 milhão a menos por ano.
Fortaleza é quarta capital que menos investe em assistência social e também é a capital que mais mata adolescentes. Seria isso uma coincidência? Claro que não.
Quase todo dia chega uma imagem nova nos grupos de WhatsApp das facções. São fotos de meninos com idade a partir dos 13 anos que querem entrar para o crime. Eles têm um "padrinho", que manda a foto para que o grupo conheça o candidato e o aprove. É o início do ritual de batismo.
Esses meninos não têm medo da morte e também não hesitam em matar. São jovens kamikazes que servem às facções como soldados mirins. "Se o traficante me pedir pra esconder droga, eu escondo", me disse um garoto de 14 anos que já pegou em arma e foi apreendido duas vezes.
A Guardiões do Estado é a facção que mais tem adolescentes. A estrutura flexível, sem hierarquia rígida, é o que seduz os jovens. Com a sua tropa de meninos, a GDE cresceu e influenciou até o PCC e o Comando Vermelho.
Como não queriam ficar para trás, as grandes facções federais que atuam no Ceará tiveram que afrouxar suas regras no estado e também passaram a aceitar meninos entre seus membros.
“O que as facções fazem para atrair os meninos é oferecer um projeto de vida que pode não ser o mais longo e feliz, porém é o que faz sentido no contexto em que eles estão inseridos". Essa fala do pesquisador Luiz Paiva, sociólogo da UFC, ainda está martelando na minha cabeça.
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