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Gente, Bolsonaro não foi expulso do exército. Vocês tão aí pedindo pra ele dizer outra vez FAKE NEWS. E vai dizer com razão.
Em 1986 o Bolsonaro foi até a Veja para publicar um texto de opinião sobre os salários baixos. O texto foi publicado e ele foi condenado pelo Exército. Foi pra cadeia porque não é permitido se manifestar sem autorização. 
Era uma grita meio frequente, no entanto. Naquele mesmo ano outros casos foram julgados. Um militar invadiu uma prefeitura exigindo maiores salários. Outro aqui no RS foi preso no quartel por concordar com Bolsonaro.
A pressão tava grande. Tão grande que o Capitão resolveu fazer um plano de um ataque TERRORISTA ao quartel. Ia estourar as privadas com dinamite. Não chegou a levar o plano aos fatos porque o Sarney deu 110% de aumento.
A Veja publicou o plano igual. Foi um alvoroço. Porque era um absurdo fazer isso (explodir uma bomba) porque queria aumento. E era uma clara insubordinação. O responsável pelo Bolsonaro falou com os envolvidos e todos negaram tudo.
Porém, jornalista não é burro. A repórter Cássia Maria tinha inclusive os croquis escritos à mão por Bolsonaro no dia da reunião. Ela tinha sido convidada por ambos (ele e o tal de Fábio).
As provas eram tão fortes que, sem ter opções, o Exército resolveu investigar.
O resultado é que Fábio e Bolsonaro foram julgados culpados. Peritos da PF e do próprio exército atestaram que o material foi mesmo produzido pela mão do atual presidente. O plano de bomba era real.
No dia dessa condenação foi publicado pelo jornal um breve perfil dos envolvidos. Atenção ao do Bolsonaro.
O caso foi para o Supremo Tribunal Militar, como era de se esperar. Enquanto isso todos os envolvidos seguiram as suas tarefas no dia-a-dia do exército. Ninguém foi preso.
Como vocês viram ali, os dois eram apadrinhados de Newton Cruz. Para quem não sabe quem ele é, dá uma olhadinha nesse vídeo.
Sendo afilhados de quem eram, já dá para saber qual foi o resultado do recurso, né?
Pouquíssimos dias depois, o "Capitão das Bombas" se lançou candidato à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Como foi eleito, acabou indo imediatamente para a reserva. Ou seja, Bolsonaro nunca foi expulso. Parem de dar motivos pra ele se fazer de vítima.
Fonte: Jornal do Brasil, diversas edições entre 1986-1988. Tá disponível pra quem quiser ver lá na Hemeroteca Digital Brasileira, excelente serviço da @FBN. memoria.bn.br/hdb/periodico.… (aliás, meu doutorado só foi possível por causa dessas lindezas aí).
Bônus track: parabéns dos padrinhos.
Bonus track 2: o famoso Croqui feito à mão pelo Bolsonaro.
Bônus track 3: MAS E O PT????
Bem lembrado pelo Cleber aqui. Além dessa ala do oficialato que queria ele fora, também houve uma repercussão muito grande no momento da condenação na Comissão. Esses "barulhos" aí é que ficam na memória. A história, porém, é outra coisa.
PS 2: Outra coisa que pode ter gerado confusão foi a decisão de AFASTAR os dois capitães da ESAO depois da condenação na Comissão. Porém, essa decisão nunca foi cumprida. Eles seguiram trabalhando normalmente (o segundo print é de março de 88, dois meses antes do recurso no STM).
PS3: contribuição da @izabelteixeira2 que eu considero FUNDAMENTAL na construção da memória da "expulsão". De fato ele foi EXPULSO em 1989... mas da Vila Militar onde residia, na ESAO. Só oficiais podem morar lá, e ele era da reserva. Essa é uma pérola inestimável.
